A Marisol, empresa têxtil de Santa Catarina, vai adotar o modelo de franquias para a marca de roupas para crianças que leva seu nome. A primeira loja Marisol foi inaugurada em Curitiba na sexta. O perfil é mais acessível do que a rede Lilica & Tigor, fundada em 2000 pela companhia.

"Quisemos consolidar a Lilica & Tigor para depois pensar em criar e operar uma nova rede", diz Luis Delfim de Oliveira, diretor corporativo do varejo. A Lilica & Tigor, focada nas classes A e B, soma 184 lojas e também opera no sistema de franquias.

A loja Marisol começou a ser planejada há um ano. "O consumidor quer um produto de qualidade, com valor justo, e quer ser bem atendido, mas a experiência depende de um ambiente mais controlado que o da [loja] multimarca", diz Oliveira.

A opção por franquear uma marca mais barata que Lilica & Tigor não foi resposta à piora econômica, segundo a empresa, embora o setor de vestuário sinta os efeitos da perda de confiança do consumidor e da alta da inflação. De janeiro a março, o varejo de roupas, calçados e tecidos apresentou retração de 3% em relação a igual período do ano passado, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O investimento médio da loja Marisol é de R$ 400 mil, incluindo montagem, taxa de franquia e o primeiro estoque. Haverá pontos em shoppings e na rua. Para Lilica & Tigor, o valor vai de R$ 370 mil a R$ 490 mil, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).

A ambição é ter abrangência nacional. "Há alguns candidatos e lojas pré-negociados. A resposta tem sido positiva", diz o diretor de varejo. Para ele, o modelo vai ajudar a desenvolver e planejar coleções, conhecer o tíquete médio e o perfil de compra dos clientes. As vendas em multimarcas e no site estão mantidas.

Fundada em 1964, a Marisol é dona das marcas Marisol, Lilica Ripilica, Tigor T. Tigre, Mineral e Mineral Kids, produzidas em três fábricas nos Estados de Santa Catarina e Ceará. A receita líquida do grupo somou R$ 630 milhões em 2014, crescimento de 4% na comparação anual.

A companhia acredita na oportunidade de acelerar as exportações com a desvalorização do real ante a moeda americana. O câmbio também torna o produto nacional mais competitivo, ao dificultar as importações. "O processo de abertura de novos mercados é de médio a longo prazo, mas há a expectativa de que o canal de exportação seja favorecido", afirma Oliveira.

Desde 2012, a Marisol tem se concentrado em suas origens, o público infantil, depois de tentativas frustradas de diversificação. Naquele ano, a companhia vendeu a grife de moda praia Rosa Chá para a Restoque, dona da Le Lis Blanc, por R$ 10 milhões. Em 2006, a Marisol havia pago R$ 25 milhões ao estilista paulistano Amir Slama pela marca. A empresa também foi dona da Pakalolo, de roupas para adolescentes, e da Stereo, comprada da fundadora da Colcci, Lila Colzani.

A Marisol pertence à família catarinense Donini. Seus fundadores fecharam o capital da companhia em 2012.