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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 03-06-2015 - 10:03 -   Notícia original Link para notícia
Pernod Ricard desacelera, mas mantém foco em marca mais cara


Alexandre Ricard, CEO: "Nossos investimentos no Brasil são a longo prazo"


Apesar da crise econômica e da retração do consumo no Brasil, o grupo francês Pernod Ricard, segundo maior fabricante mundial de bebidas alcoólicas, continua apostando no segmento de produtos premium para expandir seus negócios no país. "Nossa estratégia no Brasil se concentra em três marcas fortes: os uísques Ballantine's e Chivas Reagal e a vodka Absolut", disse ontem Alexandre Ricard, CEO mundial do grupo e neto de um dos fundadores.


São justamente essas três marcas premium que vêm puxando o crescimento das atividades da companhia no Brasil, afirma o executivo. Nos nove meses até março (o ano fiscal da empresa se encerra em junho), as vendas dos uísques Chivas e Ballantine's aumentaram, respectivamente, 31% e 35%, bem acima do desempenho desse mercado, que cresceu 13%. No caso da Absolut, a progressão é de 20%, enquanto o setor de vodcas premium teve alta de 10% nesse período, segundo dados da Nielsen.


"O mercado continua se sofisticando no Brasil", diz Ricard. A atual conjuntura econômica não alterou os planos, definidos há três anos, de investir no segmento de bebidas premium. "O Brasil atravessa um período econômico tenso, mas isso não vai durar. Nossa estratégia e investimentos no país são a longo prazo. Há um real potencial no futuro."


As três marcas "fortes" (Ballantine's, Chivas Reagal e Absolut) concentram grande parte dos investimentos, cujo montante não é revelado. Recursos, em menor volume, também são destinados a marcas como os uísques Jameson (irlandês) e Passport.


Os investimentos no Brasil em relação ao volume de vendas ultrapassam os da média mundial do grupo, de 19% sobre a receita (totalizando globalmente cerca de € 1,5 bilhão).


As vendas totais da Pernod Ricard no Brasil desaceleraram nos nove primeiros meses do ano fiscal e registraram aumento na faixa de um dígito, embora seus rótulos importados tenham apresentado expansão maior, de dois dígitos.


O país é o mercado prioritário na América Latina e tem também importância estratégica global para o grupo. "O Brasil é claramente um dos mercados que consideramos como um futuro polo de crescimento da empresa", diz o CEO. Recentemente, a Pernod Ricard perdeu o direito de distribuição do uísque Teacher's, o mais vendido no país (sobretudo no Nordeste), com 18,3% do mercado. A Beam Suntory, dona da marca, firmou parceria com a Bacardi. "Perdemos a margem referente à distribuição do Teacher's. Vamos agora investir no Passport, que é um uísque equivalente", afirma Ricard.


Não é só no Brasil que a fabricante aposta nas bebidas premium. Esse é um dos pilares de sua estratégia global de expansão. O grupo - que celebra atualmente os 40 anos da união das companhias Pernod e Ricard - tem o objetivo de se tornar líder mundial em bebidas alcoólicas, ultrapassando a britânica Diageo, declarou ontem o CEO, em um evento para analistas realizado no museu Georges Pompidou, em Paris.


Com faturamento global de quase € 8 bilhões, a Pernod Ricard estabeleceu um plano para voltar a registrar, no médio prazo, aumento de 4% a 5% da receita, média obtida na última década. As vendas totais ficaram estáveis no ano fiscal encerrado em junho de 2014 e cresceram 2% nos nove primeiros meses do atual exercício, em linha com o desempenho do mercado mundial de destilados.


A desaceleração do crescimento deve-se principalmente à queda nas vendas da vodca Absolut nos Estados Unidos e de uísques e conhaques de alto luxo, como o Martell e Cordon Bleu, na China, decorrente das medidas anticorrupção para impedir presentes sofisticados aos funcionários públicos.


As vendas no mercado chinês, o segundo maior do grupo depois dos EUA, recuaram 3% nos nove meses até março, mas começam a se estabilizar, diz Ricard. Segundo ele, há uma classe média na China que possui meios financeiros para comprar marcas premium.


Para acelerar sua expansão, o grupo fixou ainda estratégias geográficas que incluem, além dos Estados Unidos e a China, a Índia e a África. O continente africano representa hoje só 3% da receita, mas há "várias oportunidades, inclusive no segmento de marcas premium", avalia Ricard.


A retomada do crescimento também passa pela inovação. A bebida Ballantine's Brasil, mistura de scotch com casca de lima, tem obtido bom desempenho de vendas na França, conta Ricard, e está sendo lançada em mais de 20 mercados.


Mas o anúncio do plano para acelerar as vendas parece não ter empolgado os investidores. As ações da Pernod Ricard fecharam ontem em queda de 4,85%, o pior desempenho na bolsa de Paris.


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