Corrosão da renda dos consumidores e dificuldade de acesso ao crédito afetam os negócios do comércio varejista

As vendas de eletrodomésticos, itens da linha branca e eletrônicos acumulam perda de até 12% neste ano/Charles Silva Duarte

A combinação da corrosão da renda dos consumidores com a dificuldade de acesso ao crédito tem afetado as vendas do comércio varejista em todo o País. Nas redes varejistas de Minas Gerais, o recuo na comercialização de eletrodomésticos, eletrônicos e itens da linha branca gera perda de até 12% neste ano frente os cinco primeiros meses de 2014.

Para tentar reverter a situação e amenizar as perdas ao final deste exercício, as empresas estão adotando algumas estratégias como ações de marketing, promoções, alongamento de prazos e negociação de preços com fornecedores.

Na rede de eletrodomésticos e eletroeletrônicos Eletrozema, com sede em Araxá, no Alto Paranaíba, por exemplo, a retração das vendas teve início a partir de maio. De acordo com o presidente do grupo, Romeu Zema, até então, a empresa estava registrando estabilidade nos níveis de comercialização. "Nos primeiros meses deste ano não estávamos crescendo, mas também não tínhamos detectado recuo. Mas, de uns 50 dias para cá, a situação se agravou", diz.

Segundo Zema, a retração foi tamanha que no ano a rede já acumula baixa de 10% nas vendas sobre a mesma época do ano passado. Na avaliação do empresário, a principal justificativa para os números é o cenário econômico do País. Tanto que, para os próximos meses, ele prefere nem opinar no que pode acontecer.

"Diante dessa situação, e desse nosso governo que a cada dia nos surpreende com alguma medida, não tem como fazer nenhuma previsão. O que posso dizer é que estamos trabalhando e vamos continuar para que terminemos 2015 com resultados positivos", ressalta.

Entre as medidas que estão sendo adotadas nas 517 lojas distribuídas em toda Minas Gerais, exceto na Região Metropolitana de Belo Horizonte, estão redução de preços por meio de promoções e facilidades de pagamento. No entanto, o presidente da rede alega que essas ações não estão sendo suficientes. "Mesmo assim o consumidor está segurando seus gastos. A renda das pessoas está caindo e não tem sido fácil para elas manter suas contas em dia e fazer novas aquisições", admite.

Eletrosom - Na Eletrosom, rede de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, sediada em Monte Carmelo, também no Alto Paranaíba, a situação é um pouquinho pior. De acordo com o diretor de Compras, Vicente Paulo Andrade, a retração nas vendas já beira os 12% no acumulado deste exercício em relação a mesma época de 2014. Conforme ele, algumas linhas estão sofrendo mais e outras menos.

"As TVs, por exemplo, estão com queda mais acentuada nas vendas, pois neste mesmo período, no ano passado, havia uma corrida para a compra desse item, em função da Copa do Mundo. Agora, o recuo tem sido intenso, já que além do próprio cenário econômico e da retração natural do mercado e do aumento dos preços em função do dólar, a base de comparação é mais forte", afirma.

Outros produtos, porém, como as da linha branca, estão com um recuo mais brando. "Nos primeiros cinco meses do ano passado, as pessoas estavam priorizando outras compras que não esses. Agora, um ou outro consumidor que ainda está indo às compras, está optando por esses produtos e, por isso, a baixa das vendas é menor. Cerca de 7%", completa.

Para amenizar a situação e tentar com que os níveis comercializados fiquem pelo menos estáveis em 2015 frente a 2014, Andrade conta que as estratégias têm incluído ações de marketing, redução de preços, aumento dos prazos para pagamento e negociação com fornecedores. "Estamos tentando mobilizar o cliente para vir à loja. Inventando um monte de promoções e aumentando o prazo de pagamento. Não está sendo fácil. Mas se não fossem essas medidas, a situação estaria pior", admite.