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O Tempo ( Economia ) - MG - Brasil - 24-06-2015 - 10:21 -   Notícia original Link para notícia
Com energia cara, calote nas contas de luz sobe 13,94%

Reajustes seguidos encareceram a tarifa; inadimplência na conta de água teve alta de 10,4%



As mais básicas das despesas de uma família, água e luz, já estão sendo deixadas em segundo plano pela população brasileira, por causa das altas tarifas cobradas este ano pelas concessionárias. O calote nas contas de energia elétrica em maio aumentou 13,94% em número de pessoas em comparação com igual período do ano passado, enquanto a inadimplência média do consumidor avançou 6,7% no mesmo período e foi a maior marca desde dezembro de 2012. Na conta de água, a inadimplência cresceu 10,43% no período, com destaque para o Sudeste, com 16,03%, como mostra levantamento feio pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).


No Estado, a Cemig informou que registrou um crescimento do índice de inadimplência de 8% em maio em relação a abril, que pode ser atribuído aos aumentos de custos das empresas do setor elétrico e da bandeira tarifária. Em maio, os consumidores receberam a 'conta cheia', já com os reajustes integrais da bandeira vermelha, do aumento extraordinário e do anual. E foi exatamente no referido mês que o analista contábil André Felipe Neres de Carvalho, 24, viu sua conta de luz saltar de R$ 115 para R$ 180. "Com o orçamento apertado, tive de optar entre as contas. Foi então que escolhi pelo pagamento da fatura do cartão de crédito, porque o atraso implica em juros muito maiores", informou. Ele disse que está com um mês de atraso no pagamento da luz e que seguirá assim até o final do ano. "Pagarei só em julho a fatura de maio. E pretendo esticar o atraso até receber o décimo terceiro salário em dezembro para entrar no ano que vem zerado", definiu.
A aposentada Maria de Lourdes Correia, 50, se viu na mesma situação. Em pouco tempo, sua conta de energia saltou de R$ 110 para R$ 192, um acréscimo de 74,55%, o que a levou a pagar as faturas com atrasos nos últimos dois meses. "Ganho um salário mínimo apenas. Estou tendo de trabalhar como vendedora uma vez por semana para completar a renda. Meu condomínio também está atrasado", revelou. 
O susto da energia em maio também chegou para o fotógrafo Daniel Martin, 36. Sua fatura passou de R$ 217,32 para R$ 320. Temendo o corte da luz, economizou para regularizar a fatura. "Também reduzi ao máximo o consumo, mas a conta baixou apenas R$ 2", lamentou. 


Nos bancos, alta foi de 10,1% 

O aumento da inflação em geral pesou no bolso dos consumidores. Em 12 meses, até junho, o IPCA-15 acumula uma alta de 8,80%. "Vemos a inadimplência crescendo também nos bancos", afirmou a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. A inadimplência bancária, puxada principalmente pelo cartão de crédito e pelo cheque especial, aumentou 10,1% em maio ante o mesmo mês de 2014 e representou quase a metade das pendências. O movimento também foi observado nos dados do Banco Central. O assessor econômico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Vítor França, ressalta que houve nos últimos meses um aumento do calote nas linhas de crédito emergenciais - isto é cartão de crédito e cheque especial -, enquanto a inadimplência em geral da pessoa física ficou estabilizada, em torno de 5,3% em maio deste ano, o último dado disponível.


Na análise de Marcela, essa aparente incongruência entre o resultado do calote em geral e o das linhas de crédito emergenciais significa que as pessoas estão no seu limite financeiro e começaram a usar o cartão de crédito e o cheque especial para cobrir as despesas básicas do mês. "Quando as coisas estão indo bem, essa 'pedalada' funciona, porque o trabalhador sabe que vai continuar empregado. O problema é quando algo trunca essa 'pedalada', como o aumento da inflação, que ocorre agora", explica a economista.


O número de empresas com dívidas em atraso também cresceu em maio 8,33% em relação a idêntico mês no ano passado, mostrou o indicador calculado pela SPC Brasil. 


Serviço pode ser cortado após aviso 


Para que o corte de fornecimento da luz seja efetivado nas residências, a Cemig explicou que, já a partir de 30 dias de atraso, utiliza diversas ferramentas de comunicação e cobrança, como contatos telefônicos, envio de e-mail, SMS e carta. Para isso, o cliente precisa manter o cadastro atualizado.


Caso não pague, há o envio de comunicação com a possibilidade de inscrição do CPF do titular no serviço de proteção ao crédito da Serasa e . Neste caso, o cliente possui 10 dias após o recebimento da correspondência para regularizar a situação e evitar a negativação. Persistindo a situação de inadimplência, empresa pode executar a suspensão no fornecimento, de modo a evitar que haja o repasse dos custos com o crescimento da inadimplência a todos os consumidores, através da tarifa, de acordo com o modelo regulatório.


A Resolução Aneel 414 permite que a suspensão do fornecimento (corte de luz) seja efetuada após 15 dias após o aviso ao consumidor inadimplente que é feito na conta de energia. (AD)


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