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Estado de Minas Online ( Negócios e Oportunidades ) - MG - Brasil - 24-05-2015 - 12:11 -   Notícia original Link para notícia
Sem deixar a peteca cair

Como algumas empresas estão driblando a crise econômica do país e reinventado seus negócios para não perder clientela


Zulmira Furbino


Publicação: 24/05/2015 04:00


Com a queda do público à noite, Bruno Cicutti, do Restaurante República da Esbórnia, contratou novo chef para ofertar almoço de segunda a sexta também

Em tempos de estagnação econômica, expectativa de inflação acima da meta e de alta nos juros básicos da economia, um dos grandes desafios das micro e pequenas empresas é se manterem lucrativas e defender seu espaço no mercado. Para isso, é preciso ter foco, resiliência (a virtude de dançar conforme a música), capacidade de planejamento e manter um olho nos custos e outro nas oportunidades. De acordo com Haroldo Santos Araújo, analista da unidade de atendimento e consultor do Sebrae Minas, quando a demanda está aquecida é possível atirar para todos os lados, mas em momentos de retração a prioridade é direcionar as ações e o posicionamento da empresa. É o que vêm fazendo duas pequenas empresas de Belo Horizonte: a barbearia Seu Elias, no Bairro Ouro Preto, e o Restaurante República da Esbórnia, no Bairro Buritis.

A primeira, inaugurada há dois anos, chegou ao mercado oferecendo uma nova roupagem a um serviço aparentemente em extinção, e com apenas seis meses de funcionamento ampliou um espaço de 27 metros quadrados (m²) para 500m², com estacionamento para 15 veículos, manobrista, quatro recepcionistas, 10 profissionais barbeiros, um gerente administrativo e um auxiliar. O segundo, que só funcionava à noite, ampliou o atendimento para o horário do almoço e pretende, em três meses, ampliar o faturamento em 40%. "Barbearia e corte de cabelo são profissões ligadas à minha família e estou nesse mercado há 16 anos. O mercado andava desaquecido, por isso entramos com um novo conceito e, mesmo em tempos de crise, estamos crescendo. Isso se deve ao meu trabalho e às estratégias adotadas na empresa", explica Elias Torres, proprietário da barbearia Seu Elias.
Elias Torres da Silva, proprietário da barbearia Seu Elias, apostou no estilo vintage e investiu pesado: trocou uma sala de 27 metros quadrados por um espaço de 500, com estacionamento, manobrista e 10 profissionais barbeiros
Antes de escolher seu modelo de negócios, Elias viajou aos Estados Unidos e à Inglaterra, onde fez cursos e pesquisou tendências. Com o conhecimento adquirido, optou pelo conceito retrô, que vende não apenas o serviço de barba e corte de cabelo, mas oferece ao cliente "uma experiência" ao fazer isso. "Trouxemos todos os costumes de uma barbearia dos anos 1970, adaptando-os para hoje. São toalhas limpas, esterilizadas, lâminas e navalhas descartáveis. Tesouras e outros utensílios também são esterilizados", explica. A ideia de unir serviços bem prestados ao ambiente retrô deu tão certo que a barbearia atrai clientes de outros municípios, como Divinópolis e Barbacena. Elias se orgulha disso e também do fato de haver atendido clientes famosos mundialmente, como os jogadores de futebol Neymar, o argentino Lionel Messi, Ronaldinho Gaúcho e Fábio, goleiro do Cruzeiro. O segredo, segundo Elias, foi oferecer um serviço antigo com uma embalagem nova. Numa segunda-feira, por volta das 14h, enquanto Elias dava entrevista ao Estado de Minas seu salão estava lotado e havia seis carros no estacionamento, atraídos pela qualidade do serviço prestado e pelos preços (R$ 35 o corte com a equipe e R$ 55 com o proprietário; e R$ 30 a barba com a equipe e R$ 45 com Elias).

CHEF E CARDÁPIOS NOVOS Em outro ramo de atividade, Bruno Cicutti, proprietário do Restaurante República da Esbórnia, sentiu a retração da clientela que frequentava a casa durante a noite e, diante disso, resolveu ampliar seu público, abrindo também em dias de semana na hora do almoço, serviço que já oferecia aos sábados e domingos. Para isso, contratou uma nova equipe e um chef que elaborou o cardápio executivo e diferenciado. De acordo com ele, em apenas três semanas já deu para sentir os resultados positivos. "Abrimos o restaurante há 13 anos, era o último da avenida, mas depois o comércio veio vindo. Em função do arrocho atual, estudamos o que poderia ser feito para incrementar o faturamento, já que durante a noite o restaurante estava sempre cheio, mas os clientes começaram a diminuir por conta da crise", explica. Além disso, o empresário investiu na reformulação de um espaço de 150m² voltado para as crianças.

Haroldo Araújo, do Sebrae, explica que muitos micro e pequenos empresários sofrem porque não conseguem se adaptar às mudanças da realidade. "Ocorre de uma pessoa ter uma loja num determinado local, por exemplo, um bairro de classe média, e se deparar com a retração da demanda. Então ela não está disposta a mudar de bairro. Mas uma empresa não pode ter sentimento por um lugar, deve procurar onde está o seu mercado. É preciso se adaptar à crise, porque ela não desaparecerá de uma hora para outra. Quanto mais rígido for o empresário, pior para ele. Quem se adapta tende a ter mais sucesso", avisa.


Palavras Chave Encontradas: Criança
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