Leitura de notícia
Valor Online ( Brasil ) - SP - Brasil - 12-05-2015 - 08:38 -   Notícia original Link para notícia
Projeção do IPCA em 2016 cai pela primeira vez desde março

Por Arícia Martins e Ana Conceição | De São Paulo


O compromisso do Banco Central de trazer a inflação ao centro da meta em 2016 começou a surtir efeito sobre as expectativas do mercado, assim como a percepção de que o ciclo de aperto monetário atual será um pouco maior do que o esperado, segundo economistas. Pela primeira vez desde meados de março, o boletim Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, mostrou que a mediana de estimativas para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no próximo ano caiu: de 5,6% para 5,51%. A melhora no cenário para o ano que vem ocorreu a despeito das previsões de inflação ainda maior para 2015, que passaram de 8,26% para 8,29%.


André Muller, da Quest Investimentos, manteve em 5,6% sua estimativa para a alta do indicador oficial de inflação no ano que vem, mas afirma que a revisão trazida pelo Focus é a primeira evidência de que o discurso do BC começou a ter impacto sobre as expectativas inflacionárias. "Esse é um movimento relevante. Ao longo das próximas leituras do Focus, a tendência é que o IPCA para os anos seguintes também assuma uma trajetória de queda mais clara", diz Muller, em linha com a comunicação recente da autoridade monetária.



Na ata da última decisão do Copom, que elevou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, o colegiado preservou o trecho no qual afirma que "os avanços alcançados no combate à inflação (...) ainda não se mostram suficientes". Para o mercado, esta e outras indicações e as projeções do BC que ainda contemplam IPCA acima do centro da meta em 2016 apontam que o atual ciclo de aperto vai prosseguir, o que ajuda a prever inflação um pouco menor para o próximo ano.


Leonardo França, da Rosenberg & Associados, avalia que o IPCA acumulado em 12 meses chegará a 5% em dezembro do ano que vem. Depois da divulgação da ata, a consultoria reviu para 14% ao ano sua previsão para a taxa Selic ao fim de 2015. "O mercado achava que, com a economia tão fraca, o aperto monetário não fosse tão longe, mas agora começamos a vislumbrar que o BC realmente quer que a inflação comece a convergir ao centro [da meta] em 2016", comentou.


Além dos efeitos defasados do aumento de juros, França acrescenta que o desempenho ruim da atividade econômica também tende a moderar a alta dos preços por meio do desaquecimento do mercado de trabalho, assim como a política fiscal mais restritiva. A inflação dos preços livres, diz ele, já vai desacelerar este ano, mas este efeito será bem mais intenso em 2016.


Muller, da Quest, avalia que, desde a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação de março, ficou claro que, no cenário da autoridade monetária, a redução da Selic a 11,5% no ano que vem afastava ainda mais a possibilidade de cumprimento da meta inflacionária no período. Por isso, ele estima que o juro básico será cortado em apenas um ponto a partir do segundo semestre do próximo ano, terminando 2016 em 12,5% ao ano.



Grupo que mais acerta já vê índice a 9% este ano


Por Arícia Martins e Ana Conceição | De São Paulo


Enquanto as expectativas de inflação para o próximo ano melhoraram, após muito tempo no mesmo lugar, as previsões dos analistas com maior índice de acerto, o grupo chamado "Top 5", já prevê que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vai chegar a 9% este ano. Esta é a projeção daqueles que mais acertam no médio prazo nas projeções colhidas pelo Boletim Focus, do Banco Central. Este mesmo grupo, no entanto, reduziu em 0,4 ponto sua estimativa para o IPCA em 2016, a 6%. Já no segmento de curto prazo, a previsão para 2015 ficou praticamente estável, em 8,25%, mas o número esperado para 2016 também cedeu, de 5,69% para 5,5%.


Enquanto o mercado em geral e o grupo Top 5 de curto prazo esperam que a Selic termine 2015 em 13,50%, estimativa inalterada em relação à semana anterior, os Top 5 de médio prazo elevaram essa projeção de 13,50% para 13,75%. Para 2016, ocorreu o inverso: a mediana geral para os juros subiu de 11,50% para 11,63%, e ambos os Top 5 mantiveram a aposta em 12%.


O Focus mostrou ainda que os analistas também reduziram, pela quarta semana consecutiva, a expectativa para a atividade econômica do país neste ano. A mediana das estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) agora indica queda de 1,20%, ante recuo de 1,18% estimado na semana anterior. Para 2016, a expectativa é de crescimento de 1%. As previsões para a produção industrial não mudaram: queda de 2,50% neste ano e aumento de 1,50% em 2016. Na semana passada, o IBGE informou que a produção industrial caiu 5,9% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado.


Brasil Plural espera desaceleração da taxa para 0,55% este mês


Por Angela Bittencourt | De São Paulo


O banco Brasil Plural espera mais uma desaceleração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) em maio, para 0,55%, ante 0,71% divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira. Para a inflação em 12 meses, a instituição prevê 8,27%. Para 2015, manteve a estimativa de 8,2% e, para 2016, de variação em 5,7% para o IPCA.


Os economistas chefiados por Mario Mesquita, sócio do banco e ex-diretor de Estudos Especiais e depois diretor de Política Econômica do Banco Central, consideram a possibilidade de a projeção para o próximo ano ser revista para baixo por algumas razões: melhoria nas condições meteorológicas no ano que vem tendo consequências para a conta de luz no sistema de bandeiras tarifárias; deterioração mais acentuada do emprego e de indicadores de retorno do setor; forte apreciação do real, que o Plural vê negociado a R$ 3,2 por dólar em 2015 e a R$ 3,3 em 2016; e aumento da taxa Selic no encerramento do ciclo de aperto monetário em curso. Ao menos na sexta-feira, o cenário-base do Brasil Plural contemplava mais uma alta da Selic em 0,25 ponto pelo Copom, em junho, concluindo o ciclo em 13,50% ao ano.


Na sexta, o resultado do IPCA de abril trouxe alívio aos especialistas em preços que confirmaram a bola cantada há pelo menos dois meses - a perspectiva de que ao final de abril ou começo de maio o peso do reajuste das tarifas de energia elétrica deixaria a inflação. Algumas casas promoveram revisões nas projeções para inflação e Selic.


O IPCA desacelerando de 1,32% em março para 0,71% em abril, combinada à disposição do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter o ajuste da Selic no padrão atual - o que elevaria a taxa básica a 13,75% ao ano no encontro de 3 de junho - vem repercutindo no mercado desde sexta. As projeções para a inflação cedem, como demonstram os instrumentos usados com mais frequência pelo mercado para monitorar a evolução dos indicadores.


Na pesquisa Focus, a expectativa para o IPCA acumulado em 12 meses caiu pela terceira semana consecutiva, período em que o índice deslizou abaixo de 6%. A inflação esperada para 2015 avançou ligeiramente de 8,26% para 8,29%, mas, para 2016, a estimativa para o indicador declinou a 5,51%. O centro da meta de inflação, de 4,5%, nunca pareceu tão próximo (ver a reportagem Projeção do IPCA em 2016 cai pela primeira vez desde março).


No mercado secundário de títulos públicos, o juro das NTN-Bs com vencimentos em 2050 e 2055, cedeu, ontem, para, respectivamente, 5,99% e 6,02%, depois de um longo período sendo negociadas entre 6,10% e 6,15% ao ano. Ainda se trata de um movimento moderado e pontual, mas confirma sensibilidade do mercado à estratégia de prolongamento do aperto em curso.


Maio começa com superávit comercial


Por Lucas Marchesini | De Brasília


A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 976 milhões na primeira semana de maio, informou ontem o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). Em cinco dias úteis foram US$ 4,408 bilhões em exportações e US$ 3,432 bilhões em importações. No ano, o déficit acumulado é de US$ 4,09 bilhões.


A média diária das exportações, no entanto, caiu 10,8% no acumulado de maio deste ano ante o mês inteiro no ano passado, de US$ 988,2 milhões para US$ 881,6 milhões. Tal resultado se deve à queda na venda de itens básicos e manufaturados. Na mesma comparação, a exportação de bens manufaturados caiu 6,2%, com média diária passando de US$ 317,9 milhões em maio de 2014 para US$ 298,3 milhões na primeira semanas deste mês. O resultado foi influenciado, segundo o Mdic, pelas menores vendas de aviões, bombas e compressores, motores e geradores, óleos combustíveis, automóveis e autopeças, óxidos e hidróxidos de alumínio, e máquinas para terraplanagem.


Já a venda de produtos básicos baixou 14,2% na média diária na primeira semana de maio em relação a maio de 2014, ao passar de US$ 542,3 milhões para US$ 465,1 milhões. As principais quedas foram em farelo de soja, minério de ferro, café em grão, carne bovina e de frango, e soja.


Por outro lado, os semimanufaturados tiveram alta de 1,5% com destaque para ferro e aço, óleo de soja em bruto, cotados de cobre, ferro fundido e ferro-ligas.


As importações de semimanufaturados, por sua vez, caíram 28,1% na mesma comparação. Nesse comparativo, caíram os gastos principalmente com adubos e fertilizantes (-56,0%), veículos automóveis e partes (-35,8%), equipamentos mecânicos (-31,4%), siderúrgicos (-30,7%) e combustíveis e lubrificantes (-29,8%).


Em Londres, Levy deve reforçar agenda 'Triplo A'

Por Eduardo Campos | De Brasília


O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estará hoje e amanhã em Londres, onde volta a se encontrar com investidores para explicar a estratégia macroeconômica do país e reforçar a agenda do governo para os investimentos em infraestrutura.


Segundo antecipou o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, as apresentações e conversas da Fazenda serão similares às feitas em Nova York, onde o ministro da Fazenda esteve no fim de abril.


Em Nova York, o ministro concentrou esforços em explicar aos investidores a agenda de ajuste, que passa por redução de gastos, revisão de benefícios, como o seguro-desemprego e desoneração da folha de pagamentos, e o que ele chama de realismo tarifário.


Levy também deverá levar a mensagem da agenda "Triplo A" - citada por ele em algumas ocasiões desde a semana passada, quando a mencionou pela primeira vez, na festa de aniversário dos 15 anos do Valor. O ministro tem afirmado que essa é a agenda "além do ajuste", com foco na infraestrutura, competitividade, melhora de índices de educação e na mensuração do gasto público.


As conversas sobre infraestrutura devem enfatizar, a exemplo do que ocorreu em Nova York, os aspectos envolvendo o estímulo ao investidor em aportar recursos e nos formatos de financiamento dos projetos.


Um dos desafios do ministro da Fazenda é tornar os investimentos atraentes não só para o investidor estrangeiro, mas também para o local, em um momento em que a taxa básica de juros está em 13,25%, maior patamar desde o fim de 2008. A julgar pelos sinais emitidos pelo Banco Central, a taxa básica de juros deve permanecer elevada, uma vez que a ata do Comitê de Política Monetária do BC sinalizou que só mudará a instância de política monetária na medida em que as expectativas de inflação se mostrarem ancoradas na meta de 4,5%.


Já o pacote de concessões de infraestrutura - rodovias, ferrovias, portos e aeroportos -, que seria anunciado nesta semana, foi adiado para junho, conforme apurou o Valor .


O aviso foi dado aos ministros que participaram da reunião de coordenação política na manhã de ontem no Palácio do Planalto.


Em Londres, Levy será o palestrante de honra do evento "Personalidade do Ano na Câmara Brasileira de Comércio do Reino Unido". Serão premiados o presidente da Marfrig, Marcos Molina, e o presidente do grupo de propaganda WPP, Martin Sorrell. No ano passado havia sido a vez do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, discursar no evento.


Amanhã, Levy fará a abertura do "Brazil Capital Market Day", a Bolsa de Valores de Londres e depois tem reunião com investidores organizada pelo banco Lloyds. No período da tarde, Levy faz uma visita ao jornal "Financial Times" e depois concederá entrevista coletiva.


Para SulAmérica, "nenhum BC é insensível à atividade"


Por Flavia Lima | De São Paulo


Embora o último comunicado do Banco Central dê margem a interpretações mais duras, há quem diga que a autoridade monetária está bem perto de se dar por satisfeita na tarefa de elevar a Selic para controlar a inflação. Diante da possibilidade de juros mais altos causarem ainda mais estragos à economia, a SulAmérica Investimentos avalia que ganha força a tese de apenas mais uma alta da Selic em 2015, de 0,25 ponto, especialmente se as projeções de inflação em 2016 seguirem em queda.


"A Selic a 14% exigiria um sacrifício maior do produto e a gente acha que nenhum BC é insensível à atividade", diz Newton Rosa, economista-chefe da gestora de recursos. Rosa vê inclusive a possibilidade de uma mudança de comunicação da autoridade monetária nos próximos eventos públicos - como o seminário de metas de inflação, em 21 de maio.


Cálculos da SulAmérica indicam que a Selic em 14% ao ano conseguiria levar a inflação ao centro da meta em 2016, mesmo que a taxa de câmbio ficasse acima dos R$ 3,30 hoje previstos pelo Focus. Dados os efeitos que isso teria sobre a economia, jogando o PIB para uma depressão ainda maior que a atualmente estimada, há pouco espaço para os juros de mercado subirem mais, diz Rosa.


Sendo assim, a equipe espera que os juros futuros caiam até a reunião do Copom de junho, considerando que os dados divulgados até lá (varejo, PIB, Caged, produção industrial e IPCA-15) devem indicar ao BC a necessidade de revisar a projeção atual de queda de 0,5% para o PIB em 2015 para um recuo entre 1% e 1,5%. Para Rosa, a elevação da Selic apenas mais uma vez neste ano, para 13,5%, não vai ser suficiente para que a inflação atinja o centro da meta em 2016, mas para que chegue próximo disso. Segundo a SulAmérica, a inflação medida pelo IPCA deve encerrar 2015 em alta de 8,17%, atingindo 5% no próximo ano.


Itaú mantém previsão de cenário recessivo, mas eleva previsão de inflação


Por Tainara Machado | De São Paulo



Para Ilan Goldfajn, do Itaú, cenário é mais favorável à implementação do ajuste


As perspectivas para a economia brasileira se tornaram "marginalmente" melhores, mas o cenário segue desafiador e continua a apontar para forte recessão em 2015, com queda de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), e recuperação modesta em 2016, com alta de 0,7% do PIB, segundo o Itaú.


Em relatório assinado pelo economista-chefe Ilan Goldfajn, o Itaú avalia que os preços dos ativos começam a refletir cenário mais favorável para implementação dos ajustes macroeconômicos, mas continua a observar sinais de piora da atividade e do mercado de trabalho no curto prazo.


A economia anêmica, porém, não impediu que o banco voltasse a elevar as projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). De avanço de 8,2% há um mês, o Itaú agora estima que a inflação oficial vai encerrar o ano em 8,5%.


"As perspectivas para a economia à frente se tornaram marginalmente melhores", afirma o banco, ao observar a queda do risco-país, a taxa de câmbio menos volátil e aumento nos preços das ações. Embora esses indicadores tenham impactos positivos sobre a economia, como a redução do custo de captação no exterior, ainda não há sinais de retomada no lado real da economia. O índice de difusão de atividade calculado pelo banco, que se baseia em um conjunto amplo de dados, incluindo confiança do empresário e consumidores, terminou fevereiro em patamar semelhante ao da crise financeira de 2008 e o desemprego deve subir para 7,3% ao fim do ano, na série com ajuste sazonal do Itaú.


Ainda assim, a pressão dos preços administrados, que devem subir 14% no ano, e o aumento do ICMS no Paraná levaram o Itaú a revisar mais uma vez para cima o IPCA de 2015, agora para 8,5%. Para 2016, o banco manteve estimativa de 5,5%, ainda que o Banco Central venha enfatizando o objetivo de trazer a inflação para a meta de 4,5% em 2016. Para o Itaú, o enfraquecimento da atividade econômica deve levar a autoridade monetária a encerrar o ciclo de aperto em junho, com uma última alta de 0,25 ponto percentual, elevando a Selic para 13,5% ao ano.


"Para 2016, a persistência dos ajustes fiscal e parafiscal, a atividade ainda fraca e a queda da inflação devem abrir espaço para uma queda na taxa Selic, para 12%", afirmam os economistas do Itaú.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.