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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 11-05-2015 - 09:45 -   Notícia original Link para notícia
Perdas materiais tiram até 10% do lucro


Entre as principais causas de falta de produto na prateleira estão reposição deficiente e dados incorretos de estoque


Quando o assunto é produtividade, reduzir perdas é um tema crítico. A rede Natural da Terra atacou o problema com uma área de prevenção que reduziu o índice de 12% para pouco mais de 4% em quatro anos. Com oito lojas e dois centros de distribuição em São Paulo, faturamento de R$ 240 milhões e quinto lugar em faturamento por metro quadrado do país, posicionada como varejo premium com foco em perecíveis, a rede apostou em tecnologia para ajudar a reduzir desde perda material até índice de ruptura e desperdício de tempo dos funcionários.


Segundo o gerente de varejo e prevenção de perdas André Lucena, perda é qualquer ocorrência com impacto negativo nos resultados e indicadores da empresa - além da perda material, como avarias, erros de expedição e de recebimento, furtos e roubos, podem ser consideradas as perdas de oportunidade, como ruptura de gôndola, de fornecedor, mau atendimento; de capital, a exemplo de excesso de estoque, erro de compras e diferença de caixa; tempo com retrabalho e tarefas sem valor; e conhecimento, como perda de dados e experiência. Só o primeiro quesito, perdas materiais, segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), corresponde a 2,5% das vendas totais, mas chega a comprometer até 10% do lucro bruto. "As perdas permeiam toda a organização, desde a compra, e começa com o cadastro."


O ponto de partida, segundo ele, é a análise dos indicadores como perda de mercadorias, diferença de preço, quebra de caixa e, especialmente, inventário, de preferência com um parceiro externo. "O inventário com equipe de loja parece econômico, mas nem sempre é confiável", acredita. Ele sugere também inventários parciais e rotativos, com mais frequência nas áreas de maior divergência.


Como a tecnologia neste caso rende automatização e produtividade, um dos passos foi adotar um ERP integrado para que todas as áreas da empresa acessassem os mesmos números. "Ter receituário no sistema também é importante para diferenciar perda de custo de produção", aponta. Outra medida foi elevar a prevenção de perdas a um nível estratégico - hoje cada novo colaborador já é envolvido no tema quando chega à casa.


Uma das sugestões para implementar um plano de ação é implementar os processos de cima para baixo. "Um gerente bem instruído consegue organizar os demais níveis abaixo dele." O plano estruturado da rede ajuda a endereçar cada questão ao responsável correto - seja loja, gerente, funcionário, comercial - e tem apoio tecnológico de soluções como um sistema de business intelligence (BI) como facilitador das análises e indicadores - até recentemente, era utilizada uma solução gratuita--, check list eletrônico acessível via web por celular em qualquer lugar da empresa, inventário integrado ao sistema e monitoramento externo. "A tecnologia ajuda a estruturar e controlar os processos que vão orientar as pessoas", resume o gerente.


O controle sanitário também é terceirizado e ajudou a eliminar notificações de órgãos do setor. Outra área de atenção é a conferência, já que, segundo Lucena, boa parte da perda do varejo está na portaria de recebimento. Para envolvimento dos funcionários, além do Código de Ética foi criado recentemente um programa de recompensas para reconhecer os melhores resultados relacionados a redução de perdas. "A área de prevenção de perdas tem de trabalhar junto do RH até para ter embasamento jurídico em caso de medidas extremas", diz.


No ano passado, de acordo com Lucena, as perdas na revenda de mercadorias somaram R$ 10,3 milhões, contra os R$ 13,2 milhões registrados em 2013. Agora a rede firmou parceria com a Accera, fornecedora de soluções de gerenciamento da cadeia de suprimentos e demanda, para ter informações sobre ruptura em tempo real, com o qual espera reduzir 50% da ruptura. "Não tem custo para o varejo, é paga pela indústria", destaca. "Consigo abrir e dizer como está a ruptura, se é falta de produto por conta de estoque, não tem na loja ou outro fator."


Para a líder da prática de bens de consumo da McKinsey, Heloisa Callegaro, o foco na redução de desperdício, rupturas, perdas e quebras traz resultados significativos para o varejo. Só a redução do tempo desperdiçado por funcionários com atividades de baixo valor agregado pode agregar a diminuir custos em 10% a 15%.


Medições feitas pela consultoria indicaram que entre 40% e 50% do tempo são gastos em processos como conversas com colegas, formas ineficientes de deslocamento de estoque, má localização de produtos e estoque, volumes maiores do que o suportado pelas gôndolas forçando devolução ao depósito, falta de ferramentas e até preciosismo na arrumação das gôndolas. "Hoje já se adota até reposição noturna, mais viável em formatos grandes, porque exige maior remuneração e aparato de segurança e supervisão", indica a executiva.


Outra sugestão é a reunião diária de piso de loja e o emprego de um check list com as atividades de cada funcionário.


Outro item relevante é a ruptura de gôndola, ou a falta de produto na prateleira, nem sempre monitorada de perto. Segundo Heloisa, quando o cliente não encontra o item buscado, em 55% dos casos, a resposta é a perda da venda. O índice aumenta ainda mais na medida em que o fato se repete. "Para cada 1% de redução da ruptura, as vendas no curto prazo crescem 0,5%", contabiliza.


Entre as principais causas de ruptura, ela relaciona processos de reposição deficientes, dados incorretos de estoque, problemas de sortimento, deficiências na gestão de estoque ou negociação e deficiências logísticas. "Metade da ruptura é de produto que está na loja, mas não na gôndola", destaca. "A identificação da causa raiz de cada ruptura ajuda a reduzir o índice." Armazenamento de produtos em local diferente, capacidade insuficiente para o produto na gôndola e implementação de modular são algumas das questões a serem observadas. "Deixar um vazio na prateleira é feio, mas força o supervisor do corredor a cobri-lo", diz.


Ajustes em processamento de pedidos e exposição, ainda, podem ajudar a alcançar índices de até 30% de redução de perdas. "Níveis excessivos de perdas estão relacionados à falta de modelo de previsão apropriado ou flexibilidade para responder a diferentes volumes de demanda, à necessidade de maior exposição para boa impressão ao cliente ou a problemas de tara", observa.


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