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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 13-05-2015 - 09:26 -   Notícia original Link para notícia
Rede Elektra, de Ricardo Salinas, deixa o país

Por Adriana Mattos | De São Paulo Quando iniciou operações no Brasil em 2008, Ricardo Salinas previa atingir mil pontos (varejo e banco) em 2018



O empresário mexicano que, no auge da expansão no consumo no país, anunciou que faria história no varejo brasileiro - avançando pelo Nordeste e sua classe média emergente - informou a interrupção deste negócio no país. Ricardo Salinas, 59 anos, um dos homens mais ricos da América Latina, decidiu fechar a operação local da rede Elektra, de móveis e eletroeletrônicos. O Banco Azteca, que presta serviços financeiros aos consumidores, continua a operar.


A confirmação do fechamento do negócio, sete anos após a celebrada entrada - com direito a propaganda do então presidente, Lula - foi feita por meio de um curto comunicado aos investidores dias atrás. A empresa deve informar hoje, em nota, que pretende voltar a abrir lojas no Brasil num futuro próximo.


O grupo deixa um mercado que responde por 1% a 2% das vendas totais da empresa na América Latina, segundo analistas, taxa equivalente a cerca de US$ 50 milhões em receita bruta anual, e 35 lojas localizadas apenas no Estado de Pernambuco. O negócio chegou a atingir o dobro de pontos e receita anual estimada pelo mercado em US$ 200 milhões em 2010, apurou o Valor, sendo a maioria das lojas em cidades de baixa renda, com lojas simples, alugadas, com média de mil metros quadrados.


Em nota, a empresa afirma que "começou o processo de fechamento das subsidiárias no Brasil". E prossegue: "O Grupo Elektra iniciou suas operações em 2008 e durante sete anos foi parte do mercado do Nordeste, que atende a base da pirâmide com produtos que ajudaram a melhorar o bem-estar deste segmento da população".


13/05/2015 às 05h00
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Com um modelo considerado inusitado para o varejo brasileiro - vendia com parcelas nanicas de menos de R$ 10 pelo prazo que o consumidor quisesse - a empresa chegou ao Brasil com plano de abrir 2 mil pontos da rede Elektra e do banco (por meio de correspondentes bancários), sendo mil até 2018. E atingir receita de US$ 1 bilhão quando a operação estivesse madura. Não chegou nem perto disso e, segundo uma fonte, a dificuldade de reverter o quadro de número fracos pesou na decisão.


Maus resultados (a varejista não teria tido lucro anual em nenhum ano) acabaram estendendo prazo de retorno sobre investimentos da rede, e projetos anunciados acabaram não recebendo investimento esperado, apurou o Valor. O plano era ganhar escala no Nordeste e depois, partir para o mercado de São Paulo. Com baixa escala no país, a operação tinha dificuldades em competir, cenário que piorou após a desaceleração do consumo da classes C e D, principal foco de atuação da rede varejista.


Segundo uma fonte do setor, boa parte das lojas da rede eram alugadas e devem ser devolvidas aos locadores. As lojas próprias serão vendidas e já estão sendo negociadas. O último grande projeto do grupo tratava do interesse de Salinas em comprar a operação de varejo de Silvio Santos, a rede Baú da Felicidade, em 2010. Mas não houve acordo.


Ao Valor, em entrevista em 2011, questionado sobre informações já existentes na época a respeito da saída do grupo do país, Salinas disse que não tinha planos de deixar o mercado de varejo no Brasil e o projeto era de longo prazo. "Vamos adiante com grande confiança", disse, na época. Na inauguração da primeira loja, no Recife, Salinas contou com apoio de peso. O então presidente Lula disse, dias após a abertura da loja, num fórum na cidade, que só não tinha comprado nada em prestação porque, quando era operário, o Banco Azteca não existia no país.


Essa operação de serviços financeiros, que presta serviços para as lojas, não será interrompida pelo grupo, informou ontem a empresa. O banco vende produtos financeiros e opera crédito pessoal. Quando entrou no país, o plano com o Azteca era torná-lo maior do que o banco no México.


O grupo Elektra vive um período com crescimento acelerado na América Latina, em termos de vendas e lucro operacional, mas custos financeiros têm pesado nos resultados. As vendas cresceram 11% de janeiro a março, puxadas pelo resultado no varejo, mas as despesas financeiras subiram 31%.


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