A gestora de recursos Dynamo comprou participação próxima de 30% da Reserva, grupo de moda carioca, apurou o Valor. Os valores do negócio não foram revelados. Procuradas, Dynamo e Reserva não deram entrevista.

A Reserva é famosa no Rio de Janeiro pelas linha de camisetas. A rede possui grifes masculina, feminina (Eva) e também infantil (Reserva Mini). Foi criada por um grupo de empresários e tem entre os sócios o apresentador de TV Luciano Huck. Há cerca de três anos, passou por um processo de profissionalização, com a intenção de criar ou agregar novas marcas. Possui 17 lojas no Rio e 11 em São Paulo, além de unidades em outros Estados, como Minas Gerais e Bahia, e também tem um forte braço de vendas pela Internet. Há pouco mais de um ano também diversificou os negócios, com a rede de lanchonetes a TT Burger, em parceria com o chef Thomas Troisgros.

A Dynamo é uma das mais tradicionais gestoras de recursos cariocas. Além de investir em companhias abertas, possui fundos que permitem a compra participações em empresas fechadas. Uma das investidas nessa filosofia foi a fabricante de relógios Technos, em 2008. Em 2011, a companhia abriu capital. Atualmente a Dynamo investe em companhias fechadas, do setor de óleo e gás e também financeiro, nesse caso, a XP Investimentos. No setor de varejo de roupas, a Dynamo é acionista relevante e já esteve no conselho da Lojas Renner.

O setor de varejo de moda vive momentos difíceis por conta do desaquecimento econômico. A tradição da Dynamo é realizar investimentos sem se pautar por movimentações ou características de um setor, mas sim casos de empresas que considera como negócios de boa qualidade e com bom time de gestão. Como já acompanha o setor de varejo, encontrou essa oportunidade na sociedade com a Reserva. A Dynamo não atua necessariamente como um fundo de "private equity" e não deverá ingressar na empresa para fazer grandes modificações ou interferir nos rumos da companhia. Dentro de sua tradição, o investimento em empresas, abertas ou fechadas, surge das pesquisas de sua equipe e da busca por mais inteligência em setores que já investe.

Apesar do quadro ruim para os negócios, a Dynamo fechou esse investimento e há algumas semanas a holding de marcas Inbrands informou que retomará os planos de abrir capital. Para um analista, notícias como essas não necessariamente indicam que o setor esteja com perspectivas favoráveis. "O setor continua enfraquecido, as lojas ou redes de pequeno porte sofrendo grandes dificuldades. A questão é que um cenário como esse favorece as estruturas maiores, com mais porte e melhor estrutura de capital. Essas casas conseguem capturar partes das vendas que estão sendo deixadas na mesa com o fechamento de muitas lojas de rua", afirmou.