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Estado de Minas Online ( Negócios e Oportunidades ) - MG - Brasil - 07-06-2015 - 11:54 -   Notícia original Link para notícia
Hot dog sobe de nível

No auge do food truck, vendedores de cachorro-quente trocam a rua por espaços fechados. Investir em pequeno ponto permite ampliar o cardápio



Eduardo Rosa e a esposa e sócia da Rock Dog Dogueira, Fernanda Crespo, montaram o primeiro negócio em 2012, já abriram outra unidade e formataram modelo de franquia

O hot dog vendido no carrinho da esquina é símbolo do empreendedorismo de subsistência ou de necessidade. Trata-se de uma alternativa ao emprego, uma possibilidade de viabilizar um negócio próprio com baixo investimento. O vendedor de comida de rua, muito popular em países subdesenvolvidos, chega a representar cerca de 2% da nossa população. E é algo histórico. Segundo o Sebrae, a utilização de meios móveis para preparação e distribuição de alimentos é global e antiga, embora a tendência atual de glamorização e democratização da alta gastronomia tenha começado só no início deste século, a partir da necessidade de chefs de cozinha de buscar alternativas de negócio próprio e a baixo custo. Mas, no auge da comida de rua servida nos agora badalados food trucks, tem muito empreendedor fazendo o movimento contrário.

A própria legislação promove tal movimento. Segundo Lucas Pego, diretor-executivo da Abrasel-MG, que representa todo o setor de alimentação fora do lar, inclusive a chamada comida de rua, para garantir a segurança dos alimentos comercializados nesse modelo os órgão licenciadores exigem uma cozinha base, que não pode funcionar na residência do empreendedor. Além disso, todo o processo deve estar de acordo com as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa),  que regula a manipulação de alimentos e a segurança sanitária. O empreendedor que optar por esse tipo de negócio deve levar em conta, ainda, o Código de Posturas de Belo Horizonte, que proíbe a colocação de mesas e cadeiras ao lado do comércio desses alimentos e veda a comercialização de carnes e seus derivados, com exceção da salsicha, e de bebida alcoólica. "Investir em um pequeno ponto para a venda de lanches é uma possibilidade, portanto, de ampliar o cardápio", diz Lucas Pego.
Ruy Manoel Guerra, do Hotzinho, trocou um carrinho na esquina, no Bairro Floresta, por uma loja no mesmo ponto: ampliou o cardápio e tem três funcionários
Foi assim que Ruy Manoel Guerra, o Zinho, trocou a esquina por um pequeno ponto na mesma rua. Em 1997, de volta à capital, ele teve dificuldade de conseguir um emprego. O irmão tinha um carrinho de cachorro- quente parado e ele resolveu investir no lanche para ter uma renda. Escolheu a esquina da Avenida Contorno com Rua Aquiles Lobo, no Bairro Floresta, em BH, por ter passado a infância e adolescência na região. O investimento em produtos de qualidade, que Zinho considera o sucesso de seu cachorro-quente, fizeram o negócio dar certo. Em 2003, com a abertura de uma boite no local, Zinho viu a oportunidade de ampliar. Alugar um ponto comercial no mesmo endereço lhe permitiria aproveitar o movimento para vender mais cachorro-quente, e mais do que pão com salsicha.

Desde então, Zinho ocupa uma pequena loja na Avenida do Contorno, onde vende cinco tipos de hot dog, mas também outros sanduíches e, mais recentemente, um macarrão na chapa que tem feito sucesso na madrugada. A mudança exigiu o pagamento de um aluguel e a contratação de mão de obra. Além da esposa, Elisângela, a Hotzinho tem mais três funcionários. O cachorro quente ainda representa 70% do negócio e os preferidos do público são o duplo, com duas salsichas a R$ 7, e o simples com queijo, a R$ 8 (queijo canastra, frisa o microempreendedor, que dá sabor diferenciado ao seu produto). Outros destaques são a batata palha e a maionese caseira. "Meu cachorro quente é simples, não é dos mais completos, mas é muito saboroso. As pessoas comem com prazer", conta.

A ida para um ponto fixo foi boa para Zinho. "Antes ficava muito na mão do clima. Se chovia, o povo sumia. Já queria ter um ponto fixo, só tinha medo da despesa. Mas deu certo. Não dá pra ficar rico, mas vivo bem com o negócio de cachorro quente, porque ninguém deixa de comer, muito menos algo acessível", observa. Além de ampliar o cardápio, ele passou a abrir durante o dia, nos últimos cinco meses. "A lei seca tirou muita gente da noite, assim como a crise", acredita. A Hotzinho agora vende açaí, salgados, sucos e cachorro-quente, claro, a qualquer hora do dia. O local não aceita cartão de crédito, apenas débito, e o empreendedor não tem planos de investir no delivery, por achar complicado o modelo adotado pelos motoqueiros que trabalham com entrega de comida. "Eles não querem assinar carteira, então é difícil", explica.

SANDUBA COM ROCK Eduardo Rosa e Fernanda Crespo fizeram com o cachorro-quente o que as hamburguerias fizeram com o hambúrguer: o elevaram a outro patamar. Mas não "gostam" do termo gourmet. Preferem dizer que oferecem produtos de qualidade em porções generosas. A paixão do casal pelo sanduíche à base de salsicha e pelo rock and r'oll deram origem ao negócio, só aberto depois de uma análise do mercado e desenvolvimento de um plano de negócio. E das receitas, é claro. A primeira loja iniciou suas atividades em maio de 2012. O sucesso levou a mais uma unidade, em outubro de 2014, quando os empresários começaram o processo de formatação de franquias. O investimento foi de R$ 150 mil por loja, incluindo equipamentos, reforma e desenvolvimento do negócio.

"Sanduíche é um bom negócio porque, além de ser um dos lanches preferidos dos brasileiros, tem um custo/benefício bem atrativo para o consumidor. Nesse momento de crise, o segmento se mantém firme, pois é uma opção menos dispendiosa. Para investidores, o mercado de lanches tem mostrado estabilidade e oportunidade de crescimento", defende Eduardo. A ideia do Rock & Dog é oferecer uma experiência nova para o cliente, com produtos de primeira qualidade, caso da salsicha de origem alemã e molhos naturais com ingredientes frescos. O pão é exclusivo: foi desenvolvido por uma engenheira de alimentos. Além de 15 a 18 opções de hot-dog, o cliente encontra porções de currywrust, wrust, batata com bacon, cervejas artesanais e churros de Nutella e doce de leite.

Uma rotatividade no cardápio permite ao cliente provar novidades. A diversidade proporciona equilíbrio de vendas: há opção para vegetariamos, amantes de pimenta, fãs de bacon. Para os mais famintos, a opção é o Exagerado, de um quilo, e o Desafio Roots, de dois quilos. A dogueria trabalha ainda com combos, combinando cachorro quente, refrigerante, batata frita ou churros. No tamanho mega, ele custa R$ 23,90 e com R$ 1 de acréscimo dá pra trocar o refrigerante por suco natural ou long neck. Empregando nove pessoas, a Rock & Dog segue em expansão e acaba de lançar seu serviço de delivery. Pelo jeito deu certo tirar o hot-dog da rua. "Existem ótimos carrinhos de cachorro quente, mas hoje boa parte dos consumidores prefere conforto, segurança alimentar e produtos de procedência conhecida. Desde que se tenha uma boa qualidade e preço justo há espaço para todos", defende Eduardo Rosa.


SERVIÇO
Hotzinho
Avenida do Contorno, 2.008, Floresta
(31) 9848-6840

Rock & Dog Dogueria Rua Vitório Marçola, 203, Cruzeiro
Avenida Prudente de Morais, 151, Santo Antônio
(31) 3227-0607


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