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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 18-06-2015 - 09:30 -   Notícia original Link para notícia
Atividade encolheu em abril, dizem analistas

A piora do mercado de trabalho e a confiança dos consumidores em nível historicamente baixo deprimiram a demanda e levaram à terceira queda consecutiva do comércio em abril. Sem reação das vendas, a indústria continuou a acumular estoques e a cortar a produção nas fábricas.


Essa dinâmica pouco animadora deve ter levado o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que tenta reproduzir a variação mensal do PIB, a recuar 0,4% em abril, após queda de 1,1% em março, sempre em relação ao mês anterior, de acordo com a média das projeções de 15 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data. As estimativas para o indicador, que deve ser divulgado amanhã pelo BC, variam entre estabilidade até queda de 0,68% no passagem mensal, na série com ajuste sazonal.



Para economistas, o comportamento da indústria e do varejo no início do segundo trimestre reforçou a avaliação de que o período é de fraqueza acentuada da atividade e que ainda não há sinais de reação da economia.


Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria, projeta que o índice de atividade calculado pelo BC recuou 0,4% em abril. Ainda que seja um tombo menor do que o observado no mês anterior, é difícil enxergar alguma melhora do cenário para o país diante do comportamento recente do comércio e da indústria, afirma.


As vendas no varejo ampliado (que inclui automóveis e material de construção) mostraram queda de 0,3% entre março e abril, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O comércio se ressente do ambiente de crédito mais escasso, do mercado de trabalho com sinais evidentes de distensão e da queda da confiança", comenta Bacciotti.


Sem reação da demanda, comenta, a situação da indústria piorou de forma mais acentuada do que se esperava. No início do segundo trimestre, a produção do segmento encolheu 1,2%, mas os estoques continuaram a aumentar, lembra o economista. Assim, a indústria deve seguir reduzindo a atividade. Reportagem publicada terça-feira pelo Valor mostra que 15 das 29 fábricas de veículos do país pararam ou vão parar entre junho e julho, diante do agravamento da crise no setor.


Segundo a equipe econômica do Itaú, o IBC-Br deve registrar queda de 0,3% entre março e abril, em linha com a retração de 0,1% do PIB mensal calculado pelo banco, o PIB mensal Itaú Unibanco (Pibiu). Em maio, afirmam, a situação piorou e o PIB mensal estimado pela instituição sugere retração de 0,7% da atividade. Apenas metade dos dez índices que compõem o indicador avançou em abril, segundo o economista Rodrigo Miyamoto, que também avalia que não há sinais de melhora.


Neste cenário, diz Bacciotti, da Tendências, a estimativa de queda de 2,8% da produção industrial no ano começa a parecer "otimista". "Há um processo de acúmulo de estoques muito evidente, o cenário é de demanda fraca, sem perspectiva de reversão, então os fatores domésticos vão puxar o ramo manufatureiro mais para baixo ao longo de 2015", comenta.


A indústria, observa, tem mostrado algum ganho de competitividade, com redução do custo unitário do trabalho em dólares, mas essa melhora ainda não se reflete em aumento suficiente das exportações para compensar o ambiente doméstico recessivo.


Por isso, diz, alguma retomada só deve ocorrer no fim do ano ou no início de 2016. A Tendências está revisando o cenário e ainda não tem projeções fechadas para a evolução trimestral do PIB, mas estima que no ano a contração deve ficar em torno de 1,4%.


Para o Itaú, o comportamento recente dos indicadores mostra deterioração da situação econômica em ritmo mais acelerado do que se previa, o que pode piorar a estimativa do banco para o PIB de 2015, que já é de queda de 1,5%.


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