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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 16-06-2015 - 09:25 -   Notícia original Link para notícia
Balas Juquinha voltam ao varejo em agosto

Receita da guloseima foi comprada por empresário do setor de alimentos de Madureira, Zona Norte do Rio


Diretor do Sindicato dos Trabalhadores Alimentação de SP "O Giulio estava atravessando uma guerra há 15 anos. A empresa não tinha a mesma rentabilidade" Rubens Gomes


- RIO E SÃO PAULO- Uma doce novidade aos órfãos das amarelinhas: as balas Juquinha voltam ao mercado em agosto. É o que afirma uma fonte próxima ao comprador da fórmula da guloseima criada em 1945 e que ganhou fama em todo o país. Um empresário carioca do ramo de doces e à frente de um negócio do setor localizado em Madureira, Zona Norte do Rio, é o novo dono do segredo do sabor das balinhas.


MICHEL FILHOAmargou. A fábrica das balas Juquinha, em Santo André, em São Paulo: com produção suspensa em março, imóvel está para alugar


A produção deverá ser retomada dentro de aproximadamente um mês, continuou essa mesma fonte. O empresário que assumiu a receita da Juquinha, e que toca seu negócio ao lado do filho, ainda não concluiu as negociações para definir quem passará a fabricar as balas.


- A produção será feita em São Paulo, pois o Rio não tem parque fabril para fazer as balas - afirma a fonte. - O centro de distribuição dos produtos, contudo, ficará em Madureira, aproveitando as instalações já disponíveis.


Uma novidade será a ampliação da gama de produtos com a marca Juquinha, ainda em estudo.


' MUITA GENTE CHOROU'


A fábrica original, em Santo André, em São Paulo, suspendeu suas atividades em março, conta um representante comercial da empresa. Desde então, vinha negociando a venda de estoques. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico da prefeitura de Santo André confirmou que a Juquinha formalizou o encerramento de suas atividades em 18 de março.


De acordo com um ex- funcionário, nos últimos três anos, a situação da empresa era ruim. O italiano Giulio Sofio, que adquiriu a Juquinha em 1982, teria contratado duas consultorias em busca de soluções para os problemas que a companhia enfrentava. Mas Sofio se recusava, afirma esse ex- funcionário, a adotar as providências propostas pelos consultores, mantendo seu estilo de gestão.


Perto dos 70 anos, Sofio tem dois filhos, que seguiram outras carreiras profissionais. Com isso, o italiano teria até tentado vender a empresa nos últimos anos, sem sucesso.


No dia em que decidiu fechar a fábrica, ele chamou os 18 funcionários que continuavam trabalhando e os comunicou pessoalmente.


- Muita gente chorou, mas o dono parecia estar aliviado - disse o ex- funcionário.


Os últimos empregados da Juquinha, demitidos em abril, ainda levaram seis caixas de balas para casa.


O terreno de 17 mil metros quadrados em que fica o galpão da fábrica está para alugar. Sofio, contudo, exige que o novo locatário não altere a estrutura do edifício. Segundo o ex- funcionário, os famosos tachos de cobre em que as balas eram preparadas ainda estão no prédio, bem como algumas máquinas de embalar.


Ele confirmou que Sofio vendeu a receita das balas a um empresário carioca, que foi buscá- la de helicóptero, em companhia do filho. Mas disse que a versão de que o comprador teria levado um cofre para guardá- la não é verdadeira. Procurado, Sofio não comentou.


Com o fim da produção, noticiado no domingo pelo jornal "O Dia", o estoque de balas Juquinha rareou no mercado, o que levou fornecedores a substituírem as balas por marcas concorrentes, como a 7 Belo.


- A notícia pegou a gente de surpresa. Na última compra, fizemos o pedido um pouco maior, mas o estoque já está no finalzinho - conta o diretor comercial da Cia. do Doce, Irineu Santos, que costumava comprar 13,4 toneladas da bala para suas nove lojas no Rio. - Nossa expectativa é que a bala volte para as prateleiras daqui a três meses.


A Juquinha, continua Santos, é uma bala muito procurada para festas:


- A 7 Belo vai substituir por ora. Mas, voltando, a Juquinha retoma o seu lugar. É uma bala tradicional, pela cor, formato.


No restaurante T. T. Burguer, a Juquinha era oferecida aos clientes até um mês atrás. Mas foram substituídas por 7 Belo depois que o fornecedor avisou sobre o fechamento da fábrica. Na rede de churrascarias Porcão, o estoque grande deve garantir uma sobrevida à Juquinha.


DOS EUA À NOVA ZELÂNDIA


Segundo Rubens Gomes, diretor regional do Sindicato dos Trabalhadores de Alimentação de São Paulo, a empresa enfrentava dificuldades há alguns anos. Ele explicou ainda que ela era forte no mercado internacional. Em 2009, a fábrica exportava 60 toneladas de balas mensalmente para 46 países, dos Estados Unidos à Nova Zelândia, enquanto outras 40 toneladas eram distribuídas no mercado interno, principalmente Rio, São Paulo e Bahia.


- O Giulio estava atravessando uma guerra há 15 anos. A empresa não tinha a mesma rentabilidade. Ele tentou muito, mas não teve jeito - disse Gomes.


A bala Juquinha foi criada em 1945 pelo português Carlos Maia Picado, inspirado nas Balas Chita, muito vendidas à época. A fórmula da guloseima permaneceu secreta. Em 1982, mergulhado em dívidas, Picado vendeu a fábrica a Sofio.


Formado em Direito na Suíça, Sofio tinha acabado de se casar e resolveu então tentar a sorte no Brasil, com uma polpuda herança: o lucro com a venda das participações, numa mina de cobre, da mãe e do tio, o playboy Baby Pignatari, morto em 1977. Investiu o dinheiro na Juquinha.


Em 1985, ele começou a exportar. Das 150 toneladas mensais em 1982, a produção atingiu o pico histórico de 400 toneladas entre julho de 1994, lançamento do Plano Real, e março de 1995:



- Além da falta de moedas no mercado, os brasileiros não gostavam delas, não tinham essa cultura. Todas as padarias davam troco em bala. - contou Sofio em entrevista ao GLOBO em 2009.


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