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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 29-05-2015 - 09:31 -   Notícia original Link para notícia
Maio fraco aprofunda queda das montadoras


Fabricantes seguem adotando medidas para cortar a produção, mas, por enquanto, o esforço tem sido insuficiente para normalizar os estoques de carros


As montadoras tiveram em maio mais um mês de vendas decepcionantes, agravando números da indústria automobilística que já eram desoladores. Dados preliminares coletados até quarta-feira - dois dias úteis antes do fechamento do mês - mostram queda de 24% no consumo de veículos novos no país na comparação com maio de 2014.


Em relação ao mês passado, os emplacamentos estão 3,6% menores, em conta que inclui carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus. No total, pouco mais de 183 mil unidades tinham sido comercializadas até quarta. Com isso, a queda das vendas de veículos no acumulado do ano, que estava em 19,2% no fechamento de abril, agora já alcança 20,1%.


Apenas neste mês o setor conseguiu ultrapassar a barreira dos 1 milhão de veículos comercializados - marca que, em 2014, já tinha sido superada em abril. A diferença negativa de 2015 em relação aos volumes do ano passado passa de 270 mil veículos, ou o equivalente a um mês inteiro de vendas perdidas.


No mercado de carros de passeio e utilitários leves, que concentra os maiores volumes dessa indústria, as vendas deste mês estão 22,6% abaixo das registradas um ano antes. Na média, o mercado está girando menos de 10 mil carros por dia útil. Isso é menos do que a média diária próxima de 11 mil automóveis registrada entre janeiro e março, o que não coaduna com a visão transmitida pela Anfavea, a entidade das montadoras, de que a pior fase da crise teria ficado no primeiro trimestre.


A maior queda, porém, está no mercado de caminhões, onde o recuo neste mês é, por enquanto, de 50,4% na comparação anual.


A quebra de confiança na economia - levando a uma maior cautela das famílias ao consumir e dos bancos, a emprestar - é o motivo mais citado por dirigentes e analistas do setor para explicar a derrocada do mercado automotivo. Somam-se a isso a retração na atividade econômica e a menor disponibilidade de renda para o consumo, como resultado do endividamento das famílias mais o avanço da inflação e dos juros. "O que aconteceu é que falta PIB [Produto Interno Bruto]", diz o diretor de uma grande fabricante de automóveis, que prefere não ter o nome identificado.


As montadoras seguem adotando medidas para cortar a produção, mas esse esforço tem sido insuficiente para normalizar os estoques. No fim de abril, último dado divulgado pela Anfavea, 367,2 mil veículos estavam encalhados em pátios de fábricas e concessionárias. É um volume que o mercado leva 50 dias para consumir, quando o ideal seria ter um estoque com giro mais próximo de 30 dias.


Assim, as paradas de produção continuarão no mês que vem, a começar na segunda-feira com férias ou folgas em fábricas no ABC paulista da Mercedes-Benz, da Scania e da General Motors (GM). Em Betim (MG), os funcionários da Fiat serão dispensados para o feriado de Corpus Christi, na quinta-feira, e só voltam ao trabalho no dia 15. Todas as linhas de produção da marca líder de mercado serão interrompidas nesse período. Em março e no início deste mês, a Fiat já tinha concedido férias coletivas para um total de 4 mil funcionários.


Ontem, no segundo dia de protesto contra as demissões de 500 operários, trabalhadores da Mercedes-Benz paralisaram a linha de montagem de caminhões no parque industrial da empresa em São Bernardo do Campo.


A manifestação, porém, não afetou os demais setores do complexo, como a fabricação de chassis de ônibus e as linhas de motores e de eixos - essas duas últimas paralisadas no protesto realizado na quarta-feira. Hoje, a fábrica da Mercedes, assim como as da Ford, da Volkswagen e da Scania - também instaladas em São Bernardo -, pode parar novamente por conta da mobilização nacional organizada por centrais sindicais em defesa dos direitos trabalhistas e da democracia. O sindicato dos metalúrgicos do ABC está convocando operários a cruzar os braços nessas fábricas. (Colaborou Marcos de Moura e Souza, de Belo Horizonte)


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