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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 25-06-2015 - 09:25 -   Notícia original Link para notícia
FGV não vê recuperação no 2º semestre e revisa PIB para -1,8%

Por Arícia Martins | De São Paulo


Os indicadores ruins relativos ao segundo trimestre e a manutenção da confiança em nível deprimido afastaram a possibilidade de recuperação da atividade econômica a partir do segundo semestre deste ano. A avaliação é do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), que trabalha com recuo do Produto Interno Bruto também no período de julho a setembro. A economia só deve voltar a crescer nos últimos três meses de 2015, e ainda assim em ritmo bastante modesto.


Na edição de junho do Boletim Macro, divulgado com exclusividade ao Valor, a equipe de conjuntura do Ibre reviu sua estimativa para a variação do PIB neste ano, de retração de 1,5% para queda de 1,8%. Silvia Matos, coordenadora técnica do boletim, explica que não só o segundo trimestre mostrou deterioração mais forte que o esperado, como as expectativas para os próximos seis meses também foram rebaixadas.



O instituto calcula que o PIB encolheu 1,6% de abril a junho ante os três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais, contração que deve ser seguida de queda de 0,1% no terceiro trimestre. "Já esperávamos um segundo trimestre mais fraco, mas também há uma decepção com os indicadores referentes ao segundo semestre", afirma Silvia, mencionando a estagnação da confiança de consumidores e empresários, que não confirmou o cenário de retomada previsto para o meio do ano, e o aperto monetário mais expressivo promovido pelo Banco Central.


O Índice de Confiança Empresarial (ICE) do Ibre - que agrega, por pesos econômicos, os indicadores da indústria, dos serviços, do comércio e da construção - diminuiu 1,7% entre abril e maio, depois de ter subido 1,4% na comparação anterior. Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) caiu 0,6% no mês passado, eliminando parte da alta de 3,3% registrada no em abril. Para a entidade, os dois movimentos confirmam o diagnóstico de que a confiança se estabilizou no segundo trimestre, após recuar com força de janeiro a março.


O problema, pondera Silvia, é que a confiança se estabilizou em nível muito ruim, o que dificulta uma reação do PIB no terceiro e quarto trimestres, assim como a taxa de juros em patamar elevado. Na seção de política monetária do boletim, o economista José Júlio Senna aponta que, na primeira quinzena de junho, a taxa Selix real está em 7,6% ao ano e, com base nos comunicados recentes do BC, logo deve ficar acima de 8% ao ano.


Diante das críticas de parte do mercado, que, em função do quadro recessivo, avaliam que o BC já deveria ter parado de subir os juros, o Ibre tem posição favorável à estratégia atual. Segundo Senna, "controle artificial de preços e excesso de ativismo e ousadia acarretam custos, que cedo ou tarde acabam aparecendo", e é preciso aproveitar o "embalo" da mudança de rumo da política econômica para trazer a inflação à meta em 2016. "O Banco Central está fazendo seu papel. Ele tem que ser 'hawkish' porque estamos com um choque brutal de inflação. Se estivesse mais 'dovish', talvez as expectativas para 2016 estivessem se deteriorando", comenta Silvia.


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