A Casas Bahia prepara o retorno ao Rio Grande do Sul, de onde saiu no fim de 2009 depois de uma fracassada tentativa de se firmar no mercado local que durou cinco anos e custou mais de R$ 30 milhões em investimentos em infraestrutura, em valores da época. A bandeira vai ocupar as lojas de rua da marca Ponto Frio, que permanecerá em operação com unidades "premium" apenas em shopping centers.

Casas Bahia e Ponto Frio fazem parte da Via Varejo, empresa do Grupo Pão de Açúcar (GPA), controlado pelo francês Casino. Com o poder de barganha do conglomerado junto aos fabricantes de eletrodomésticos e móveis, a bandeira deve voltar ao Estado com uma política agressiva de preços para fazer frente tanto a concorrentes de grande porte como BIG, Magazine Luiza e Lojas Colombo quanto a operações médias como Quero-Quero, Benoit e Taqui, segundo fontes a par da operação.

A volta da Casas Bahia em pontos ocupados pela rede Ponto Frio ocorre em um cenário difícil para o varejo em geral e também para as duas bandeiras. No primeiro trimestre deste ano as vendas totais da Ponto Frio encolheram 6,6% em relação a igual período do ano passado. No mesmo período, as vendas da Casas Bahia cresceram apenas 0,2%.

Procurada pelo Valor, a Via Varejo confirmou, por intermédio de sua assessoria, que a rede Casas Bahia voltará a operar no Rio Grande do Sul, mas não deu detalhes sobre os planos para a rede no Estado. Conforme a empresa, a decisão deve-se ao potencial econômico "expressivo" do mercado local.

Segundo a página da Ponto Frio na internet, a bandeira conta com 26 lojas no Rio Grande do Sul, sendo 22 de rua. A primeira a ser convertida em Casas Bahia será a de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre, que deve operar no novo formato a partir de julho. As demais serão transformadas ao longo dos próximos meses.

Pouco mais da metade das lojas da Ponto Frio no Estado fica em Porto Alegre e na região metropolitana. No período em que operou no mercado gaúcho pela primeira vez, entre outubro de 2004 e dezembro de 2009, a Casas Bahia chegou a ter 28 lojas e 2,7 mil funcionários em 19 municípios.

Agora, conforme uma fonte que acompanha o assunto, a empresa chegará ao Estado preparada para não repetir os "erros de comunicação" com o mercado local cometidos na primeira tentativa. Na inauguração das primeiras unidades, há mais de dez anos, o então diretor da rede, Michel Klein, havia anunciado que a empresa nunca tinha encontrado uma "receptividade tão grande" no país.

Em 2008, porém, com as vendas muito abaixo do esperado, o próprio executivo disse que pesquisas contratadas pela empresa revelaram que o baixo desempenho era devido a um comportamento "bairrista" dos consumidores gaúchos. De acordo com ele, a varejista havia recebido até sugestões para vestir com bombachas o personagem que compõe o logotipo da rede.