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Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 13-05-2015 - 09:45 -   Notícia original Link para notícia
Analistas estimam recuo no comércio

Por Arícia Martins | De São Paulo


A trajetória negativa da renda e a confiança do consumidor em baixa prejudicaram o desempenho do comércio em março, avaliam economistas. Segundo a média de projeções de 17 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o volume de vendas do varejo restrito (não inclui automóveis e material de construção) caiu 0,3% sobre fevereiro, feitos os ajustes sazonais, depois de ter diminuído 0,1% no dado anterior.


As estimativas para a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), a ser divulgada amanhã pelo IBGE, vão de recuo de 0,8% até alta de 0,3%. Já para o varejo ampliado - que considera os segmentos de veículos e material de construção, além dos outros oito ramos pesquisados no varejo restrito - a previsão média de 15 analistas conta com retração de 0,6%.




Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria, afirma que a redução da renda disponível e a maior seletividade nas concessões de crédito seguiram moderando o comportamento das vendas em março. Para a Tendências, tanto o varejo restrito quanto o ampliado encolheram 0,5% no mês.


Nos cálculos de Baggi, a parcela excedente do orçamento das famílias após já pagas as despesas essenciais diminuiu 2% no primeiro trimestre em relação a igual período de 2014. Esse movimento, relacionado ao aumento de preços de itens como gasolina, energia e transporte público, tem afetado mais os setores de bens semiduráveis e duráveis, diz ele.


Segmentos menos dependentes do crédito e da confiança, como o de super e hipermercados, podem ter resultados um pouco mais favoráveis, pondera Baggi, mas mesmo assim não estão imunes ao cenário de desaceleração do consumo.


Segundo o ajuste sazonal da Tendências, as vendas de supermercados medidas pela associação de empresas do setor caíram 1,1% de fevereiro para março. "Nesses setores, o consumidor consegue fazer substituições sem necessariamente reduzir o volume de compras, ao contrário do que ocorre nos ramos de linha branca e material de construção, por exemplo", afirma Baggi.


Para Paulo Neves, da LCA Consultores, a retração de 0,7% esperada para o varejo restrito em março tem como principal motivo o desaquecimento do mercado de trabalho e a queda do rendimento real dos ocupados, mas os setores mais sensíveis ao crédito também devem ter continuado patinando.


Com o ciclo de aperto monetário, afirma Neves, as taxas de juros para a aquisição de bens duráveis, excluindo automóveis, também subiram, o que desestimula esse tipo de compra, assim como a confiança em nível bastante ruim.


Em abril, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) medido pela Fundação Getulio Vargas avançou 3,3% sobre março, para 85,6 pontos, mas acumulou queda de 13,8% nos primeiros três meses do ano.


Apesar da alta no último dado, Neves avalia que o indicador vai continuar piorando nos próximos meses, conforme forem sendo conhecidos números fracos sobre a economia. "Quando forem divulgados estatísticas ruins referentes ao PIB, isso deve ter impacto significativo na confiança", disse.


De acordo com analistas, os dados da PMC indicam que o consumo das famílias não deve ter ajudado a atividade no começo do ano. Se a projeção da Tendências para março for confirmada, Baggi calcula que o volume de vendas no varejo restrito terá recuado 1,3% entre o último trimestre de 2014 e o primeiro de 2015.


Nas vendas ampliadas, o tombo seria ainda maior, de 3%. "O consumo não deve ser a principal influência negativa para o PIB no período porque a indústria teve deterioração forte, mas a reversão do crescimento do consumo ficou muito evidente."


Neves, da LCA Consultores, projeta que, após o primeiro trimestre, o movimento de descompressão dos preços deve ajudar o setor, mas a melhora tende a ser muito marginal. "Não prevemos retração para o varejo este ano, mas mesmo assim é um desempenho muito fraco", comenta o economista, que trabalha com alta de 1% do comércio restrito em 2015. Este número deve ser revisto para baixo depois de divulgados os resultados de março. Para a Tendências, as vendas restritas terão recuo de 0,7% no ano.


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