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Estado de Minas Online ( Opinião ) - MG - Brasil - 18-07-2015 - 10:44 -   Notícia original Link para notícia
Editorial - Crise política só atrapalha

A Moody's pode rebaixar a classificação do Brasil de país confiável


Ao anunciar seu rompimento com o governo, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pode ter acrescentado mais um parágrafo no relatório negativo sobre a situação brasileira, a ser preparado pelos técnicos da Moody's (agência internacional de risco de crédito). Eles estiveram em Brasília esta semana, para checar se o país mantém as condições que lhe valeram o grau de investimento concedido pela agência.

Faz tempo que a Moody's emite sinais de que pode rever a classificação Baa2 do Brasil, dois pontos acima do nível de investimento especulativo. Perder essa condição vai custar caro ao país e é um dos maiores pesadelos da atual equipe econômica, de empresários e de qualquer economista respeitável.

No momento em que o país mais precisa atrair capitais para investimentos e, com eles, quebrar o ciclo de estagnação que afeta o emprego e a renda das famílias, deixar de contar com o passaporte de pagador confiável será, de fato, um desastre. Grandes fundos e bancos de investimentos internacionais levam em conta as notas (rating) dadas pelas agências de risco de crédito - a Moody's, a Fitch e a Standard & Poor's são as mais importantes - e podem fechar as portas aos tomadores de maior risco, ou cobrar taxas de juros muito altas para abri-las.

Isso explica a preocupação com o relatório que esses visitantes farão, não apenas pelas péssimas informações que recolheram da economia e dos ainda pífios resultados do penoso ajuste fiscal, mas pelo cenário convulsionado da política brasileira. Esses especialistas não se limitam ao raio X do presente. Suas projeções têm igual valor.

Por isso, pesa muito na análise o ambiente político, favorável ou não à obtenção de apoio para a condução de medidas eventualmente contracionistas, como é o caso do ajuste fiscal. Se os técnicos da Moody's encontraram aqui as instituições funcionando, terão dúvida de que elas estão harmônicas.  Em nota divulgada na quinta-feira, quando reviu para pior (1,8%) suas previsões de recuo do PIB brasileiro em 2015,  a agência notou que as revelações da Operação Lava-Jato tinham paralisado parte importante da economia do país.

Viram a dificuldade do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de passar no Congresso medidas óbvias como o fim da guerra fiscal com o ICMS e as mudanças na política de desoneração das folhas de pagamento. Souberam que outras medidas do ajuste foram podadas pelos parlamentares, que, em vez disso, aprovaram a criação de mais despesas.

Enquanto isso, a arrecadação de impostos despenca e leva para perto de zero a geração de superávit primário do governo central de janeiro a maio. Para completar, os bancos privados aumentaram para 1,5% a expectativa de queda do PIB para este ano, o Banco Central divulgou seu índice de atividade econômica apontando estagnação em maio e o Ministério do Trabalho e Emprego informou que foram fechados mais de 340 mil empregos formais no primeiro semestre.

Se os desarranjos da política econômica do primeiro governo Dilma Rousseff não foram suficientes para derrubar a classificação do risco Brasil, resta torcer para que a inépcia política do segundo mandato não dê o empurrão que falta.


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