Leitura de notícia
Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 16-07-2015 - 09:42 -   Notícia original Link para notícia
Dólar em alta favorece os resultados dos outlets

Números apresentados pelo Banco Central destacam que os gastos dos brasileiros no exterior somaram US$ 25,6 bilhões em 2014, valor pouco acima do registrado em 2013. As viagens para fora do país cresceram, mas em um ritmo bem inferior ao observado em anos anteriores. Um dos motivos é a própria redução da renda em 2014, mas, a questão do câmbio foi o principal fator. O dólar fechou 2014 cotado a R$ 2,65 para venda, o que representa uma alta de 12,78% no ano. Nos seis primeiros meses de 2015, porém, já superou esse percentual, acumulando alta de 16,9%.


Diante desse cenário, as operadoras estimam uma redução de 30% no volume de viagens, sobretudo para os Estados Unidos. "Como grande parte destes viajantes conhece bem os outlets americanos, a tendência é que migrem parte de seu consumo para os outlets brasileiros", afirma André Costa, sócio fundador da Associação Brasileira de Outlets (About). "A crise econômica está empurrando o grande público para as compras de oportunidade, a preços mais atraentes, cenário ideal para as operações de outlet."


Os endereços não param de se multiplicar. São oito em operação no país, distribuídos pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Ceará. Em 2017, segundo dados da About, serão 17, com o Brasil respondendo por 68% de todos os outlets da América Latina.


Juntos, somam 75 mil m2 de área de loja, em dois anos serão 247 mil m2, um percentual de crescimento que se acentuou nos últimos anos. De acordo com o censo 2013/2014 da Abrasce, 13% dos shoppings em operação no país são especializados. Desses, 12% pertencem à categoria outlet, o dobro do volume registrado em 2012. O destino da vez é o Nordeste, em razão dos terrenos mais baratos e do registro de um crescimento mais acentuado nos últimos tempos do que as demais regiões do país.


Costa observa, ainda, que o modelo é beneficiado por momentos de crise econômica, já que vende produtos com desconto e o custo do aluguel é mais baixo para o lojista. Enquanto no shopping tradicional o valor total de locação pode chegar a 30% do faturamento, no outlet o peso do aluguel é de 8% das vendas. "No Brasil esse segmento ainda é incipiente, tem bom espaço para crescer", afirma Christian Vasconcellos da Cunha, diretor-presidente da unidade de negócios shopping da JHSF, responsável pelo Catarina Fashion Outlet.


Inaugurado em outubro de 2014, na Rodovia Castelo Branco, a 60 km de São Paulo, o Catarina já recebeu 1,3 milhão de pessoas e prepara para outubro sua primeira expansão. No total são 89 lojas, destas 82 em operação, entre elas marcas cobiçadas pelo consumidor brasileiro como Burberry, Kate Spade, Michael Kors, Armani e Tory Burch. "São operações exclusivas, às quais se somarão, ainda este ano, Carolina Herrera, Guess e Zum ", diz Cunha. Segundo ele, para fazer o consumidor se deslocar para comprar em um outlet e criar esse hábito, é essencial somar às marcas desejadas um preço realmente atraente. Constantemente, a JHSF audita todas as marcas para que mantenham pelo menos 70% dos itens com desconto mínimo de 30%.


Atrair o consumidor, contudo, não é o maior desafio das operadoras. Pelo menos na opinião de Alexandre Dias, diretor-presidente da General Shopping Brasil. Com operações em São Paulo, Bahia e Brasília, a empresa foi responsável pela instalação do primeiro outlet do país, o Outlet Premium, em Itupeva, interior de São Paulo. "O que mais nos preocupa é a expansão do modelo sem cuidado", afirma. "O crescimento desse formato não deve se dar apenas pela demanda do consumidor, mas também, e, principalmente, pela demanda do lojista."


Segundo Dias, o varejista precisa ter uma rede de lojas grande o suficiente para que o estoque seja bom a fim de garantir venda no outlet. Além disso, a localização deve ser estudada com esmero. Um outlet precisa estar perto o suficiente de um grande centro urbano para garantir a visita do consumidor, mas longe o bastante para que as vendas não concorram com a coleção atual. Com essa receita, a administradora prepara a abertura de um novo outlet no Rio de Janeiro e a expansão do mix de lojas do Outlet Premium São Paulo.


A opinião é compartilhada por Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, consultoria especializada em varejo. "Embora em um curto espaço de tempo o cenário seja positivo para os outlets, com as pessoas mais sensíveis a preço e as lojas precisando escoar estoques, eu não acredito em uma grande expansão", declara. "As cadeias de varejo brasileiras são pequenas, não temos lojas de departamento e nem um volume de sobra que justifique uma aposta grande nesse canal. Acredito mais na permanência de poucos e bons", observa.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.