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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 24-07-2015 - 10:19 -   Notícia original Link para notícia
Dólar vai a R$ 3,29. No turismo, chega a R$ 3,76

Cotação comercial tem ganho de 2,16%. Aversão a risco cresce após revisão do ajuste fiscal pelo governo


Em meio aos temores de uma piora nas contas do governo, o dólar comercial fechou ontem em alta de 2,16%, a R$ 3,296. Essa cotação, que já tinha sido atingida em março deste ano, é a maior desde 1 º de abril de 2003. A escalada da moeda americana pesou para quem vai viajar. Nas agências e casas de câmbio, o dólar turismo chegou a ser vendido a R$ 3,76 para cartões pré- pagos e R$ 3,56 em espécie, já incluindo o Imposto sobre Operações Financeiras ( IOF). O Ibovespa, principal índice da Bolsa, recuou 2,18%, praticamente zerando os ganhos do ano. - RIO E SÃO PAULO- O efeito mais imediato da revisão da meta fiscal já se fez sentir ontem. Em meio a temores de uma piora nas contas do governo, o dólar comercial subiu com força e fechou em alta de 2,16%, para R$ 3,296 - voltando à máxima do ano, que havia sido registrada em 19 de março. E representa uma espécie de volta ao passado: essa era a maior cotação desde 1 º de abril de 2003, no início do governo Lula, quando a moeda americana fechou a R$ 3,313. Para quem está de viagem marcada para o exterior, a situação fica ainda mais difícil: nas casas de câmbio, o dólar chegou a ser negociado a R$ 3,76 - no cartão pré- pago, já com impostos.


Essa cotação foi observada na agência da Western Union, a divisa americana para cartões pré- pagos era negociada ontem de manhã a R$ 3,76, já considerado o Imposto sobre Operações Financeiras ( IOF), de 6,38%. O dólar em espécie era vendido a R$ 3,56, com o IOF de 0,38%. À tarde, o valor recuou.


BANCO PREVÊ DÓLAR A R$ 3,60


Nas agências de câmbio do Bradesco, o dólar era vendido a R$ 3,52 no papel- moeda ea R$ 3,70 nos cartões prépagos, já com impostos. No Banco do Brasil, o dólar em espécie saía a R$ 3,39, contra R$ 3,56 no cartão pré- pago, ambos com IOF.


Na corretora Cotação, o dólar em espécie era negociado a R$ 3,50, e o cartão, a R$ 3,68. A TOV Corretora cobrava R$ 3,59 no cartão e R$ 3,41 em espécie. A agência Ultramar Câmbio, por sua vez, vendia a divisa americana por R$ 3,42 no papelmoeda e R$ 3,63 no prépago. Todas as cotações são com imposto.


Em São Paulo, na Cotação, o dólar em papel- moeda foi comercializado a R$ 3,49, contra R$ 3,66 no cartão, já com o IOF. Na casa de câmbio Prime Cash, as cotações eram de R$ 3,42 e R$ 3,62, respectivamente.


Em Londres, Bernd Berg, estrategista do Société Générale, apostou que o dólar comercial deve atingir R$ 3,60 em breve. Em nota enviada a clientes, ele afirmou que "o enfraquecimento da moeda brasileira deve se intensificar nas próximas oito semanas em meio à deterioração da situação interna e um ambiente desafiador para moedas emergentes".


O momento é de incerteza nos mercados. O Ibovespa, principal indicador do mercado acionário local, caiu 2,18%, aos 49.806 pontos, zerando os ganhos no ano - em 2015, o índice de referência acumula agora leve queda de 0,40%.


Para Lauro Vilares, analista técnico da Guide Investimentos, o movimento de aversão a risco é motivado pela redução da meta fiscal e pela sinalização de que, nos próx imos anos, o esforço também pode ser menor.


- A repercussão negativa se deve a essa sinalização. E agora o Ibovespa caiu para menos de 50 mil pontos. Essa é uma barreira psicológica importante, e, se o índice ficar abaixo disso, a percepção fica negativa para a Bolsa - avaliou.


Os analistas ainda estão tentando entender os reflexos das revisões nas contas do governo, anunciadas na quartafeira pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Segundo João Medeiros, gerente de câmbio da corretora Pioneer, a possibilidade de o novo ajuste permitir déficit primário já neste ano pode levar as agências de classificação de risco a rebaixarem as notas de crédito do país. O projeto de lei que prevê a redução da meta fiscal será enviado ao Congresso nos próximos dias.


- Isso está criando uma aversão a risco em um momento muito delicado, de preços em alta e desaceleração econômica. Ou seja, o governo pode fechar o ano com um buraco em suas contas. Não se pode ganhar R$ 1 mil e querer gastar R$ 2 mil. O que estamos vendo no mercado é uma resposta ao pronunciamento do governo - disse Medeiros.


Mas há quem se beneficie do dólar alto em um ambiente econômico que reconhecidamente não é bom: as empresas exportadoras. E isso já se reflete nas cotações das ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo ( Bovespa). Os papéis da Fibria subiram 3,69%, enquanto os da Suzano avançaram 4,37%.


O recuo da Petrobras também afetou a Bolsa brasileira. As ações preferenciais ( PN, sem direito a voto) da estatal caíram 1,83%, a R$ 10,17, e as ordinárias ( ON, com voto) perderam 0,79%, a R$ 11,29. Mas queda mais expressiva teve a Eletrobras, que também virou alvo de investigação judicial nos Estados Unidos. Os papéis PN recuaram 3,73%, enquanto os ON registraram desvalorização de 1,91%.


Os bancos, que têm o maior peso na composição do Ibovespa, também ajudaram na desvalorização do índice. As ações do Itaú Unibanco caíram 4,16%, e as do Bradesco, 4,43%. No caso do Banco do Brasil, a variação ficou negativa em 1,57%.


EFEITO GRÉCIA NA ÁSIA


A queda no Brasil foi bem mais acentuada que a registrada nos demais mercados ocidentais. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones teve recuo de 0,46%, e o S& P 500 caiu 0,42%. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, fechou em leve queda, de 0,07%, enquanto o FTSE 100, de Londres, caiu 0,18%. Já o CAC 40, de Paris, ficou praticamente estável, com pequena variação positiva de 0,08%.


Na Ásia, a Bolsa de Xangai fechou em alta de 2,43%, em seu sexto avanço seguido. No Japão, a Bolsa de Tóquio subiu 0,44%, e Hong Kong teve ganho de 0,46%. Segundo analistas, pesou o fato de o primeiro- ministro da Grécia, Alexis Tsipras, ter conseguido aprovar as reformas que permitirão negociar o socorro econômico para o país.      


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