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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Finanças ) - MG - Brasil - 13-06-2015 - 11:37 -   Notícia original Link para notícia
Risco de downgrade permanece

Segundo Levy, governo precisa equilibrar contas públicas e evitar redução da nota soberana do País


Levy: "Com o avanço do ajuste (fiscal), afastamos o risco de rebaixamento"/Wilson Dias / Abr



São Paulo - O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou na sexta-feira, durante palestra na 43ª reunião do Conselho Consultivo do World Trade Center em São Paulo, que a redução da nota soberana do País por agências internacionais de rating foi postergada. Porém, ele lembrou que é necessário que o governo atue de forma firme para que ela não volte no curto prazo.

"No começo deste ano as coisas eram diferentes, o downgrade estava aqui. E o fato de não estar agora foi uma vitória", destacou. "Com o avanço do ajuste (fiscal), ainda que modesto, afastamos o risco de downgrade. O downgrade não é um risco que foi eliminado, precisamos ficar atentos", acrescentou.


De acordo com Levy, o governo precisa continuar trabalhando para viabilizar o equilíbrio das contas públicas, para evitar que o Brasil tenha sua nota soberana rebaixada, o que traria dificuldades econômicas para o País. Segundo ele, um desses efeitos negativos seria a elevação dos juros cobrados por credores da dívida pública federal, o que traria impactos também para os passivos financeiros do setor privado.

"Se não continuarmos a fazer progressos, o risco de downgrade volta. Evitar o risco de downgradeenvolve as medidas de ajuste, como desfazer renúncias fiscais." Neste contexto, o ministro destacou o fim parcial da desoneração da folha de pagamento. "Para não dar um choque (fiscal) maior, decidimos reduzir à metade os benefícios da folha de pagamento", explicou.


Ações - Levy afirmou ainda que é necessário que o governo adote ações para viabilizar o ajuste fiscal. " preciso tomar medidas, que não são lá muito sexys", destacou. "A questão fiscal vai além do ajuste deste ano. questão estrutural importante para o crescimento dos próximos cinco anos, para gerar um crescimento potencial e significativo", disse.

Segundo o ministro, o equilíbrio da gestão das contas públicas é fundamental para que os empresários tenham mais confiança nas perspectivas da economia e voltem a investir no País. "Temos que acertar o fiscal e acabar com as conversas sobre risco fiscal. O risco fiscal afeta o medo de investir, como em concessões, que são um casamento de 30 anos", disse.

"Temos que enfrentar o fiscal e sua parte estrutural com qualidade e efetividade do gasto", comentou o ministro. "Antes da crise havia um superávit primário de 4% do PIB e hoje isso não é possível. E estamos tentando raspar o objetivo de 1% a 1,2% do PIB", destacou.

Levy, no entanto, ressaltou que o governo registrou vitórias desde o início do ano, entre elas a aprovação pelo Congresso das medidas provisórias 664 e 665, que tratam de novas regras para benefícios sociais, entre eles o seguro desemprego.


Selic - O ministro da Fazenda também destacou que a atuação do Banco Central na administração da taxa Selic também é influenciada pela disposição do governo de lidar com os gastos púbicos, como na concessão de créditos com subsídios pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a empresas. "O espaço da política monetária tem muito a ver com a política fiscal", destacou.

Permitir que a economia se ajuste é importante para "passarmos pelo ajuste rapidamente", disse Levy. Em seguida, o ministro destacou os desafios que o governo e a sociedade têm pela frente diante de uma classe média que tem hoje mais expectativas do que anteriormente. No encadeamento de seu raciocínio, ele emendou que é por isso que "temos que ter uma economia voltada a criar oportunidades". (AE)


Ciclo das commodities terminou


São Paulo - Durante sua palestra na 43ª reunião do Conselho Consultivo do World Trade Center em São Paulo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, destacou que finalmente se começa a entender os desafios brasileiros. Segundo o titular da Fazenda, a economia brasileira é grande e "a gente precisa ter confiança, olhando para frente". "O ciclo das commodities avançou com o auge do crescimento da China, que teve muitas obras de construção civil e que demandou grandes volumes de commodities. Agora, o ciclo das commodities começou a cair", disse.

Levy discorreu sobre os impactos da crise iniciada em 2008 e sobre as medidas anticíclicas que todo o mundo se viu obrigado a adotar e também sobre a perda de eficiência com essas medidas, o que justificaria os ajustes econômicos em curso. "Apesar da crise, o Brasil não registrou saída de capitais", ressaltou o ministro. No tocante à contribuição da China para o recrudescimento da crise, em especial no Brasil, Levy sublinhou que o país asiático está mudando para um sistema mais voltado ao consumo, com expansão de serviços.

A partir de 2011, de acordo com Levy, demorou para perceber que a maré tinha começado a baixar. "O governo da presidente Dilma enfrentou uma maré vazante e quando o dinheiro acaba a gente tem que mudar a toada", destacou Levy, acrescentando que agora é o momento do reequilíbrio, que traz um desconforto natural. "Temos muitos aspectos que repensar no País", reiterou o ministro. Porém, para ele, o Brasil tem capacidade de se sair bem. (AE)




Volpon aposta em inflação dentro da meta



Rio - O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central (BC), Tony Volpon, disse na sexta-feira que a avaliação do mercado sobre a postura "hawkish" - mais dura - da autoridade monetária o "deixa feliz", pois, segundo ele, "indica que a gente está chegando ao lugar certo", disse.

Segundo ele, o BC tem uma estratégia clara de levar a inflação à meta de 4,5% ao ano até o fim de 2016. "Acho que a ata foi lida um pouquinho em função do IPCA, influenciando a leitura. Mas a ata está dizendo que a estratégia é levar inflação à meta em 2016. Nós temos confiança total de que conseguiremos fazer isso", disse o diretor.

O horizonte determinado pela autoridade monetária para a convergência da inflação à meta também é estratégico, segundo ele. "Se o Banco Central tivesse definido a data de convergência mais longe, para 2017 ou 2018, não ia influenciar comportamento dos agentes econômicos e do Banco Central hoje", explicou.

"Definimos esse horizonte de convergência de maneira que ele influencie as expectativas hoje. Então, ele tem de ser longo o suficiente para ser crível, mas curto o suficiente para já influenciar o comportamento das pessoas agora. A gente sabe que as expectativas de inflação impactam ou influenciam, são um dos determinantes da inflação de hoje. Se o BC não tivesse definido a data de 2016, a inflação de hoje seria maior", disse Volpon.

O diretor defendeu como correta a decisão de fixar esse prazo. "Eu acho que é tempo hábil para a economia se ajustar. um ano e meio, temos um ano e meio de luta. Isso aqui vai ser uma maratona, não é uma corrida (curta). Por isso que a gente colocou na ata perseverança, paciência, essas palavras são importantes nesse sentido", afirmou.


Desinflação - Além da política monetária, outros fatores estão contribuindo para desinflacionar a economia brasileira, afirmou Volpon. Um deles é a política fiscal, que "está mudando de sinal" e pode ajudar a autoridade monetária em seu objetivo de levar a inflação à meta de 4,5% até o fim de 2016.

" uma discussão que estamos tendo com o mercado, do tamanho da inércia inflacionária que estamos enfrentando. Na medida em que a gente tem um conjunto de fatores que estão desinflacionando a economia ao longo do tempo. Não é só política monetária, temos a política fiscal que está mudando de sinal e que eu acho que vai auxiliar muito o BC nessa tarefa (de levar inflação à meta)", disse.

Mesmo diante da avaliação de diversos economistas, de que a tarefa de chegar aos 4,5% no fim do ano que vem será difícil, Volpon demonstrou confiança. "Numa democracia, todo mundo pode ter a sua opinião. Eu sou novo no Banco Central, como vocês sabem, mas uma das coisas que tenho feito no período em que estive lá é conversar muito com nosso pessoal que faz projeção de inflação, e tenho total confiança que, baseado nas projeções que nós temos, é sim possível levar a inflação à meta no fim do ano (que vem)", reforçou o diretor. (AE)


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