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O Globo Online (RJ) ( Opinião ) - RJ - Brasil - 22-07-2015 - 08:42 -   Notícia original Link para notícia
Proteção excessiva para setores industriais é prejudicial

A barreira efetiva da economia brasileira foi da ordem de 25% nos últimos 15 anos, mas alguns setores da indústria de transformação chegam a ter mais de 100%


A indústria de transformação, em sua maior parte, ganhou impulso no Brasil a partir de um processo de substituição de importações nos anos 1950. Inicialmente, por necessidade. O país se urbanizava e formava um mercado consumidor para bens manufaturados nas principais cidades. Mas as receitas cambiais ( provenientes das exportações de produtos primários, especialmente o café) não eram suficientes para cobrir as importações que os brasileiros demandavam na época.


Foi preciso, então, criar barreiras aos bens vindos de fora para estimular o nascimento da indústria. Tarifas elevadíssimas ou até mesmo a exigência de autorizações de órgãos governamentais tornavam proibitivas, na prática, as importações.


Já em meados da década desenhava- se uma política industrial inteiramente calcada nesse tipo de protecionismo.


De fato, as condições para a industrialização eram difíceis. Escassez de capital, deficiências de infraestrutura e falta de mão de obra qualificada eram fatores que deixavam as indústrias nascentes brasileiras menos competitivas diante dos produtos fabricados nos países com larga tradição no setor. Porém, as premissas que orientaram esse processo de substituição de importações acabariam se perpetuando. Nas décadas de 1970 e 1980, lastrearam uma política equivocada de reserva de mercado na informática. Ainda hoje, essa visão causa distorções quando influenciam a política de conteúdo local para bens e serviços contratados pelo setor de petróleo.


Muitos dos problemas estruturais dos anos 1950 foram superados, porém, vários outros resistem na economia brasileira, contribuindo para a perda de competitividade. No entanto, o excesso de protecionismo não se justifica. Empresas submetidas à concorrência são forçadas a buscar ganhos de produtividade que as habilitam a conquistar mais consumidores e novos mercados.


Estudo elaborado pelo Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro ( UFRJ) mostra que o grau de proteção econômica se manteve ao redor de 25% nos últimos 15 anos, no país. Em 2014, foi estimado em 26,3%. Encomendado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo ( Fiesp) e pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial ( Iedi), o levantamento mostra que mesmo após a abertura comercial que se verificou nos anos mais recentes continuam a existir discrepâncias. Devido à estrutura de impostos setoriais, a proteção efetiva apontada para automóveis e utilitários era da ordem de 127,2% e para ônibus e caminhões de 132,7%, em 2014.


Mantidas essas condições, dificilmente os segmentos da indústria de transformação ultraprotegidos chegarão a ter a competitividade necessária para reconquistar mercados externos. O que o país necessita hoje, e cada vez mais.


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