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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 03-07-2015 - 09:19 -   Notícia original Link para notícia
Indústria cresce, mas mantém tendência negativa

Para especialistas, alta de 0,6% em maio foi 'soluço', e setor terá um segundo semestre pior do que o primeiro


A indústria brasileira teve um ligeiro crescimento em maio. Ampliou sua produção em 0,6% em relação a abril, quebrando uma sequência de três meses em contração. O discreto número positivo, no entanto, é insuficiente para mudar o cenário desfavorável que se estende há mais de um ano. Segundo analistas e o próprio IBGE, a expansão é muito pequena para fazer frente à queda de 3,2% acumulada nos meses de fevereiro, março e abril.


Quando se considera outros tipos de comparação, o mau momento da indústria fica mais evidente. Em relação a maio do ano passado, a produção do setor encolheu 8,8%. Foi a 15ª taxa negativa nesse tipo de cálculo. Já nos cinco primeiros meses deste ano, a queda é de 6,9% e, em 12 meses, chega a 5,3% - pior taxa nessa base de comparação desde dezembro de 2009, quando chegou a 7,1%.


- A gente interpreta esse crescimento só como um soluço, diante de um quadro muito adverso. A confiança industrial, por exemplo, continua em queda - destacou Rafael Bacciotti, economista da consultoria Tendências.


Apesar da persistência do cenário negativo no longo prazo, o resultado de maio surpreendeu o mercado financeiro, que esperava recuo de 0,5%. Os economistas também apostavam em um resultado ainda pior na comparação com igual mês de 2014: retração de 10,1%. A surpresa positiva ficou por conta do desempenho dos bens semi e não duráveis - grupo que engloba segmentos como alimentação e vestuário. A produção da categoria avançou 1,2% frente a abril, após sete quedas seguidas - período no qual a queda acumulada no segmento foi de 8,5%.


Uma explicação para esse resultado é a renovação de estoques. Ou seja, depois de reduzir a atividade por vários meses, as fábricas produziram mais.


- Possivelmente, uma parte desse segmento já tinha uma produção que dava conta do atendimento - afirma André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE.


Outro elemento que não estava nas contas dos economistas foi o avanço da atividade de outros equipamentos de transporte, que subiu 8,9% em relação a abril, puxada principalmente pela fabricação de motos e aviões.


- Não tem como prever as idiossincrasias de todos os segmentos. Alguns setores, como o de motos, tiveram um desempenho bom, o que não tende a se sustentar nos próximos meses, - destacou Aloísio Campelo, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV).


VENDAS DE CARROS CAÍRAM 24%


O quadro para os próximos meses não é animador, e a expectativa é que o segundo trimestre deste ano seja pior do que primeiro, quando o setor encolheu 5,9%. Segundo o IBGE, só no acumulado de abril e maio, a queda chegou 8,3%, em relação a igual período do ano passado. Para Bacciotti, o segundo trimestre trimestre terá retração de 7,5%. Já Aloísio Campelo espera perda de 7,7%. Para 2015, eles preveem, respectivamente, queda de 5% e 5,5%.


Um dos principais responsáveis será a produção de automóveis, que encolheu de 22,3% até maio. Ontem, a Fenabrave, que representa as concessionárias, revisou para baixo pela terceira vez sua projeção para as vendas este ano, agora, para um tombo de 24%.A revisão foi feita após a entidade divulgar que as vendas no setor recuaram 19,76% no primeiro semestre em relação a igual período de 2014.


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