Leitura de notícia
Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 15-07-2015 - 09:40 -   Notícia original Link para notícia
Com menos papel no escritório, Lexmark acelera mudanças


Luiz Claudio Menezes, presidente da Lexmark no Brasil: influência da geração digital, menos dependente do papel


Não é de hoje que a Lexmark vem modificando seu modelo de negócios para adaptar-se aos tempos digitais. Desde 2010, a fabricante americana de impressoras tem, gradativamente, se deslocado da produção de equipamentos - seu foco original - para a venda de softwares e serviços. Agora, porém, um fenômeno está fazendo com que a companhia acelere essa migração como nunca até então: é a aposentadoria do papel nos escritórios.


A ideia de um escritório completamente sem papel ainda está muito longe da realidade. Em 2011, por exemplo, foram impressas 3,03 trilhões de páginas no mundo - uma quantidade enorme de papel. Mas esse volume está decrescendo: foram 2,98 trilhões em 2012, e a estimativa da consultoria IDC, divulgada à época, é que o número se mantivesse estável entre 2013 e 2017. Isso, bem entendido, por causa dos países emergentes, que continuam imprimindo muito. Na Europa e nos Estados Unidos, a redução de papel é contínua.


"O mundo imprime cada vez menos", diz Luiz Claudio Menezes, presidente da Lexmark no Brasil. Uma das razões é a necessidade das empresas de reduzir os custos, mas há outros motivos. As gerações abaixo de 30 anos, muito menos dependentes do papel, estão modificando rapidamente os hábitos no escritório, à medida que se tornam maioria no mercado de trabalho, afirma o executivo. "E há, também, uma forte pressão ecológica."


No Brasil, as mudanças são menos perceptíveis porque a legislação ainda exige que muitos documentos sejam armazenados em papel, e durante um longo período. Isso faz com que bancos, seguradoras e empresas de saúde sejam campeões de impressão. A tendência, porém, é que as regras se tornem menos rígidas. E mesmo antes disso, muitas companhias estão diminuindo a quantidade de papel. "Praticamente todos os grandes bancos reduziram o volume de impressão", diz Menezes. Em média, a redução varia de 3% a 10%.


Sob esse novo cenário, a Lexmark tem reforçado a artilharia. Em maio, depois de 12 aquisições menores feitas a partir de 2010, pagou cerca de US$ 1 bilhão pela também americana Kofax, que captura e trata informações a partir de grandes volumes de dados. A Kofax praticamente dobra, para US$ 700 milhões, a receita com softwares da Lexmark, mas os valores não resumem a importância do acordo: com a tecnologia da Kofax, a fabricante ganha desenvoltura para seguir adiante e disputar projetos exclusivamente de software e serviços - sem ligação com as impressoras, como tem ocorrido até agora.


O desempenho financeiro da Lexmark é um sinal dessa estratégia. No ano fiscal 2014, enquanto a receita com equipamentos cresceu 3% e a de suprimentos teve um declínio de 2%, a área de software aumentou 14%. Os negócios já representam 30% do faturamento total da companhia, de US$ 3,7 bilhões, e a meta é chegar a 50% até 2017.


No Brasil, a Lexmark pretende finalizar, até o fim do mês, a integração com a ReadSoft, companhia sueca de tratamento de documentos adquirida recentemente. A equipe, de cerca de 15 pessoas, será incorporada pela subsidiária. A Kofax também atua no país, mas principalmente por meio de canais terceirizados.


As mudanças se seguem à reestruturação dos negócios no país, que Menezes iniciou há dois anos, ao assumir a presidência. Ele reformulou a equipe interna, com a montagem de uma equipe de profissionais para a área de serviços, e reduziu o número de canais externos de vendas.


O mercado brasileiro de impressoras caiu 11,9% em unidades no ano passado - com a venda de 3,2 milhões de equipamentos - e teve uma queda ainda maior, de 18,4%, em receita: as vendas somaram US$ 804,6 milhões, segundo a IDC. O desempenho foi afetado principalmente pela queda nas vendas para usuários residenciais, profissionais liberais e pequenas empresas. Foi exatamente esse segmento - muito sujeito a preço e volume - que a Lexmark abandonou em 2011, como parte da estratégia de se concentrar em serviços.


A retirada explica, em parte, a redução no número de revendas, diz Menezes. Sem equipamentos para uso em casa, os canais de varejo praticamente sumiram do radar. Entre os demais canais houve uma espécie de seleção natural. Algumas empresas quebraram por causa das dificuldades econômicas e outras já não se encaixavam no perfil da Lexmark, que em abril adotou uma nova logomarca global para mostrar o novo posicionamento.


Apesar da retração de mercado, não há planos para deixar de produzir impressoras no país, afirma Menezes. O Brasil é o único lugar do mundo a contar com uma linha de montagem da Lexmark fora da China. Os produtos são feitos sob encomenda pela Flextronics. A decisão de fazer a produção local foi motivada pelos benefícios fiscais do Processo Produtivo Básico (PPB). Mas há peculiaridades que justificam sua permanência. A variação de tensão nas regiões Norte e Nordeste, por exemplo, acabava queimando as impressoras importadas, e só a produção local foi capaz de resolver o problema.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.