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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 10-07-2015 - 09:51 -   Notícia original Link para notícia
FMI diz que Brasil terá um ano duro, mas está no rumo certo

Fundo estima queda de 1,5% no PIB. Dilma vê saída rápida da crise


- WASHINGTON E UFÁ ( RÚSSIA) - O ano do Brasil "será duro", mas os apertos nas políticas fiscal e monetária estão na direção certa e criarão um ambiente propício à retomada da atividade econômica já em 2016, avaliou Olivier Blanchard, economista-chefe do Fundo Monetário Internacional ( FMI), ao divulgar as novas projeções do organismo. Na edição trimestral do relatório Panorama da Economia Mundial (WEO, na sigla em inglês), a expectativa de retração do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2015 foi ampliada de 1% para 1,5%, e a recuperação no próximo ano foi reduzida de crescimento de 1% para 0,7%.


ALEXANDER NEMENOV/AFPAcompanhada. Dilma Rousseff se encontra com o presidente russo, Vladimir Putin, durante reunião do Brics, em Ufá


De acordo com Blanchard, duas forças atuam na economia brasileira hoje acentuando a recessão. A primeira é a baixa confiança de empresários e famílias, que reduziu investimentos e consumo. O outro são as medidas de austeridade e controle da inflação para reverter a trajetória da confiança, a partir do acentuado corte de gastos e elevação de impostos pelo governo federal e do aumento de juros pelo Banco Central (BC).


IMPACTO NA AMÉRICA LATINA


Combinados, estes fatores estão deprimindo a demanda e derrubando o crescimento.


- Este é claramente o conjunto certo de políticas, mas, no curto prazo, você fica com a confluência de baixa confiança afetando gastos e as medidas com o objetivo de resgatar a confiança também reduzindo as despesas. Por isso, nós achamos que o Brasil passará por recessão (em 2015) mas retomará (o crescimento) no ano seguinte - afirmou Blanchard, para quem "este ano será duro".


As dificuldades de implementação plena do ajuste fiscal não devem ser responsabilizadas pelo desempenho fraco do Brasil, acrescentou o vice- diretor do Departamento de Pesquisas do FMI, Gian Maria Milesi Ferretti.


- É muito difícil isolar o ajuste fiscal como não tendo sido eficiente em elevar a confiança quando há muitas outras coisas acontecendo, como Petrobras, a confiança do consumidor de forma mais geral, a desaceleração dos preços das


commodities, pressões inflacionárias - disse Ferretti. - Achamos que é preciso dar tempo para o plano de ajuste fiscal se consolidar e exercer seus efeitos positivos sobre a confiança na economia brasileira de forma geral.


Blanchard afirmou ainda que o desempenho do Brasil terá impacto negativo para a América Latina, uma vez que o país é sua maior economia. A região ficará quase estagnada em 2015, com expansão de 0,5%, 0,4 ponto percentual abaixo do projetado há três meses. Os números também foram revisados para 2016, com o crescimento estimado caindo de 1% para 0,7%.


Brasil e América Latina não foram casos isolados. O FMI destacou que o resultado muito fraco do primeiro trimestre nos EUA contaminou os grandes parceiros Canadá e México, cujas previsões de crescimento foram cortadas em 0,7 e 0,6 ponto percentual, respectivamente, para 1,5% e 2,4% em 2015.


DILMA: BRASIL NÃO ESTÁ SOZINHO


A projeção para os EUA caiu 0,6 ponto, para 2,5%, após o inverno rigoroso, a greve nos portos da Califórnia e a forte queda dos investimentos na exploração de petróleo e gás. O resultado teve efeitos colaterais para o mundo, prevê o FMI. Os países ricos crescerão agora 0,3 ponto menos, a 2,1%, e a economia global crescerá 3,8%, queda de 0,2 ponto percentual em relação à previsão de abril.


Confrontada com as últimas projeções do FMI e com o índice de 8,1% de desemprego divulgado ontem pelo IBGE, a presidente Dilma Rousseff admitiu, em Ufá, na Rússia, que o Brasil está passando por "um momento extremamente duro". Mas alegou que o país não está sozinho na crise:


- Todas as estatísticas do FMI estão reduzindo, em qualquer lugar do mundo. Vários países passam por crises muito graves. A China tem hoje a menor taxa de crescimento dos últimos 25 anos. A Europa não tem conseguido sair da crise. E a boa notícia é que a recuperação americana, apesar de não ser aquilo que se esperava, continua firme. Então, espero também que a situação internacional ajude de forma importante a todos os países do mundo a ter uma saída maior da crise.


Ela não vê erros em sua política econômica e descartou qualquer mea culpa, que qualificou como "uma visão um tanto religiosa" para ser aplicada na gestão de governo. Dilma defendeu o programa de proteção ao emprego lançado pelo governo e disse acreditar que o Brasil possui os "fundamentos estruturais" para sair da crise em curto prazo:


- Não é só uma questão de achar ou não. Nós apostamos nisso. Não porque temos uma visão rósea da situação. Não temos, não. Nós sabemos que o que empurra a inflação é conjuntural, não é estrutural.


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