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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 15-07-2015 - 09:31 -   Notícia original Link para notícia
Arrecadação ruim em junho pode aprofundar tendência negativa no ano

O mês de junho mostrou uma aceleração da queda da receita federal, de acordo com dados obtidos no Siafi, o sistema eletrônico que registra todas as receitas e despesas da União. Nessa sistemática de apuração, a arrecadação total apresentou uma redução de 6,9% em termos reais, na comparação com o mesmo mês do ano passado - variação negativa superior ao acumulado no ano (menos 4,6%) e no acumulado dos últimos doze meses (menos 3,4%).


Os dados fazem parte de análise da arrecadação federal feita pelos economistas José Roberto Afonso, Bernardo Fajardo e Vilma da Conceição Pinto, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas. "Esses números levantam a dúvida sobre uma possível 'nova' tendência no comportamento das receitas, com tendência ainda mais negativa", dizem os economistas.



As informações sobre a arrecadação obtidas no Siafi costumam apresentar certa discrepância em relação aos dados divulgados mensalmente pela Receita Federal. Os autores admitem essas divergências, mas apresentam no estudo um gráfico mostrando uma forte aderência dos dados obtidos no Siafi com os da Receita desde abril de 2014. Os dados oficiais de junho serão divulgados na próxima semana.


Um dos indicadores de que a arrecadação continuará desacelerando, segundo o estudo, é que 40% da queda observada entre junho de 2014 e junho de 2015 foram explicados pela redução do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).


Os dados do mês passado mostram uma diminuição de 30,2% da receita do IRPJ e 19,5% da CLSS, em termos reais, na comparação com junho de 2014, o que reflete a menor lucratividade das empresas. "Queda forte em um mês tende a indicar queda similar nos meses vindouros", observam os autores do estudo. "As quedas (na arrecadação) são acentuadas e concentradas em tributos dos quais nada indica que haverá reversão nos próximos meses - como salários, lucros e vendas".


Os três maiores tributos indiretos (Cofins, PIS/Pasep e IPI) foram responsáveis por 39,4% da queda da receita em junho. Os economistas ficaram impressionados com o recuo da arrecadação obtida com a indústria em geral. A receita com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em junho caiu, em termos reais, 16,6%, na comparação com o mesmo mês de 2014.


A maior e mais negativa novidade em junho, segundo o estudo, está nas arrecadações da Cofins e do PIS, que recuaram 9,2% e 7,2%, respectivamente. "O recuo foi muito acentuado em relação ao acumulado no ano, tendo triplicado a variação negativa", diz a análise. "Novamente, isso deve estar refletindo a recessão generalizada".


O estudo destaca também uma péssima notícia: a queda acentuada da receita previdenciária em junho (menos 6,6%, em termos reais). Parte considerável dessa redução é explicada pela desoneração da folha de salário, informam os economistas. "Impressiona que a contribuição sobre a receita dos setores desonerados caiu 14%", observam os economistas. "A perda com a desoneração não se dá apenas pelo diferencial de alíquota, e sim que a nova base é mais vulnerável à crise do que a base tradicional". Para eles, a queda da arrecadação previdenciária mostra a necessidade urgente de mudar a desoneração da folha.


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