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Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 17-05-2015 - 11:52 -   Notícia original Link para notícia
Vez agora é dos usados

Com orçamento apertado, consumidores recorrem a produtos de segunda mão para se vestir, comprar móveis, trocar de carro e de moradia. Novos hábitos aquecem comércio especializado


Dona do Retrô Brechó, Edilaine Santos espera dobrar o faturamento este ano com a venda de roupas e acessórios que já pertenceram a outra pessoa

Os tempos difíceis estão forçando os mineiros a vencer o seu amor pelo novo. Diante do aperto no orçamento, os preços lá em cima e o poder de consumo cada vez menor, muitos começam a levar para casa o que já foi usado. Na lista de itens estão carros, móveis e até mesmo roupas e acessórios de "segunda mão" que se tornaram oportunidade para quem quer economizar nessa época de recessão. "Mudei meus hábitos. Alguns objetos você pode comprar usados. Em muitos casos está valendo a pena", comenta a funcionária pública Clênia Luciana Rocha. Na semana passada, Clênia visitava, pela primeira vez, um brechó. "Estou levando uma blusa de frio para a minha filha que, se comprasse nova, custaria R$ 278. Aqui, estou pagando R$ 68", compara.

Vendendo marcas famosas de segunda mão, o Retrô Brechó está enfrentando o encolhimento do Produto Interno Bruto (PIB) cheio de estilo. Há 10 anos na região da Savassi, o Brechó, que agora está instalado no Shopping 5ª Avenida, comemora a chegada do inverno. Edilaine Santos, a Di, conta que seus clientes buscam peças diferenciadas, de grifes nacionais e internacionais, independentemente do humor da economia, mas quando o bolso aperta, os usados se tornam opção ainda mais forte. "No inverno, muitos clientes compram casacos para viajar. A qualquer momento, bolsas como Channel e Prada são um investimento pela durabilidade e custam menos da metade do preço."

Otimista com o atual momento da economia, Di espera dobrar seu faturamento em 2015. "Já estou olhando uma loja maior, para expandir o negócio", avisa. Aberta a novas experiências de consumo, Clênia Rocha, além de vestuário, deixou de comprar um carro novo, como estava acostumada. "Estou fechando com uma concessionária um veículo 2014. É a primeira vez que tenho mudado meus hábitos. Estou vendo que, na crise, a gente se reinventa", comenta. E não é só Clênia quem tem apostado nos usados.

Veículos Concessionárias que vendem automóveis de segunda mão já percebem um movimento do consumidor na direção dos usados. "Houve um aumento de 8% nas nossas vendas em relação aos três primeiros meses do ano passado", observa o dono da concessionária SRM Veículos, Mauro Coelho. Segundo ele, com a recessão econômica, há pessoas que estão fazendo troca de carros 2014 por 2008, pagando, assim, prestações mais baratas. "O comportamento está mudando e aquece o o mercado de usados. Quem vai comprar um carro zero, hoje, e vai financiá-lo, enfrenta o rigor dos bancos", diz.

A maior procura, segundo Coelho, é por carros populares, como Pálio, Gol, Fiesta, que custam entre R$ 25 mil e R$ 40 mil. "Estou há 30 anos no mercado e durante muitos anos atendia uma clientela mais simples. Hoje, o público é de todas as classes", conta. Na concessionária, ele oferece parcelamento dos veículos em 36 vezes, com entrada de 30%. "Além disso, caso o banco não aprove o financiamento, temos o parcelamento próprio. E os juros vão variar de acordo com o modelo do carro", revela.

O veículo usado foi a opção para o casal Michele Alvimar Dias e Rogério Batista. "Temos um automóvel 2006 e já estava na hora de trocá-lo. Até pensamos em comprar um zero, mas, diante das nossas condições financeiras e de sabermos que o país está em crise, não podíamos arriscar e optamos pelo usado", comenta Michele. Segundo o seu marido, que é motorista, se ele comprasse o mesmo automóvel, porém novo, pagaria quase R$ 10 mil a mais. Em 2010 e 2011, no auge da economia no Brasil, ele chegou a comprar uma moto novinha, porém, ele diz que hoje os tempos são outros.

Oportunidade
A Sold, empresa especializada no segmento de leilões eletrônicos, vai vender itens usados da construtora MRV. 
Os lances serão encerrados amanhã, a partir das 9h. 
Ao todo, serão quatro leilões com mais de 330 lotes. Serão vendidos armários, arquivos deslizantes, cadeiras, estações 
de trabalho, entre outros. http://www.sold.com.br /lote/lista/tag /mrvbhorder?=nr.


Nilo Moreira e Janaína Rezende optaram pela compra de mesa em loja de topa tudo

Também de olho na economia proporcionada por itens de segunda mão, o casal Nilo Moreira de Almeida e Janaína Rezende está de mudança para uma casa nova e resolveu investir em móveis usados. Foi em um topa-tudo, no Bairro Sagrada Família, na Região Leste, que eles encontraram a mesa de madeira que queriam, com o preço que desejavam. "Uma mesma mesa nova nos custaria algo em torno de R$ 1 mil. No topa-tudo, achamos por R$ 250", comentou Janaína. Nilo diz que o casal tem reduzido a despesa para que nada aperte no orçamento. "Estamos diminuindo na conta de luz e na de água. O bom dos móveis usados é a qualidade deles, pois muitos são antigos e com acabamento e materiais melhores do que estão chegando no mercado, além do mais, bem mais em conta", defende Nilo.

Segundo Pedro Henrique Sacchetto, dono do Mega Topa Tudo, na Avenida Silviano Brandão, houve na crise dois momentos para ele. "No fim de 2014 e neste início de 2015, as pessoas vinham à loja para vender seus móveis, geladeiras e televisores. Comprei muita coisa por um preço muito bom e criei um estoque grande. Agora, há dois meses, as vendas cresceram 30% e, por dia, chego a vender 10 objetos. Não tenho do que reclamar", conta. De acordo com ele, a demanda vem crescendo justamente porque muitas pessoas precisam montar suas casas e hoje não querem gastar muito. "Tenho uma geladeira que está praticamente nova e cobro R$ 580 por ela, com garantia de três meses. No mercado, essa geladeira nova está custando R$ 1,4 mil. As pessoas estão preferindo comprar na minha mão", diz.

Se tem um setor onde o mercado de usados domina é a área de imóveis. Um apartamento com cinco anos de uso pode custar até 15% menos que um semelhante novo. "A cada quatro imóveis vendidos na capital, três são usados", aponta Flávio Galizzi, vice-presidente da área de corretores da Câmara do Mercado Imóbiliário (CMI/Secovi). Para ele, a casa de segunda mão vai continuar no topo da preferência do consumidor. Os preços este ano não devem ultrapassar a inflação oficial do país, próxima a 8%, segundo previsões de analistas do mercado.

Na Internet A venda de produtos usados prolifera nos mais variados sites de compras e até trocas on-line. A Dress & Go, empresa criada em 2013, decidiu investir no aluguel de roupas de grifes. A proposta é oferecer uma forma mais barata de consumir. "O intuito era proporcionar às mulheres a possibilidade de ter acesso a um closet variado sem precisar acumular vestidos que ela usaria apenas uma ou duas vezes", diz Mariana Penazzo, sócia-fundadora da Dress & Go. Segundo ela, o negócio está driblando a recessão. "Atualmente, com a crise econômica, o poder aquisitivo da população em geral ficou menor e as pessoas descobrem novas formas de consumir", diz Penazzo.

A empresa, que aluga vestidos entre R$ 190 e R$ 900, tem grifes parceiras em Minas e espera faturar cerca de R$ 8 milhões este ano. O vestido escolhido é entregue pelos Correios, mas antes de bater o martelo na peça que vai alugar, a consumidora conta com a consultoria on-line de um estilista.


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