Até 2014, novos representavam 40% das operações

De acordo com a Cetip, os preços dos carros usados teriam ficado mais atrativos/Alisson J. Silva

Em meio à crise econômica, os veículos usados voltaram a ganhar espaço em Minas Gerais. Em 2015, o segmento passou a responder pela maior parte dos financiamentos de automóveis leves, alcançando um market share de 37%. Os dados são de levantamento feito pela Cetip, integradora do mercado financeiro.

Até o ano passado, os financiamentos de automóveis zero quilômetro respondiam por cerca de 40% do total de operações no Estado, enquanto os automóveis com quatro a oito anos de uso eram responsáveis por aproximadamente 25%. Em 2015, foi registrada uma reversão, com a participação dos veículos novos caindo para 29%.

Na avaliação do gerente de Relações Institucionais da Unidade de Financiamentos da Cetip, Marcus Lavorato, é possível que os preços dos automóveis usados tenham ficado mais atrativos. "Era um mercado no qual o número de financiamentos vinha caindo e agora tivemos uma estabilização", diz.

O ganho de atratividade em relação ao automóvel novo é resultado de mudanças que ocorrem desde o ano passado. No início de 2014, por exemplo, o governo federal retomou parte das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos novos. Além disso, passou a valer a obrigatoriedade de airbags e freios ABS no País, o que elevou os preços domésticos.

Já em 2015, as alíquotas do IPI voltaram a ser cobradas integralmente, onerando ainda mais as tabelas. Estes fatores, aliados à perda de renda dos consumidores, que acabaram buscando parcelas menores em meio ao momento ruim da economia, podem explicar a reversão.

Para se ter uma ideia da disparidade entre o desempenho dos dois segmentos, nos últimos 12 meses as operações de crédito referentes à aquisição de automóveis novos em Minas Gerais recuaram 16% na comparação com o período imediatamente anterior. Já os financiamentos de usados caíram 3% na mesma base de comparação.

Para Lavorato, o desempenho pode até ser considerado uma volta à normalidade, uma vez que há cerca de cinco anos a participação dos usados vem caindo de forma significativa e os automóveis novos ganharam mais espaço.

Total - Apesar de o segmento de usados ganhar participação, o volume total de financiamentos em Minas acumula queda de 13,6% entre janeiro e maio ante igual intervalo de 2014. O resultado passou de 260.769 operações de crédito para 225.257 unidades financiadas.

O gerente da Cetip explica que a confiança do consumidor está no menor nível da série histórica e o endividamento das famílias é crescente. Ao mesmo tempo, a renda do trabalhador está estagnada no Brasil. "Isto hoje é um entrave para o crescimento do setor automotivo", afirma.

Lavorato destaca que nos últimos anos foi registrada uma mudança no perfil de compra em Minas Gerais. Os veículos dados como entrada, que até 2011 representavam 46% dos financiamentos, passaram a responder por 30%. "O brasileiro aos poucos está buscando carros melhores", diz.

O segmento hatch pequeno foi o que mais ganhou mercado no período. A participação passou de 15% em 2011 para os atuais 26%.

A Cetip é uma companhia aberta que opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG). O sistema é uma base privada de abrangência nacional que reúne as informações sobre restrições financeiras de veículos dados como garantia em operações de concessão de crédito. O SNG é consultado e atualizado em tempo real pelas instituições financeiras.

Grandes montadoras perdem participação em financiamentos

As grandes montadoras instaladas no País estão perdendo participação significativa no financiamento de automóveis leves em Minas Gerais nos últimos anos. Apesar disso, a Fiat Automóveis mantém a liderança no Estado. As informações são da Cetip.

Atualmente, as operações de crédito para a aquisição de veículos da montadora, com planta em Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), totalizam 25% do total de financiamentos no Estado. Porém, em 2013, o market share da empresa era de 31%, o que representa queda de 6 pontos percentuais no período.

Outra montadora que perdeu espaço foi a Volkswagen, a segunda colocada na lista. A participação da fabricante no mercado mineiro passou de 22% em 2013 para os atuais 19% dos financiamentos de automóveis no Estado.

A participação da General Motors também caiu no período. Atualmente, o market share da fabricante é de 15%, ante 16% há dois anos.

Para o gerente de Relações Institucionais da Unidade de Financiamentos da Cetip, Marcus Lavorato, este é um processo natural em função da concorrência. Enquanto as três principais montadores perderam participação, outras companhias ganharam espaço no período.

A Ford passou de uma participação de 9% no mercado em Minas Gerais para 12% neste ano, conforme as informações da Cetip. Já o market share da Renault saltou de 4% para 8% dos financiamentos de automóveis no Estado.