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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 02-06-2015 - 09:38 -   Notícia original Link para notícia
Levy quer foco na oferta e vê 2º semestre mais favorável


O Brasil tem que começar a focar cada vez mais em reformas do lado da oferta, disse ontem o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para quem há "bastante chance" de o país ter um segundo semestre favorável na economia se "tomar as providências necessárias com rapidez". Para Levy, a recuperação brasileira será lenta e terá que ser construída "tijolo por tijolo". Sobre a possibilidade de uma segunda metade do ano mais positiva, ele observou "que isso vai envolver uma resposta do setor privado".


"Durante um tempo, se achou que bastava apoiar a demanda, dar incentivos. Ficou evidente que isso não está mais nos levando para frente. Nós temos que ter os preços no lugar certo, facilitar o pagamento de impostos", afirmou Levy, ao ressaltar a importância de reformas do lado da oferta. Ele participou ontem de um evento sobre a América Latina no Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington.


Levy disse que há uma reforma do PIS/Cofins que o governo quer fazer, e enfatizou que há "uma discussão muito importante com os governadores sobre o ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços]". Para ele, "o ICMS é hoje uma trava do crescimento". O imposto não traz dinheiro suficiente aos governadores e desestimula as empresas a investir. "A gente quer transformar isso. Tem que botar o ICMS de uma maneira que ajude os Estados." Ele fez as declarações ao responder por que o Brasil tem crescido abaixo da média da América Latina.


Levy disse que, nesta semana, haverá o anúncio do novo plano de safra. Segundo ele, será um plano "muito robusto", que deve atender as expectativas da agricultura, "um setor muito importante", que também vai ajudar o país a passar este ano. Questionado sobre o fato de o mercado ter visão menos otimista da economia brasileira, ele disse que se trata de algo normal. "Em geral, tem um período em que você mergulha e depois começa a recuperar. Talvez, em parte, algumas das discussões tenham demorado um pouquinho mais do que o previsto."


As discussões que demoraram foram no Congresso, relativas às medidas de ajuste fiscal? "No Congresso, entre outros lugares. Mas o importante é a gente continuar avançando." Ele ressaltou a área de infraestrutura, lembrando que a presidente Dilma Rousseff deve anunciar um programa de concessões em breve.


Num mundo marcado por crescimento baixo, com acomodação da China, a estratégia do Brasil mira o longo prazo, disse. "Nesse cenário, é preciso estar na melhor forma possível". Levy notou que a presidente tem dito que as políticas anticíclicas, usadas nos últimos anos, são temporárias. "Nós temos que nos mover para algo mais permanente,"


O ministro ressaltou que as medidas de ajuste adotadas pelo governo geram recursos, mas têm um aspecto mais importante, de "retrabalhar" a economia. "São reformas estruturais, disfarçadas de coisas mais simples", disse, citando o caso das iniciativas relativas ao mercado de trabalho, sem mencionar a proposta que altera regras de concessão de benefícios como o seguro desemprego.


Segundo Levy, um dos maiores problemas do mercado de trabalho é a rotatividade, por implicar em menos investimento em qualificação e em menor eficiência. As regras anteriores estimulavam especialmente as pessoas mais jovens a entrar e sair da força de trabalho, o que não seria a melhor maneira de se qualificar trabalhadores. Com as mudanças, há mais incentivos para os trabalhadores permanecerem mais tempo no emprego.


O ministro enfatizou a importância do aumento da poupança pública para elevar a taxa de poupança na economia. Para ele, isso pode ajudar o setor privado a poupar mais, por reduzir o risco fiscal. Segundo Levy, é importante abrir mais a economia, destacando o relançamento da discussão para o acordo comercial com a União Europeia e o anúncio, na semana passada, de que o país vai começar a negociar em julho ampliação do tratado com o México.


No seminário, Levy participou de painel em que estiveram presentes Carmen Reinhart, professora da Universidade de Harvard, e o subsecretário do Tesouro americano, Nathan Sheets, entre outros. As quatro perguntas da plateia foram para Levy, duas das quais sobre a Petrobras. Em painel mais cedo, o ex-presidente do Banco Central, Arminio Fraga, disse que a recessão no Brasil seria pior sem o ajuste adotado por Levy. Segundo Arminio, Levy está fazendo o que pode e, ainda que as medidas não sejam suficientes, a situação estaria mais grave sem o ajuste.


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