Leitura de notícia
Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 23-07-2015 - 09:12 -   Notícia original Link para notícia
Franquias apostam em produtos mais baratos


Pamplona, da Spoleto, criou um prato com massa e molho cujo preço é 25% menor do que o tíquete médio da loja


A queda na renda das famílias, a alta do desemprego, o aumento do endividamento e a desaceleração do consumo forçam franquias a adotar novas estratégias em busca da redução de custos. Criação de produtos mais baratos, formatos de lojas mais enxutos, renegociação de contratos e até a redução de fornecedores estão entre as estratégias implementadas para evitar prejuízos e não perder as vendas nesse período turbulento.


Desde o ano passado, o comércio vem reduzindo gradativamente as vendas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice acumulado em 12 meses caiu 0,5% em maio. Foi a primeira vez desde 2004 que essa comparação aparece no vermelho.


A rede Sonobello, especializada em colchões e focada nas classes B e C, foi agressiva: renegociou aluguéis, elaborou um calendário de promoções, criou produtos mais baratos e fechou lojas franqueadas em que a conta entre faturamento e custos não fechava.


"A Sonobello quando percebeu todo mundo falando em crise reposicionou todas as estratégias para 2015, desenhamos um calendário de promoções até o fim do ano", acrescentou o diretor comercial, Fabrício Tepedino.


A Sonobello ainda precisou enfrentar outro problema: a alta do dólar. A espuma, que respondia por 80% das vendas da empresa, é cotada na moeda americana e viu seu preço subir atrelada à desvalorização cambial.


"Direcionamos nossas vendas para o mix de mola e reposicionamos os produtos dentro do nosso mercado. Pegamos a linha de mola, alteramos componentes dele e tornamos [os colchões] mais firmes. Com isso conseguimos aumentar a fatia de vendas de colchões de mola", disse Tepedino, que também gastou R$ 250 mil para montar uma serralheria para montar os boxes, que antes eram comprados de outras empresas.


Apesar da queda de quase 5% nas vendas, a empresa afirma que, com essas iniciativas, a Sonobello aumentou em 8% a lucratividade.


Com menos dinheiro no bolso, o consumidor também passa a comer menos fora de casa. Dados da empresa de cartões de crédito Cielo indicam uma retração real de 3,5% no setor de bares e restaurantes de janeiro a maio, em relação a igual período de 2014.


Uma das soluções encontradas pelo grupo Trigo, que controla as redes de comida rápida Spoleto, Domino's e Koni Store, foi oferecer promoções. A rede de fast-food de pratos italianos criou um "combo" (um prato com massa e molho, que pode ter ingredientes como gorgonzola, bacon e tomate, entre outros) cujo preço é 25% menor que o tíquete médio da loja.


Mas não foi a única solução para evitar perda nas vendas. "A gente até fez uma janela de preço em junho, mas não vai ser a tônica do ano", diz o diretor-geral da Spoleto, Henrique Pamplona. "Lançamos uma ferramenta chamada 'bônus fidelização' pelo celular; estamos lançando produtos, melhores e mais saborosos, com relação custo-benefício boa para o cliente. Não vamos deixar a crise nos abater nem usar como pretexto para piorar o atendimento".


O empresário Rodrigo Cataldi, fundador da Creps, observou uma redução de pessoas que almoçam em shoppings, onde se concentra a maior parte das 26 lojas da rede de creperia. Para ele, reflexo da alta do desemprego. Cataldi adotou duas táticas para não perder clientes: criou pontos de vendas menores e pratos que custam até R$ 12. "Aumentamos o mix de produtos para aumentar o momento de compra, [para o consumidor] passar a consumir à tarde e à noite", disse.


A rede de lanchonetes Megamatte, com 118 lojas e faturamento de R$ 101 milhões em 2014, também aposta em pontos de vendas menores. Segundo o diretor-executivo da rede Megamatte, Julio Monteiro, o objetivo é abrir 25 novas lojas no ano.


"Diante de um cenário que vem se desenhando desde o início do ano, estamos lançando um produto que vai ter um custo um pouco mais reduzido para nossa rede", disse o empresário.


No segundo semestre do ano passado, Monteiro já começou a pensar num projeto de reduzir o tamanho das lojas, com valor mínimo de R$ 80 mil - as franquias mais caras custam mais de R$ 300 mil. "Quando você tem uma redução do espaço físico, você tem a redução do aluguel e de todo investimento em maquinário, mobiliário e obra civil", disse.


Mesmo em um ano difícil, a rede de lanchonetes dobrou o investimento em propaganda. "Estamos tentando traçar algumas estratégias de curto prazo, que possam ajudar a combater a crise, mas o plano macro é não parar e investir dentro do orçamento do ano de 2015", disse Monteiro.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.