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Estado de Minas Online ( Opinião ) - MG - Brasil - 04-07-2015 - 10:46 -   Notícia original Link para notícia
Obras inacabadas: armadilhas urbanas

A população de Belo Horizonte vem sendo submetida a iminentes riscos diários, proporcionados por situações de abandono de obras públicas e por absoluto descaso da administração municipal.
Tomando a Avenida Pedro I e entorno como exemplos, além de várias obras inacabadas registram-se a falta de tampas nos bueiros, calçadas esburacadas e sem nenhuma conservação, tubulações e mangueiras expostas, barrancos sujeitos a deslizamentos, gramas se desprendendo dos taludes, áreas elevadas sem guarda-corpos, proteções de madeiras apodrecidas, escadas sem corrimão, sinalização de deficientes incorreta e desnivelada, pontas de vergalhões ameaçadoras, cavaletes e sinalizadores fazendo o papel de rotatórias, pallet de madeira servindo de tapa-buracos e vias repletas de entulho e lixo.


Os pedestres são os mais prejudicados, especialmente os idosos, as crianças e os portadores de necessidades especiais, que precisam se desviar a todo instante de vários obstáculos perigosos à sua frente. Os riscos de ferimentos e até de óbito são, lamentavelmente, constatáveis, uma vez que o cenário inseguro do pós-obras mal-acabadas está nas ruas, praças, calçadas, contenções, arrimos e por todos os lugares onde os transeuntes se arrisquem a passar.


Não bastasse o desabamento do Viaduto Batalha dos Guararapes, em 3 de julho do ano passado, causando a morte de duas pessoas, ferindo outras 23 e deixando um rastro de prejuízos, dor e desolação, graças à incompetência da administração municipal e das empresas contratadas, que cometeram erros técnicos incompatíveis com as boas práticas da engenharia, a Avenida Pedro I continua proporcionando o triste espetáculo de sobras de obras por todos os lados, pedaços de concreto e de asfalto soltos pelos canteiros, buracos e ferragens expostas, pisos irregulares e muitas outras armadilhas urbanas espalhadas pela região.


Para a comprovação das arapucas que colocam em risco a população, basta aventurar-se pela avenida e ruas ao longo das obras viárias inacabadas que custaram vidas, lágrimas e muito choro dos moradores. Depois não venham as autoridades públicas dizer em tom profético que acidentes infelizmente acontecem, quando, na realidade, o que acontecem são descasos, negligências, omissões e crimes contra os cidadãos.


Nem sequer existem nos locais das obras abandonadas pela metade placas de alertas para os pedestres. A segurança da população resta ameaçada por estruturas com pontas de ferros salientes, gambiarras ao longo da avenida, buracos, risco de queda de pessoas e obstáculos de toda sorte. As irregularidades são tantas que demandariam várias inspeções técnicas nas execuções elétricas e hidráulicas, no solo e no subsolo, nos barrancos e nos muros de contenção. Tudo sem proteção e sem a menor sinalização, por mínimas que sejam.


Na confluência da avenida onde tombou o viaduto, as improvisações são, da mesma forma, inexplicáveis, ocasionando confusões aos que transitam pela via. O local não precisa de viaduto e nem de trincheira, no sentir da população. Os cavaletes alocados há quase um ano nas rotatórias e preferências precisam dar lugar à sinalização definitiva. O caos das obras inacabadas se avoluma na medida em que as providências legais cabíveis não são implementadas na garantia do direito de ir e vir da população, com segurança.


Enquanto a prefeitura se diz preocupada com os empreendimentos particulares inacabados, que contribuem para a degradação da paisagem urbana da cidade, o poder público municipal deveria se preocupar também com as medidas efetivas de término de suas obras viárias e de intervenção urbana que não cumprem a função social desejada, impactam as regiões em que estão localizadas, colocam em risco de acidentes os pedestres e motoristas, obstaculizam com entulhos e armadilhas urbanas a passagem dos transeuntes e ainda causam prejuízos imensuráveis aos moradores e comerciantes próximos das obras mal planejadas e não requeridas pela sociedade.


Palavras Chave Encontradas: Criança
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