A rentabilidade total das exportações caiu 1,8% de janeiro a maio, na comparação com iguais meses de 2014, apesar da desvalorização cambial nominal de 27,3% no mesmo período, segundo dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

O câmbio não conseguiu compensar o impacto da queda de 19,7% nos preços de exportação e nem o efeito da elevação de custos de 3,8%. O índice refere-se a um total de 29 setores que incluem indústria e setores extrativos, além de agricultura, pesca e produção florestal.

No mês de maio, a rentabilidade medida pela Funcex caiu 0,4% contra o mesmo mês do ano passado. Nesse período, a desvalorização cambial nominal de 37,9% não foi compensada pelo recuo de 23% no preço de exportação e pela elevação de 6,6% de custo de produção. No acumulado de 12 meses encerrados em maio, a queda de margem foi de 2,8%.

Segundo Daiane Santos, economista da Funcex, a elevação de custos de janeiro a maio foi pressionada principalmente por elevação dos insumos importados. Esse custo teve alta de 11,8% nos cinco primeiros meses do ano, na comparação com igual período do ano passado. O custo com serviços e salários cresceu 7,9%, no mesmo critério. O custo dos insumos domésticos, no total dos setores, diz Daiane, caiu 0,2% no mesmo período, apesar de a energia elétrica ter pesado em boa parte dos segmentos. Já a elevação de custo dos insumos importados atingiu 95% dos setores que a Funcex acompanha.

O cenário atual tem mudança significativa em relação ao do ano passado, lembra Daiane. De janeiro a maio de 2014, na comparação com igual período do ano anterior, a rentabilidade do total da exportação brasileira cresceu 1,7%, com desvalorização cambial de 15,2%. O custo da produção teve alta de 7,4%. No período houve redução de preços, mas num nível bem mais contido que o deste ano, de 5,3%, diz Daiane. "No ano passado, a desvalorização do câmbio, mesmo menor, compensou a elevação de custo e a redução de preço."

Apesar da queda na rentabilidade total da exportação, diz Daiane, houve aumento da margem de ganho em quase 90% dos setores monitorados, no acumulado do ano. A queda da rentabilidade, destaca a economista, foi puxada por três setores que apresentaram grande redução de preços: extração de petróleo e gás natural, com queda de 39,9% na margem, extração de minerais metálicos, com redução de 28,4% e derivados de petróleo e biocombustíveis, com perda de 21,7% de rentabilidade.