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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 15-05-2015 - 09:47 -   Notícia original Link para notícia
Indicadores ruins apontam recessão no 1º tri

O tombo da produção industrial e a forte desaceleração observada no comércio neste início de ano, confirmada pela queda de 0,9% das vendas divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a piora da atividade econômica ao longo do primeiro trimestre pode ter sido um pouco mais intensa do que o inicialmente previsto. Economistas ouvidos pelo Valor avaliam ainda que os dados também apontam para retração até maior do Produto Interno Bruto (PIB) entre abril e junho, de acordo com os primeiros indicadores do período.


De acordo com a média das projeções de 14 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que tenta reproduzir a variação mensal do PIB, deve ter caído 0,5% em março, após alta de 0,36% em fevereiro, sempre em relação ao mês anterior, na série dessazonalizada. As estimativas variam entre aumento de 0,1% e queda de 0,9% no passagem mensal.



Para o primeiro trimestre, os economistas estimam queda de 0,5% do IBC-Br, depois de uma retração de 0,2% nos três meses imediatamente anteriores, o que mostra que a economia está patinando já há algum tempo.


Por causa do processo de ajuste do índice, devido ao novo padrão das contas nacionais adotado pelo IBGE, o indicador calculado pelo BC, inicialmente previsto para ser divulgado esta semana, será conhecido apenas no dia 21 de maio.


André Muller, economista da Quest Investimentos, passou a estimar queda de 0,3% do IBC-Br após a divulgação do resultado para o comércio em março. Antes, Muller estimava pequeno aumento de 0,1% do índice.


Na passagem mensal, o varejo encolheu 0,9% na série restrita e 1,6% na ampliada, que também considera o desempenho de material de construção e automóveis. "Foi um resultado mais fraco do que esperávamos e mostra que a queda nas vendas ainda deve se estender por algum período", comenta Muller, já que o mercado de trabalho continua a dar sinais de piora, com redução da renda e do emprego.


Além do desempenho ruim do comércio, Leandro Padulla, economista-chefe da MCM Consultores, avalia que também a indústria e os serviços apontam para um quadro de atividade econômica bastante deprimida. Em março, a produção industrial recuou 0,8%, enquanto a receita do setor de serviços tem avançado menos do que a inflação do segmento.


Diante desses indicadores, Padulla estima queda de 0,3% do PIB no primeiro trimestre, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. "O que preocupa é que os primeiros indicadores de abril mostram que o segundo trimestre começou em ritmo igualmente fraco. A renda e a confiança jogam contra", afirma Padulla. As vendas de automóveis no mês passado, por exemplo, caíram 25% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.


Para Muller, da Quest, o PIB no primeiro trimestre deve ter caído 0,6% e pode ter retração até mais intensa no segundo trimestre. "No setor automotivo, os estoques seguem em alta apesar do forte ajuste da produção, já que as vendas também estão recuando. E isso dificulta a recuperação. Então o ponto de inflexão, em relação ao que esperávamos no início do ano, está se mostrando mais distante", diz.


Para Muller, no segundo semestre a economia pode mostrar maior estabilidade, mas ainda é difícil vislumbrar recuperação mais acentuada.


Em relatório, a consultoria Rosenberg Associados faz avaliação semelhante. Os primeiros dados relativos a abril não permitem afirmar que houve melhora da economia no segundo trimestre, e é possível que, em breve, as expectativas para o PIB de 2015 sofram nova rodada de correções, diz a consultoria.


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