Sem precisar dividir espaço nas prateleiras com os itens da Copa do Mundo, como no ano passado, as vendas de alimentos típicos das festas de São João, como amendoim, pipoca, milho e canjica, tendem a crescer neste ano. A fabricante paulista Santa Helena, das marcas Paçoquita e Crokatto, espera aumento de vendas de 20% entre maio e julho, na comparação com um ano antes, assim como a paranaense Zaeli. A associação que reúne os supermercados paulistas prevê alta de até 15% nas vendas sazonais.

As empresas estão atentas ao fato de que o brasileiro está com menos dinheiro no bolso e mais cuidadoso ao gastar. A Yoki decidiu incentivar o consumo dos seus produtos em casa com uma campanha em TV aberta. O Walmart aposta em marcas próprias, que chegam a custar 30% menos que as líderes. O Grupo Pão de Açúcar estima avanço mais significativo no atacado (Assai) que nas redes de multivarejo (Extra e Pão de Açúcar), pelo preço mais baixo.

Para a Santa Helena, os meses de maio a julho representam o maior investimento em marketing do ano e cerca de 30% das vendas. "Os produtos de festa são uma linha de compra por impulso. Por isso, estar no ponto de venda de forma presente, com decoração e material promocional, é estratégico", afirma o diretor comercial Luis Bertella. A empresa lançou embalagens menores de paçoca, de 150 gramas, com preço mais baixo. Já a embalagem da Paçoquita cremosa cresceu, de 180 gramas para 350 gramas e 1 quilo.

A Zaeli, com mais de 100 produtos para as festas juninas no portfólio, faz nesta época a principal campanha de vendas do ano. A expectativa de expansão para o ano é de 20%, mesmo ritmo que na época junina.

A venda de amendoim embalado no varejo avançou 11,5% em receita e 6,4% em volume em 2014, somando R$ 1,25 bilhão e 31,2 mil toneladas, segundo a consultoria Euromonitor. As festas de São João são responsáveis pelo maior impulso à categoria no ano, informa a Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).

A Yoki, marca da americana General Mills, não abre números, mas decidiu incentivar a preparação de pipoca e outros produtos em casa. Pesquisas indicam que a alimentação dentro de casa está entre as coisas que o brasileiro está menos disposto a abrir mão neste ano.

As vendas de pipoca subiram 10,3% em valor em 2014, na comparação com um ano antes, para R$ 385,5 milhões, mas caíram 1,3% em volume, diz a Euromonitor. O Brasil é o terceiro maior mercado mundial de consumo do produto, com 100 gramas por pessoa ao ano, cinco vezes inferior ao México e dez vezes mais baixo que nos Estados Unidos.

A Associação Paulista dos Supermercados (APAS) estima crescimento entre 10% e 15% das vendas de milho de pipoca, canjica, quentão, vinho quente, pinhão e amendoim no período de festas. A data aumenta o tráfego e impulsiona a venda de produtos como descartáveis, queijos e bebidas.

No Walmart, a aposta é em produtos de marca própria, como Bom Preço e Great Value, que custam de 10% a 30% menos que as líderes. As lojas esperam crescimento de 10% nesses itens em relação a 2014. Nos itens sazonais - pipocas, canjica, amendoim, farofas, flocão de milho e sagu - a expectativa é de aumento de 8% em 2015, sobre um ano antes, quando houve alta de 18%.

A rede Assaí projeta expansão de 30% das vendas sazonais para as festas juninas em junho e julho. Vinhos e cachaças, principais ingredientes do vinho quente e do quentão, devem subir 20%. "Dependendo do produto e da quantidade, é possível conseguir o preço de atacado, o que é bastante atrativo para o consumidor", afirma o diretor comercial Wlamir dos Anjos. Extra e Pão de Açúcar projetam alta de 10% na venda de doces como paçoca e pé-de-moleque. Na marca própria Qualitá, a expectativa é de incremento de vendas dos itens típicos em 10% no período junino. Nos primeiros 15 dias de junho, as vendas desses itens avançou 16%, informa a empresa.