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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 27-05-2015 - 09:45 -   Notícia original Link para notícia
Alta do déficit quase dobra necessidade de financiamento externo até abril

As necessidades de financiamento externo quase dobraram no primeiro quadrimestre, mostram dados divulgados ontem pelo Banco Central, devido à queda acelerada dos investimentos diretos e da relativa estabilidade do déficit em conta corrente. Em abril, no entanto, os investimentos diretos vieram acima das expectativas, com entrada líquida de US$ 5,8 bilhões, embora abaixo dos US$ 8,5 bilhões de abril de 2014.


De dezembro a abril, as necessidades de financiamento externo subiram de 0,34% do Produto Interno Bruto (PIB) para 0,64% do PIB, nos dados acumulados em 12 meses. O indicador, que representa a diferença entre o déficit em conta corrente e os investimentos diretos, mede o quanto o país deve atrair de capitais mais voláteis para cobrir o resultado negativo nas suas contas externas.



O déficit em transações correntes aumentou levemente, de 4,47% do PIB em dezembro de 2014 para 4,53% do PIB em abril, sempre nos dados em 12 meses. Já o volume de investimentos estrangeiros no país (IDP) encolheu de 4,13% do PIB para 3,89% do PIB no período.


A diferença entre o comportamento dessas duas variáveis fica mais clara quando são analisados os dados do primeiro quadrimestre. O déficit em conta corrente caiu 12,4%, para US$ 32,462 bilhões, enquanto o IDP teve recuo de 36,3%, para US$ 18,912 bilhões. Visto de outra forma, o IDP financiou apenas 58% do déficit em conta corrente no primeiro quadrimestre deste ano, ante 80% em igual período de 2014.


Apesar da queda mais pronunciada dos investimentos diretos, há os primeiros sinais positivos de uma eventual queda nominal do déficit em conta corrente, refletindo a desvalorização recente da taxa de câmbio e o menor nível de atividade. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel, o déficit na conta de serviços teve relativa estabilidade no primeiro trimestre deste ano, interrompendo trajetória de alta observada nos anos anteriores. Desde abril, porém, passou a recuar - e os dados parciais referentes a maio confirmam essa tendência.


Em abril, o déficit em conta corrente somou US$ 6,901 bilhões, bem abaixo dos US$ 9,190 bilhões observados em igual período de 2014. O resultado da balança comercial se manteve basicamente estável, oscilando de superávit de US$ 327 milhões em abril de 2014 para também superávit de US$ 280 milhões em abril deste ano.


Já as despesas líquidas com serviços tiveram um recuo expressivo, de 18%, fechando em US$ 3,514 bilhões em abril deste ano. O destaque foi a queda 33% nas despesas líquidas com viagens internacionais, que somaram US$ 1,2 bilhão em abril. O item transportes recuou 22,3% no mês, para US$ 638 milhões, em virtude sobretudo da redução das importações.


A conta de rendas primárias também teve uma queda importante. O destaque foi um menor volume de remessas de lucros e dividendos, que ficou 42% menor em abril comparado ao mesmo mês de 2014, somando US$ 2,358 bilhões. Maciel explicou que as remessas se reduziram em função da desvalorização cambial, que diminui o valor em dólar dos resultados obtidos em reais por multinacionais, e tambem à menor atividade econômica, que reduz a lucratividade das companhias.


Segundo Maciel, a tendência de redução de gastos com viagens internacionais e nas remessas de lucros e dividendos prossegue em maio, pelo menos nos dados parciais apurados até o dia 22. Isso confirmaria as previsões do BC de que o déficit em conta corrente, que atingiu US$ 105 bilhões em 2014, irá cair para US$ 84 bilhões neste ano. O BC também projetava um recuo nos investimentos diretos, embora num ritmo menor do que o observado neste ano. Pelas contas da autoridade monetária, os investimentos diretos recuariam de US$ 96 bilhões em 2014 para US$ 80 bilhões neste ano.


Como os investimentos diretos estão mais fracos, o país está se valendo de capitais mais voláteis para financiar o seu déficit em conta corrente. É o caso dos investimentos em ações, que somaram US$ 7,023 bilhões líquidos no primeiro quadrimestre, dos quais US$ 3,153 bilhões apenas em abril. Os investimentos estrangeiros em renda fixa, dos quais se destaca a aquisição de títulos públicos, somaram US$ 16,3 bilhões no quadrimestre - US$ 2,847 bilhões em abril.


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