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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 06-06-2015 - 11:04 -   Notícia original Link para notícia
Míriam Leitão - Anos de dívidas

 O endividamento das famílias bateu novo recorde em abril e atingiu 46,3% da renda anual. Esse é o percentual mais alto da série do Banco Central, que começou em janeiro de 2005 marcando 18,42%. Em 10 anos, o estoque das dívidas mais do que dobrou em relação ao rendimento de 12 meses. O brasileiro tem gasto quase 10% do que ganha só com pagamento de juros. Crescer via consumo está mais difícil.



Oolhar mais amplo sobre a série histórica mostra como as famílias foram incentivadas a se endividar nos últimos anos. Em 2005, 15,75% da renda mensal era gasta com pagamento de dívidas. Em abril deste ano, o percentual era 21,98%. Dentro desse montante, o gasto com juros dobrou, de 4,77% para 9,46%. O brasileiro está endividado, tem pago mais juros para rolar os financiamentos e sente a inflação corroer um pedaço da renda. O bolso é atacado pelos dois lados.


Nos últimos quatro anos, o endividamento imobiliário tem crescido, enquanto outras dívidas estão sendo reduzidas. O total de dívidas não imobiliária caiu de 31,4% da renda anual, em outubro de 2011, para 27,6% em abril deste ano. Ao mesmo tempo, o endividamento imobiliário saltou oito pontos, para 18,6%. Ao contratar mais crédito para o financiamento da casa própria, tem sobrado menos espaço no orçamento para outras compras.


O governo diz que o crescimento da dívida imobiliária é positivo porque libera o pagamento de aluguel. Mas também torna o gasto mensal da família mais elevado, porque, além do serviço da dívida, é preciso pagar os juros sobre o crédito contratado. Mesmo sendo subsidiados, juros em torno de 8%a 9% ao ano, como os oferecidos pela Caixa Econômica, são altos na comparação com qualquer país do mundo.


Vejam na tabela os números, eles ajudam a entender por que o consumo das famílias tem perdido fôlego nos últimos meses. Esse motor do crescimento está falhando depois de quase uma década de estímulo às dívidas. A saída para a recuperação do PIB do país está nas exportações, e, principalmente, nos investimentos.


Mais mordidas na renda


A inflação deve comer mais pedaços da renda nos próximos meses. O professor Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio, estima que a taxa de maio, com a alta dos alimentos, será maior que a do mesmo período do ano passado. Com isso, o acumulado em 12 meses pode acelerar de 8,17% para 8,38%. O mesmo deve acontecer em junho e julho, quando o IPCA se aproximará de 9%. A taxa de maio sai na quarta-feira.


Emprego nos EUA pressiona o dólar


Com a criação em maio de 280 mil empregos, acima das expectativas, o mercado aumentou suas apostas na alta dos juros americanos até o fim deste ano. Ontem, 29,7% das posições no mercado futuro acreditavam na elevação já em setembro. Na quinta-feira, antes da divulgação sobre o mercado de trabalho, eram 24,4%. Para a reunião de dezembro, as apostas subiram para 59,3%. O levantamento foi feito pela corretora Mirae Securities. A alta dos juros por lá pressiona a cotação do dólar aqui. _


UM VIZINHO CRESCE. Indicador de atividade do BC chileno mostrou crescimento de 1,7% do país em abril, na comparação anual. Para o ano, expectativa é de 2,7%.


OUTRO, TAMBÉM. Na Colômbia, o Banco Central divulgou expectativa de crescimento do PIB de 3,2% este ano. Para o primeiro tri, projeta alta anualizada de 2,7%.



COM MENOS INFLAÇÃO. Nas projeções do mercado, a inflação chilena fechará o ano em 3,5%. Para o BC da Colômbia, os preços ao consumidor subirão 3%. 


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