Os resultados negativos apurados nos Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam já no quarto mês do ano um cenário ruim para o setor em 2015. "O quadro claramente é de recessão do setor industrial, com uma queda bastante significativa, especialmente nas horas trabalhadas e no faturamento. Esse quadro já alcança o nível de emprego com mais intensidade", avaliou ontem o gerente-executivo de Política Econômica da entidade, Flavio Castelo Branco.

A pesquisa divulgada ontem pela CNI mostra uma queda em todos os indicadores em abril, seja na comparação com março deste ano, abril do ano passado ou entre o primeiro quadrimestre de 2014 e 2015.

Ante março, a maior queda foi verificada no faturamento real, que caiu 6,4% entre março e abril na série dessazonalizada. Frente a abril de 2014, a queda é de 10,3%, e de 6,7% na comparação entre quadrimestres. "Estamos caminhando em um ritmo razoavelmente rápido para uma queda do faturamento real neste ano", avaliou o economista da CNI, Fábio Guerra.

A massa salarial real, por sua vez, caiu 1,7% entre março e abril, também na série com ajuste sazonal. O dado preocupa, diz Guerra, porque "mostra a condição de consumo da população. Se há retração dessa intensidade na indústria, isso mostra a dificuldade que o consumo terá para se reabilitar em 2015", disse. Sobre abril de 2014, o indicador caiu 5,6%.

Já o emprego diminuiu 1% entre março e abril e 4,8% ante o quarto mês de 2014 e é outra frente em que a indústria deve fechar o ano com resultado negativo.

Os outros dois indicadores divulgados pela CNI - horas trabalhadas e rendimento médio real - recuaram 0,7% entre março e abril. O primeiro, entretanto, teve uma forte queda de 9,6% ante o mesmo mês em 2014. Já o segundo recuou 0,8% na mesma comparação.

Para Castelo Branco, os indicadores são ruins por um conjunto de fatores que vêm afetando a atividade econômica. "Temos quadro hoje que reflete em grande parte os problemas que acometeram a economia nos últimos anos, mas especialmente 2014, com uma necessidade de reorganização macroeconômica que levou, de um lado, à intensificação da alta de juros e do outro ao ajuste fiscal, no qual você tem aumento de tributação e menos gastos", afirmou o economista.