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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 29-05-2015 - 09:39 -   Notícia original Link para notícia
Felinos estimulam criação de bens especializados


Silvana Nymann e seus bichinhos: "Eles precisam ter coisas para escalar"


A verticalização das cidades e o estilo de vida mais atribulado estão colaborando para acelerar o crescimento da população de gatos no país. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) indicam que os cães ainda são maioria dos animais domésticos, com 37 milhões de indivíduos, contra 21 milhões de gatos. Mas estima-se que a população felina cresça em média 8% ao ano e se iguale à canina em sete anos.


O cenário está gerando produtos e serviços especializados em felinos, como clínicas e hotéis. Em São Paulo, um deles é a Gatolândia, onde um gato ou sua família podem se hospedar em aposentos exclusivos de 3 m2 a 15 m2, com decoração temática, diárias a partir de R$ 45. O dono do bichano recebe fotos de sua estadia e relatório veterinário sobre seu comportamento. "Estabelecimentos tradicionais, com gaiolas e cães, estressam muito o animal", diz a veterinária Michele Matsubara, uma das donas do hotel, que consumiu investimento inicial de R$ 30 mil.


Fornecedores de acessórios e móveis também crescem com os felinos. A Pet Games surgiu em 2011 para produzir peças para entretenimento e alimentação, como tabuleiros interativos com sequência lógica para localização do alimento e pet balls, bolas para inserção de alimento, com funcionalidades suficientes para permitir pedidos de patentes.


A maior parte é voltada aos gatos, mas os cães respondem por 70% do faturamento da empresa, que produz mais de 100 mil peças ao ano. Especialmente para os felinos, oferece peças como Flying Cat, isca voadora com penas e sons para saciar o instinto caçador, arranhadores e tocas de papelão maciço. "No ano passado crescemos 80%", diz Dalton Ishikawa, fundador da empresa e veterinário especializado em comportamento.


A startup Tobi4Pet também mira tanto cães quanto gatos como usuários de seu acessório eletrônico para coleiras equipado com SIM Card e GPS para rastreabilidade dos pets. Um aplicativo móvel permite ao dono ver onde seu animal está e criar cercas eletrônicas - caso ultrapassadas, o aparelho emite alerta por SMS. A iniciativa já recebeu um primeiro aporte de R$ 500 mil da ITS, que se tornou sócia do negócio, e está na mira de investidores como a Audax Investments.


O produto, desenvolvido no Brasil e fabricado na China, será lançado em agosto ao mesmo tempo na América Latina, nos EUA e na Europa. Deve custar US$ 99, mais US$ 10 mensais pelo serviço. "O gato é o maior mercado, sai muito e fica dias fora de casa", diz Diego Valverde, um dos sócios.


Outras dedicam-se apenas aos bichanos. Mobiliário em papelão é o foco da Letz Pets, que patenteou um produto misto de casinha e playground cujo formato triangular permite uso como rampa de acesso e obstáculo. Embalagem e rebarbas do produto podem ser empregadas, respectivamente, como pôster e bolinhas, mas o preço, R$ 60, dificultou sua distribuição em pet centers. "A margem diminui muito", diz o empreendedor Zito Campos, agora concentrado em loja on-line no Facebook.


Outras, como Cozy e Ronron, apostam em mobiliário em madeira. A primeira nasceu quando Fernanda Prado, dona de uma gata de 11 anos, não conseguia encontrar arranhador adequado para sua felina de 5,5 kg da raça Maine Coon. Decidiu produzir um. A vizinha adorou e comprou o produto. O segundo também foi vendido e a gata só conseguiu usar o terceiro. A aceitação levou Fernanda a colocar o produto à venda no Mercado Livre, em 2011.


Hoje a linha inclui prateleiras e caixas, com preços a partir de R$ 90. "São cerca de 200 móveis por mês", conta Fernanda. Silvana Nymann dos Santos é uma das que aprovam a marca. Dona de um gato e três gatas - Planck, Sofie, Marie e Emmy -, buscava algo mais sólido para os bichinhos se divertirem e adquiriu um "condomínio" da Cozy. "Já estou pegando mais um, além de caixas. Eles precisam ter coisas para escalar", justifica.


A Ronron surgiu em 2011 depois que o designer Frank Morais criou um móvel em madeira maciça para seu gato. Hoje, são 34 peças no portfólio, como comedouros e casinhas, e a produção é de 400 unidades mensais.


Hotéis mudam para atender à maior demanda


O apreço pelos animais domésticos está estimulando diversos hotéis a aceitarem hóspedes acompanhados de seus pets. O portal especializado Turismo 4 Patas registra cerca de 250 estabelecimentos em todo o país que já adotaram esta orientação. Em alguns, como o Unique Garden, de Mairiporã (SP), a política foi instaurada logo de início, mas outros, como o Stream Palace, de Ribeirão Preto (SP), estão adotando a estratégia para responder à demanda crescente.


O Stream dedicou um de seus oito andares, com 18 apartamentos cada, especialmente a hóspedes acompanhados de animais de pequeno porte. A estratégia visa resguardar os demais clientes. Entre as adaptações para acomodar melhor os pets, o andar ganhou piso frio e o hall do hotel, lixeira especial para excrementos.


"Já recebemos pelo menos 200 pernoites que não teríamos antes", diz Rosemeire Zuccolotto, idealizadora do projeto e gerente do hotel, inaugurado em 1979 e com ocupação média de 65% a 68%. Os cãezinhos são os mais frequentes, mas já foram abrigados gatos e periquitos. Todos recebem kits com tigelas para comida, tapete higiênico e outros mimos, com taxa de R$ 30 reais por animal - no máximo dois por apartamento.


Fora dos grandes centros, a estratégia é ainda mais reforçada. O Unique Garden nasceu em 2005 já aceitando os pets. Misto de hotel e spa, foi criado pela família do acionista do laboratório Aché Victor Siaulys e pelo mesmo grupo do hotel Unique na região dos Jardins, em São Paulo. O empresário chegou a ter 28 cachorros entre apartamento em São Paulo e casas de veraneio e a família sentia muito quando os hotéis não aceitavam os animais de estimação.


Os pets, independentemente do porte, ficam hospedados no mesmo chalé dos hóspedes e ganham caminha, bebedouro e brinquedo, além de espaço exclusivo com playground. São admitidos no restaurante Kitanda, contam com serviço veterinário de emergência e pagam taxa única de R$ 150 cada. "Hóspedes com pets representam em média 10% da ocupação", contabiliza Julliana Cacciani, veterinária do hotel, que conta com 27 chalés, diárias a partir de R$ 1.900.


A presença dos animais faz a pegada de bem-estar também no Ronco do Bugio Pouso e Gastronomia, de Piedade (SP). Construída em 2004 em uma área de 22 hectares de Mata Atlântica, a pousada conta com 14 suítes, faz parte da Associação Roteiros de Charme e aposta em conceito sustentável e em confortos como espaço terapêutico, academia e piscina de água natural corrente. O hotel hospeda qualquer animal considerado pet, sendo o mais comum cachorros, mas já recebeu gatos, coelhos e pássaros. Não há cobrança de taxa adicional na diária, com valor mínimo de R$ 625 por casal.


"O público que tem pet é bastante fiel", avalia a sócia-proprietária Gabriela Majolo.


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