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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 02-07-2015 - 08:42 -   Notícia original Link para notícia
Balança fecha primeiro semestre com saldo positivo, mas comércio encolhe

A balança comercial fechou o primeiro semestre de 2015 com superávit de US$ 2,222 bilhões após passar os cinco primeiros meses do ano com déficits no período acumulado, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A reversão foi possível após saldo positivo de US$ 4,527 bilhões em junho, o melhor resultado para o mês desde 2009, quando o superávit foi de US$ 4,6 bilhões.


O superávit de junho resultou de exportações de US$ 19,628 bilhões e US$ 15,101 bilhões em importações. O saldo positivo de junho, porém, foi originado principalmente pela queda de 20,6% das importações contra igual mês do ano passado, na média diária. O recuo nos desembarques foi muito mais forte que a redução de 8,7% nas exportações, na mesma comparação. O tombo nos desembarques foi puxado por bens de capital e combustíveis, mas também atingiu intermediários e bens de consumo.



Como resultado, o primeiro semestre fecha com superávit, mas com perda na corrente de comércio. As importações e exportações somaram até junho 186,44 bilhões, com recuo de 16,6% contra igual período de 2014, o que reflete perda de dinamismo do comércio exterior. Para analistas, a tendência de queda de importação em ritmo mais acelerado que a redução de exportações deve ser mantida no segundo semestre.


O diretor de estatística e apoio à exportação do ministério, Herlon Brandão, diz que o resultado em junho "se deve principalmente às quantidades exportadas. Elas estão bem robustas no geral". Segundo ele, no total, as quantidades exportadas cresceram 20,2% em junho frente ao mesmo mês enquanto os preços caíram 24%. A redução de preços pressionou para baixo os valores dos embarques.


A queda no valor de exportação em junho foi puxada por básicos - recuo de 16,4% na média diária contra igual mês de 2014 - e semimanufaturados (redução de 8,4%).


Nas exportações de produtos básicos, a queda foi influenciada principalmente por minério de ferro e farelo de soja. Nos dois casos, afirma Brandão, houve recorde nas quantidades exportadas, mas não o suficiente para compensar quedas nos preços.


Os manufaturados chegaram a ter alta de 4,1%, mas por influência de uma plataforma de petróleo. Sem o item, o embarque de manufaturados caiu 5,64% em junho, em relação a igual mês de 2014, pela variação da média diária. A plataforma contribuiu com US$ 690 milhões para a exportação. O relatório ressalta também que houve aumento nas vendas internacionais de torneiras/válvulas (90,7%, para US$ 110 milhões), aviões (51,4%, para US$ 496 milhões) e automóveis de passageiros (45,9%, para US$ 429 milhões).


Em relação aos desembarques, Brandão avalia que "o câmbio é um dos fatores que influenciam na redução das importações, mas o que é mais determinante é a atividade". Para o segundo semestre, a expectativa é de melhora na balança comercial. "Esperamos um segundo semestre com taxas melhores, com médias diárias melhores para exportação", avalia Brandão. O ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, previu no mês passado que a balança deve terminar 2015 com superávit entre US$ 5 bilhões e US$ 8 bilhões.


Segundo Brandão, os fatores que devem ajudar no superávit são a manutenção dos preços de diversos bens vendidos pelo Brasil, a melhora na conta petróleo e "a abertura de mercados para carne, por exemplo". "A carne bovina caiu no primeiro semestre e esperamos que recupere daqui para frente", disse.


"Ao fim do ano, o superávit deve acontecer, mas a corrente de comércio deve ter forte redução", diz Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior e sócio da Barral M Jorge Consultores. Para ele, já há alguma influência do câmbio na queda da importação, apesar de o efeito da atividade econômica ainda prevalecer no geral.


Para Barral, a queda na importação deve ser mantida durante o segundo semestre, talvez em ritmo menor, mas ainda forte, como reflexo de redução de investimento, demanda fraca e substituição de importação para alguns tipos de produto, principalmente intermediários e bens de consumo não duráveis.


"Esses produtos também tiveram queda por conta de redução de consumo mas, com o câmbio, a indústria começa a procurar mais fornecedores domésticos de insumos", diz Barral. Já a queda nas compras de bens de capital, afirma, está mais relacionada ao fraco nível de investimentos e, nos bens duráveis, à queda de consumo.


A exportação, diz Barral, deve continuar em queda, mas em ritmo menor que os desembarques. Os embarques de soja, importante produto da pauta de exportação, prosseguem até setembro, seguindo a sazonalidade da safra, e devem contribuir positivamente para o superávit, prevê ele, assim como um provável déficit menor na balança de petróleo e derivados.


Apesar de já influenciar os desembarques, o real mais desvalorizado ante o dólar ainda não será suficiente para elevar as exportações no ano. "O câmbio é fator importante, mas não suficiente para a competitividade", afirma Barral.


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