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Portal EM ( Economia ) - MG - Brasil - 10-06-2015 - 10:42 -   Notícia original Link para notícia
Economia em MG encolhe 0,7% no primeiro trimestre, mais que a média nacional


Feijão irrigado em Lagoa Formosa, no Alto Paranaíba: estiagem cortou produção de lavouras importante sno estado e impôs perdas também às plantações de milho e soja


Com a queda de 4,9% do PIB do estado de janeiro a março, ante o mesmo período de 2014, são quatro trimestres seguidos de perda. Estiagem afetou lavouras e indústria sofre mais


A estiagem nos primeiros 40 dias do ano afetou significativamente o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais, a soma da produção de bens e serviços no estado, de janeiro a março. Diferente do forte aumento na safra do restante do país, em Minas a insuficiência de chuvas motivou retração de 0,8% da agricultura, na comparação com o período de outubro a dezembro de 2014. O desempenho negativo do setor impactou fortemente no encolhimento da economia mineira, que foi de 0,7% no primeiro trimestre, informou ontem a Fundação João Pinheiro. No comparativo com janeiro a março do ano passado, o PIB mineiro teve queda de 4,9%, aprofundando os números negativos já observados pelo quarto trimestre seguido.

O balanço foi pior do que o do Brasil: a economia se retraiu 0,2% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre do ano passado e 1,6% na comparação com janeiro a março de 2014. A crise em Minas só perde para os efeitos da turbulência na economia mundial em 2009, quando o PIB estadual encolheu 5,2% no terceiro trimestre daquele ano. O primeiro levantamento sobre a performance da economia em 2015 mostrou que a indústria continua andando de lado, ao encolher 0,1% frente ao último trimestre de 2014 e 8,6% ante o primeiro trimestre do ano passado. O recuo do setor de serviços foi de 0,7% e 2,6%, respectivamente, em idênticos períodos.

"O desemepenho da agropecuária no primeiro trimestre é concentrado em poucas lavouras. A safra foi muito ruim em comparação ao que foi observado no ano passado", afirma o coordenador do Sistema de Contas Regionais de Minas Gerais da Fundação João Pinheiro, Raimundo Leal Filho. Com a retomada de chuvas a partir de março, ele considera possível a melhoria dos números do setor no segundo trimestre, principalmente com a colheita do café. O corte na cadeia agropecuária foi ainda mais forte quando comparado com o primeiro trimestre do ano passado, uma perda de 5,3%.

Fim do ciclo e altas dos preços de minérios de ferro, carro-chefe da produção e das vendas externas de Minas, vem afetando em cadeia o desempenho da indústria


A agricultura teve destaque na má performance da economia mineira. Entre janeiro e março, houve crescimento no Brasil da produção de milho (0,6%), feijão (7,9%) e soja (10,6%), que contribuíram para alta de 4,7% na geração de bens e serviços do setor no primeiro trimestre, apesar de o PIB geral ter recuado 0,2%. Em Minas, a primeira safra dos três itens foi prejudicada pela seca, que impôs quedas de 6,4%, 18,8% e 0,3%, respectivamente.

O mesmo se repete com os outros dois setores responsáveis pela composição do PIB, a indústria e as empresas prestadoras de serviços. "O segundo trimestre, por pior que seja, terá uma base comparativa muito fraca. Não dá para dizer que o PIB de 2015 ficará 5% abaixo de 2014", diz Raimundo Filho, ao projetar os resultados do indicador para o restante do ano. Apostar na retração em 2015 é "fácil", como admite o pesquisador. No segundo trimestre do ano passado, o resultado foi de retração de 4,2% no comparativo com o período imediatamente anterior.

O recuo de 07% no setor de serviços também contribuiu para a retração geral da economia. O resultado reflete principalmente o fraco desempenho do comércio entre janeiro e março. A combinação do aumento da taxa de desemprego com a alta da inflação e a queda na renda da população forçou um ajuste no consumo das famílias, segundo o coordenador da Fundação João Pinheiro.

Fim do ciclo de alta No caso da indústria, as quedas foram sistemáticas, exceto na indústria extrativa mineral (3,1%). Apesar da elevação, com os fortes cortes no setor nos últimos meses, a alta ainda é insuficiente para a retomada de patamares registrados em anos anteriores. "O chamado super-ciclo das commodities (produtos agrícolas e minerais cotados no mercado internacional) ganhou sobrevida com a resposta das grandes economias à crise. Isso favoreceu muito a economia brasileira. Agora vivemos o outro lado da moeda. O super-ciclo se esgotou", adverte o pesquisador.

O carro-chefe da indústria extrativa mineira é o minério de ferro, estrela das exportações do estado. "Nosso principal comprador - a China - está desacelerando. Isso rebate nas exportações. Eventuais aumentos são pontuais", afirma a pesquisadora da Fundação João Pinero Elisa Maria Pinto da Rocha. Os demais subgrupos da indústria tiveram queda de janeiro a março em comparativo com o último trimestre do ano passado. Houve retração de 2,6% na indústria de transformação; 0,5% na construção civil e 2,2% em energia e saneamento. Segundo Raimundo Filho, o ajuste de estoques nas fábricas de veículos automotores, bebidas e produtos de fumo contribuiu para a retração no setor.

Recuperação difícil para as empresas

Para o presidente da de Belo Horizonte (-BH), , o resultado negativo do PIB não surpreendeu porque a economia já vinha dando sinais de esgotamento. Segundo a entidade, as vendas no comércio da capital, por exemplo, registraram queda de 1,67% no primeiro trimestre do ano, comparadas ao mesmo período de 2014.

"O que o governo precisa é cortar na própria carne e deixar de gastar mais do que arrecada. Não há como termos um PIB com resultados melhores se não houver corte nos gastos públicos, investimentos produtivos, responsabilidade fiscal e reformas estruturais", diz Falci. A má performance do comércio, que teve queda de 1,8% de janeiro a março, influenciou na retração do setor de serviços.

O mau resultado da indústria foi puxado pela indústria extrativa e setores como a construção civil, que recuaram menos em Minas, frente à média nacional. A extração mineral foi o único segmento que apresentou expansão, com acréscimo de 3,1% no primeiro trimestre, em relação ao quatro trimestre de 2014, graças à tímida recuperação da exportação de minério de ferro no período. "Mas esse é um resultado pontual do primeiro trimestre", avalia Guilherme Leão, economista-chefe da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Para ele, os dados indicam que a indústria extrativa vem perdendo fôlego.

Um dos indicadores, a produção do segmento, medida de janeiro a abril, mostram desaceleração de 1,5% no estado, enquanto que no Brasil o setor cresceu 10,5%, incluindo a extrativa de petróleo. Já no setor agropecuário, o resultado do PIB foi negativamente afetado pela estiagem, em particular no mês de janeiro.

Aline Veloso, coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), ressalta que a metodologia de pesquisa usada pela Fundação João Pinheiro não mede o agronegócio, mas sim a produção agrícola, "da porteira para dentro", reforça a analista. Segundo ela, a seca prejudicou a primeira safra de feijão, soja e também culturas como a batata. Aline destaca, ainda, que a seca provocou aumento dos custos da pecuária de corte e de leite, com as pastagens mais secas. "Acreditamos que as perdas em algumas culturas foram até maiores do que o captado pelo IBGE (os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística servem como base para o levantamento da Fundação João Pinheiro)", diz.


Palavras Chave Encontradas: Bruno Falci, Câmara dos Dirigentes Lojistas, CDL
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