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Valor Online ( Finanças ) - SP - Brasil - 29-05-2015 - 10:02 -   Notícia original Link para notícia
Concessão de crédito deve encolher


Luiz Rabi, gerente da Serasa Experian: de janeiro a abril, o aumento da busca por crédito ocorreu apenas entre micro e pequenas empresas, com alta de 8,4%


Nos primeiros quatro meses de 2015, as concessões de crédito para pessoas jurídicas no país caíram 4,7% em relação ao mesmo período do ano passado, indica o relatório de Política Monetária e Operações de Crédito do Sistema Financeiro do Banco Central (BC). Para o segundo trimestre, a expectativa é de maior redução, segundo pesquisa trimestral de Condições de Crédito do BC, divulgada este mês com 46 instituições financeiras.


Os indicadores, que variam de -2 a 2, representando menos ou mais concessões, sinalizam que a percepção sobre a oferta de crédito para pequenas e médias empresas, negativa em - 0,79 no primeiro trimestre, deverá ser pior, com - 0,94 no segundo trimestre. Ao mesmo tempo, a demanda nesse segmento deverá aumentar ligeiramente, de - 0,52 no primeiro trimestre para - 0,30, no segundo trimestre.


De janeiro a abril, o aumento da busca por crédito - bancário e outros tipos -, ocorreu apenas entre micro e pequenas empresas, com alta de 8,4%, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por Crédito. "Diante da recessão e da dificuldade de geração de caixa, essas empresas demandaram recursos urgentes para pagar dívidas e cobrir despesas", afirma Luiz Rabi, economista da Serasa Experian.


Nas médias empresas, o recuo na demanda por crédito nos primeiros quatro meses do ano foi de 14,2% e, nas grandes, a queda foi de 7,7%. As companhias de maior porte costumam ter uma estrutura de capital mais robusta e há menos investimentos em ampliações de estruturas ou aquisições de equipamentos em curso, conforme o economista.


No entanto, por mais que as micro e pequenas empresas tenham necessitado de mais crédito, não tiveram, na mesma intensidade, respostas positivas por parte dos bancos e buscaram alternativas, avalia Rabi. Com a economia fraca, cresce o risco de inadimplência. "Os bancos ficam mais conservadores, privilegiam o menor risco, isto é, o atendimento às grandes empresas", afirma.


Considerando os balanços do Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, a participação das micro, pequenas e médias empresas no estoque de crédito para pessoas jurídicas vem caindo, aponta pesquisa da Serasa Experian. No primeiro trimestre deste ano foi de 34,1%. No mesmo período de 2014, era de 38% e em igual intervalo de 2013, representava 40,9%.


A inadimplência das empresas subiu 12,1% no primeiro trimestre de 2015, na comparação com igual período do ano anterior, conforme a Serasa Experian. Cerca de 95% das negativações são de micro, pequenas e médias empresas. A inadimplência com os bancos teve alta de 3,5%, sendo R$ 4,3 mil o valor médio das dívidas. A alta da Selic e o risco de inadimplência têm elevado as taxas praticadas. Entre janeiro e abril, as modalidades mais salgadas foram cheque especial e antecipação de faturas de cartão, segundo o BC.



O economista Dan Cohen, ex-sócio da Hedging Griffo, lançou no início do ano a F(x), uma plataforma focada em crédito e que faz matching entre médias empresas e financiadores. Já são 20 companhias cadastradas e, do outro lado, 35 instituições entre bancos médios e fundos de investimento. Na evolução de janeiro a maio, os financiadores tornaram-se mais conservadores. "Eles procuram empresas com menores índices de alavancagem e exigem mais garantias", diz Cohen.


Mas há sinais de algumas mudanças positivas. Após apresentar leve recuo no volume de crédito destinado às PMEs nos últimos meses, o Santander adota uma nova estratégia para reverter essa situação. A operação brasileira se integrou, este mês, a um programa global de apoio aos empreendedores. A plataforma Santander Negócios & Empresas oferecerá R$ 15 bilhões em crédito e novidades em produtos e serviços. Há ainda um pilar que visa a capacitação e networking.


Para Jesús Zabalza, presidente do Santander Brasil, com o ajuste fiscal promovido pelo governo, a economia avançará em médio prazo. "Estamos em um período de transição da economia estagnada para o crescimento. Ajudaremos as empresas a atravessar esse momento. Apostamos agora porque acreditamos que a economia do país voltará a crescer dentro de seis meses a um ano", afirma Zabalza. Em março, a carteira de crédito das PMEs totalizou R$ 38,5 bilhões com adquirência, 12% de sua carteira ampliada.


No Bradesco, nos últimos doze meses, a evolução do crédito às grandes empresas foi de 10,4% e de apenas 1,9% às micro, pequenas e médias empresas. A fatia das MPMEs representa 24,8% da carteira expandida e atingiu R$ 114,9 bilhões em março. "Temos perspectiva de melhora no segundo semestre pois a economia costuma ficar mais aquecida", avalia João Carlos Gomes da Silva, diretor do Departamento de Comercialização de Produtos e Serviços do Bradesco. O banco trabalha, cada vez mais, de forma segmentada e o setor de franquias é uma das apostas.


O Sebrae irá disponibilizar R$ 25 milhões para o Bradesco utilizar como garantias complementares aos financiamentos de franquias. O Bradesco é a primeira instituição privada a aderir ao Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe). Com o montante aportado pelo Sebrae, o banco poderá liberar até R$ 300 milhões em empréstimos. O Santander se prepara para atender as franquias tendo o Sebrae como avalista.


As micro, pequenas e médias empresas correspondem a 64% da carteira de crédito de pessoas jurídicas da Caixa. De acordo com Eugênia Regina de Melo, superintendente nacional de estratégia para micro e pequeno empreendedorismo do banco, em cenários difíceis, há maior procura por recursos urgentes como cheque especial, antecipação de recebíveis e capital de giro. Mas o banco tem incentivado o acesso a algumas linhas que ajudam as empresas a se organizar.


"Estimulamos pequenos investimentos para melhoria de processos ou troca de equipamentos antigos por mais eficientes, que consomem menos água e energia", diz Eugênia. Para médias empresas, a Caixa projeta expansão superior a 20% na oferta de crédito em 2015. No primeiro trimestre, o crédito de micro e pequenas empresas do Banco do Brasil atingiu R$ 100,4 bilhões, crescimento de R$ 144 milhões em relação ao mesmo período de 2014.


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