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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 31-05-2015 - 12:43 -   Notícia original Link para notícia
Queda na produção industrial atinge a maior parte do país

Da Zona Franca ao Rio, empresas preveem ano difícil para o setor


Mais do que a queda de 3% da indústria no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre na comparação com igual período do ano passado, o desempenho negativo do setor chama a atenção pela sua disseminação. Com exceção de alguns segmentos, como o extrativista, a retração é generalizada nos diferentes ramos de atividade e também geograficamente - de 15 regiões analisadas na Pesquisa Industrial Mensal (PIM), do IBGE, 11 acumularam queda na produção do primeiro trimestre.



MARCOS ALVES Efeito. Cesar Prata, da Asvac, avalia que o segmento foi afetado por problemas da Petrobras


- A desaceleração da indústria já tinha esse caráter mais geral entre os produtos duráveis e semiduráveis, mas agora não se salva ninguém, nem alimentos, perfumaria, higiene e limpeza. Os número do IBGE mostram que a crise da indústria se aprofundou - diz Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).


'SEGURAR O LEME E REZAR'


O baque na indústria nordestina reflete em parte a retração do consumo de bens duráveis, como veículos e eletrodomésticos. No Ceará, a Esmaltec, fabricante de eletrodomésticos (refrigeradores, fogões, etc) informa que está readequando a produção em razão das perspectivas do cenário atual. Sem dar números, a empresa confirma que o ajuste inclui cortes de pessoal. Segundo levantamento do Iedi, em todos os 18 ramos industriais pesquisados pelo IBGE, houve queda do nível de emprego no primeiro trimestre.


No polo industrial da Zona Franca de Manaus, de acordo com a Suframa, o faturamento em dólares das empresas lá instaladas teve queda de 22,6% no primeiro trimestre, o que levou à demissão de cerca de 13 mil trabalhadores.


- A sorte foi que abriram dois shopping centers na cidade, com 2 mil empregos e acabaram absorvendo parte do pessoal dispensado do polo industrial - diz Valdomiro Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Manaus.


No chamado Polo de Duas Rodas, em Manaus, de onde saem 97% da produção nacional de motos, a Honda, líder no segmento, já chegou a ter dez mil empregados. Hoje tem oito mil e opera com 66% da capacidade.


- Já vínhamos com crise antecipada pela maior restrição ao crédito e nos últimos três anos fizemos ajustes que amenizaram medidas mais drásticas - diz Paulo Takeuchi, diretor-executivo da Honda.


Para o empresário César Prata, da Asvac Bombas Industriais, de São Paulo, que fornece equipamentos para navios e plataformas, as dificuldades já vinham desde que os problemas da Petrobras começaram a vir à tona nos últimos dois anos. A situação se agravou com a eclosão da Operação Lava-Jato, que apura casos de corrupção.


- Somos uma empresa especializada em petróleo, e tentamos fugir para outros segmentos. E aí encontramos a economia estagnada - diz Prata, cuja fábrica emprega menos de 40 funcionários e fatura 50% do que faturava em 2011.


Segundo Prata, o contingenciamento do Orçamento é outro obstáculo:


- Temos que tomar conta do caixa diariamente, segurar o leme e rezar.


No Rio de Janeiro, a MAN Latin America, que fabrica caminhões, vê um ano de dificuldades. Roberto Cortes, presidente da empresa, diz que ela opera com capacidade ociosa de 40%.


- Demos férias coletivas em dezembro, que é de praxe, e de novo em fevereiro. Reduzimos a jornada de trabalho, reduzimos a produção, fizemos programa de demissão voluntária e temos funcionários em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) - explica.      


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