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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Negócios ) - MG - Brasil - 12-05-2015 - 09:58 -   Notícia original Link para notícia
Accor avança sobre hotéis independentes

Para manter o ritmo de expansão no País, rede vai intensificar o que é conhecido no ramo por "conversão"



Rede Accor, dona das bandeiras Ibis e Mercure, quer repetir resultado de 2014/Garon Piceli / Divulgação


São Paulo - Foi dividindo o tempo entre a administração de uma farmácia e de um pequeno hotel de 19 quartos, no início da década de 70, que a família Pires abriu caminho para se tornar dona de uma das principais redes hoteleiras de Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Em 46 anos, os Pires abriram as portas de cinco empreendimentos, que, juntos, têm, hoje, quase 700 quartos.

Nas estatísticas do setor, com 9,9 mil hotéis espalhados pelo País e 485 mil apartamentos, o negócio dos Pires desaparece. Mas por trás da aparente irrelevância está uma história que ajuda a entender os movimentos da maior operadora hoteleira do País - a Accor -, em um momento em que o setor, assim como tantos outros da economia, sente os efeitos da crise.

Dona das bandeiras Ibis e Mercure, a rede francesa quer repetir neste ano o mesmo feito de 2014, quando bateu o recorde de hotéis abertos no Brasil. No ano passado, entraram em operação 29 unidades - ritmo superior ao de operações em países como China e Indonésia. Neste ano, a meta é abrir as portas de um hotel a cada 12 dias, ou seja, mais de 30 unidades. Por ser líder absoluta no mercado brasileiro, com 220 hotéis, a Accor é vista como termômetro para os outros competidores.

Para manter o ritmo de expansão, em tempos de vacas magras, a companhia vai intensificar o que é conhecido no ramo hoteleiro por "conversão". Em vez de priorizar empreendimentos desenvolvidos do zero, a rede quer colocar sua marca em hotéis que já estão operando e, em geral, pertencem a grupos familiares, como os da família Pires, de Santa Catarina, ou dos Pontes, donos de três hotéis em Pernambuco, que serão "convertidos" neste mês.

0É" uma questão de oportunidade, já que os pequenos negócios do setor estão pressionados por um aumento de custo e queda na demanda de hóspedes", diz Patrick Mendes, executivo francês que vai assumir a operação da Accor no Brasil a partir de 1º de julho. Ele tem a meta de chegar a 2020 com 500 hotéis no portfólio.

Além dos 158 que já estão em construção para abertura nos próximos três anos, a companhia tem 49 contratos assinados até agora, dos quais 21 foram firmados nos últimos seis meses. Parte desses hotéis será aberta sob a bandeira econômica Ibis Styles, lançada no ano passado no Brasil, justamente para facilitar as conversões. O novo Ibis não segue a padronização rigorosa das outras bandeiras da rede, o que facilita a adaptação dos hotéis familiares. "Isso abrevia a abertura dos empreendimentos", diz Abel Castro, diretor de desenvolvimento da Accor para as Américas. "Iniciar a operação de um hotel desenvolvido do zero pode levar de quatro a cinco anos, enquanto a conversão pode ser feita em até quatro meses."


Investimento - Para ter sucesso nessa estratégia, a rede francesa terá de garimpar boas oportunidades, diz o consultor Diogo Canteras, da Hotel Invest. Segundo ele, embora existam mais de 5 mil hotéis independentes no País, muitos estão velhos e foram mal construídos. preciso investir para imprimir neles um padrão internacional. Esse dinheiro não sai do caixa da Accor, mas de investidores, como a incorporadora Settin, de São Paulo, e a Atrio, de Joinville, que são parceiras históricas da operadora hoteleira. "Se encontrarem bons ativos, esse é o melhor momento, porque faltam hóspedes no mercado e grandes cadeias são mais eficientes na captação de clientes do que pequenos grupos independentes."

A família de Balneário Camboriú já tem dois de cinco hotéis com uma bandeira da Accor. Um terceiro deve ser convertido até o fim do ano. "Hotel é praticamente um ser vivo, não para nunca e exige uma dedicação integral dos donos", diz Joel Pires, filho do fundador e responsável pela operação hoteleira. " cada vez mais difícil seguir sozinho no mercado."

No fim do ano, ele e o irmão compraram mais dois empreendimentos em dificuldades, um em Barra Velha, a 12 km da nova fábrica da BMW, e outro em Itajaí. Esse último foi adquirido num leilão da Justiça do Trabalho. A família Pires decidiu reformá-los e operá-los por meio de franquias com a Accor.

Embora a rede francesa, junto com seus parceiros, esteja liderando a busca por empreendimentos independentes no País, esse é um movimento que aos poucos vem sendo adotado também por outros competidores. A mineira Vert, parceira no Brasil do grupo Wyndham, vai abrir seis novos hotéis neste ano e está negociando quatro novos contratos de conversão. "Os donos de hotéis, que antes relutavam em fazer parceria com grandes redes começaram a nos procurar", diz Érica Drumond, diretora da Vert. "Se a crise tem um lado bom, esse pode ser um deles."

Rede francesa terá novo presidente

Depois de 25 anos sob o comando do francês Roland de Bonadona, de 65 anos, a subsidiária brasileira do grupo Accor - maior operadora hoteleira do País - terá um novo presidente a partir do dia 1º de julho. Bonadona, que tem 42 anos de empresa, vai se aposentar e entregar o cargo para o também francês Patrick Mendes, que chegou ao Brasil em 2012, para responder pelo segmento de hotéis de luxo e iniciar o processo de sucessão. Sob a gestão de Bonadona, a subsidiária brasileira tornou-se a quarta maior operação da Accor no mundo, depois de França, Alemanha e Reino Unido. A mudança no alto escalão da rede vem acompanhada de uma reestruturação que dividiu a administração nas Américas. Com isso, Mendes vai se concentrar no Brasil e nos outros países da América do Sul, sem ter de responder pelo mercado norte-americano. Sua meta é de chegar em 2020 com 500 hotéis no portfólio brasileiro. (AE)


Ocupação do setor hoteleiro atinge níveis de 2008


São Paulo - As perspectivas para o mercado hoteleiro nos próximos dois anos não são animadoras. A ocupação dos hotéis, que atingiu o pico de quase 70% em 2011, está em queda desde o ano passado e já beira os 64% - mesmo nível de 2008.

O otimismo de quatro anos atrás somado às expectativas com a Copa do Mundo no Brasil motivaram os investidores a desenvolver novos projetos na hotelaria, que estão sendo entregues justamente neste momento de desaceleração econômica.

Segundo estimativas da consultoria Jones Lang Lasalle, existem 605 projetos em andamento que devem adicionar mais 115 mil apartamentos no mercado nos próximos anos. "Mais hotéis e menos hóspedes significa queda no preço das diárias e uma rentabilidade menor", diz o vice-presidente da consultoria, Ricardo Mader Rodrigues. " um raciocínio complexo, que deve ser visto sob dois pontos de vista diferentes: o da oferta e o da demanda."

O resultado dessa equação está aparecendo aos poucos, com o adiamento ou até o cancelamento de alguns projetos. Embora não haja levantamentos que confirmem essa tendência, o consultor Diogo Canteras, da Hotel Invest, diz que é possível identificar a retração dos investidores ao analisar o número de empreendimentos que estão sob análise da Comissão de Valores Mobiliários.

Desde o ano passado, a autarquia passou a acompanhar com lupa os chamados condo-hotéis, construídos com dinheiro de investidores pulverizados, que passam a ser remunerados periodicamente com o resultado da exploração do hotel. No início de 2014, a CVM passou a considerar esse produto um investimento coletivo e exigir que o estudo de viabilidade do empreendimento seja divulgado para o investidor. "Dos cerca de 260 condo-hotéis que estão em desenvolvimento no País, só 15 deram entrada na CVM até agora", diz Canteras. "Isso dá uma ideia da intensidade da freada que houve no setor."

Alguns mercados estão sofrendo mais do que outros, como o de Belo Horizonte, que já está saturado e deve apresentar neste ano uma taxa de ocupação próxima de 40%, segundo o estudo Placar da Hotelaria, elaborado pela Hotel Invest. Outros podem entrar em colapso nos próximos anos, como a região da Barra da Tijuca, no Rio. "Essa área, que há dois anos tinha 2,5 mil quartos, terá 7,5 mil depois da Olimpíada", diz Canteras.

O novo presidente da Accor, Patrick Mendes, admite que este será um ano mais difícil para o setor. Ainda assim, diz que vai manter os planos de investimento. "A crise é passageira. Estamos olhando para o futuro." (AE)


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