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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Finanças ) - MG - Brasil - 30-05-2015 - 12:37 -   Notícia original Link para notícia
Dólar ajuda superávit do governo


Brasília - O Leão e a queda do dólar foram os principais responsáveis pela forte economia feita pelo governo em abril para pagar os juros da dívida. O setor público consolidado do mês passado teve superávit de R$ 13,5 bilhões, bem maior do que os R$ 239 milhões de março ou que o resultado no vermelho de R$ 2,3 bilhões de fevereiro. A cifra também ficou acima das estimativas feitas pelos analistas do setor privado. Nem por isso caiu a desconfiança do mercado financeiro de que o Brasil terá dificuldades de cumprir sua meta fiscal este ano.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, lembrou que abril costuma ser um mês favorável para as contas públicas, por causa do pagamento do Imposto de Renda.

"Tendo em vista a conjuntura, com o PIB que registrou queda no trimestre, resultado do primário é positivo", avaliou ele, referindo-se à queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre do ano ante os últimos três meses de 2014.

Outro ponto que ajudou a engordar o caixa do governo foi a queda de 5,94% do dólar em abril na comparação com o real. A baixa ajuda na contabilidade porque o BC possui uns contratos com agentes financeiros que são indexados à moeda americana e, quando a variação do dólar é maior do que a dos juros, a instituição ganha com esse instrumento, que no jargão financeiro é chamado de swap cambial.

O lucro com essas operações no mês passado foi de R$ 31,8 bilhões, um recorde desde que as usou pela primeira vez, em 2002 Vale apenas destacar que essa mesma diferença cambial representou um custo de R$ 65,5 bilhões com a administração das reservas internacionais, um colchão de US$ 374 bilhões que o Brasil mantém para momentos de crise.


Juros - Esse ganho inédito com os swaps fez despencar o gasto do governo com o pagamento de juros. Se em março foram desembolsados R$ 69,5 bilhões com essas despesas, a conta caiu para R$ 2,2 bilhões no mês passado - a menor marca da série histórica iniciada pelo BC em dezembro de 2001. Com isso, o resultado nominal ficou positivo em R$ 11,2 bilhões, fato bastante raro, mas que ocorreu já em janeiro deste ano.

No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, a economia para pagar juros soma R$ 32,5 bilhões, o que representa metade da meta fiscal prevista para 2015 inteiro. Desse montante, 53% são provenientes dos governos regionais. Por isso não se pode pensar que o objetivo já está garantido. Como lembrou Maciel, no segundo semestre do ano, Estados e municípios já não contribuem tanto com esse resultado.

Apesar de um cenário relativamente benigno para as contas públicas em abril, em 12 meses até abril, o saldo não apenas se mantém no terreno negativo, em R$ 42,6 bilhões, como a fatia dessa quantia em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), de 0,76%, é a maior da série histórica.

Os números acima das expectativas também por conta dos governos regionais não mudam o sentimento da economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, de que o esforço fiscal ainda é insuficiente para atingir a meta de 2015.

Segundo ela, os efeitos do ajuste promovido pelo governo federal já são perceptíveis, mas a meta fiscal é particularmente "dura" pois foi feita com uma expectativa de atividade que não condiz com a realidade.

"O governo vai depender de receitas extraordinárias que podem aparecer na segunda metade do ano, mas também pode completar o ajuste com mais aumentos de impostos, principalmente aqueles que podem ser feitos de maneira rápida, sem passar pelo Congresso", considerou. (AE)


Resultado das contas públicas não foi positivo, diz especialista


São Paulo - O superávit primário do setor público consolidado em abril, de R$ 13,445 bilhões, veio acima do teto das projeções, mas o especialista em contas públicas Raul Velloso diz que o resultado "não foi positivo em nenhum aspecto" Para ele, a variável essencial é a relação entre o desempenho de receitas e despesas, "quem vem piorando mês a mês".

Velloso aponta que, tradicionalmente, o superávit é melhor no início do ano. No acumulado do primeiro quadrimestre, o saldo positivo do governo está em R$ 32,448 bilhões este ano, mas era de R$ 42,527 bilhões em igual intervalo de 2014.

Mesmo com esse dado nos primeiros meses, o ano passado terminou fechando com um déficit de R$ 32,536 bilhões. "O fim do ano é sempre pior. E se a gente olhar mês a mês, este ano está pior do que todos os meses do ano anterior", aponta o especialista.

Segundo Velloso, em 12 meses, a variação real da receita com tributos está em -2,3%, enquanto as despesas crescem 5%. "O drama deste ano é que precisaria haver uma recuperação das receitas e uma queda das despesas, e isso não está acontecendo".


Insuficiente - Para o economista, o contingenciamento de R$ 69,9 bilhões anunciado recentemente pelo governo não é suficiente. Para atingir a meta de superávit, seria preciso um contingenciamento de R$ 100 bilhões.

No âmbito da receita, Velloso diz que, a essa altura do campeonato, elevar tributos não resolve. Seria necessário uma forte recuperação da economia - que não está no radar - ou a criação de um novo imposto importante, no nível da antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).

O valor de R$ 13,445 bilhões de superávit nas contas do setor público em abril ficou acima das estimativas dos 13 analistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE Projeções, que iam de superávit de R$ 8,5 bilhões a R$ 12,1 bilhões, com mediana positiva de R$ 11 bilhões. (AE)



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