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O Globo Online (RJ) ( Economia ) - RJ - Brasil - 08-05-2015 - 09:43 -   Notícia original Link para notícia
BC só espera que inflação volte ao centro da meta no fim de 2016

Ata da última reunião mostra que juros continuarão a subir, afirmam analistas


-BRASÍLIA E RIO- A alta do dólar e a pressão dos reajustes de tarifas levaram o Banco Central a traçar um cenário mais difícil para o combate à inflação. Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, o BC admite que a esperada convergência para o centro da meta oficial (4,5%) só deve ocorrer no fim do ano que vem. Antes, a expectativa era alcançar esse objetivo ao longo de 2016. Com a mudança no cenário, o BC deixou o caminho aberto para continuar a subir os juros, que já estão em 13,25% ao ano, o maior patamar desde 2009.


Na visão do ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, a sinalização de que a meta de inflação só será alcançada no fim de 2016 criou um compromisso adicional para a autoridade monetária, o que ele considera um equívoco. Ele defende que o BC dê indicações e não se comprometa com datas específicas.


- O Banco Central se colocou em uma camisa de força inutilmente. Acho que a ata quis deixar (a convergência) mais pontual para o fim do ano. O efeito calendário não é tão importante - criticou Freitas, que considera a comunicação da instituição seu principal problema.


DESEMPREGO E DESACELERAÇÃO DO CRÉDITO


Para o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos, a ata sugere claramente que o aperto adicional é necessário para conduzir a inflação à meta no fim de 2016. Em comunicado a clientes, ele diz que o Copom está claramente mais focado em dirigir a inflação para a meta e menos preocupado com o setor real e a dinâmica do mercado de trabalho. Por isso, Ramos espera uma alta de 0,5 ponto percentual na próxima reunião.


Segundo a ata, o Copom projeta a inflação das tarifas públicas um pouco acima do previsto anteriormente. A estimativa para este ano subiu de 10,7% para 11,8%, em decorrência de um aumento de 9,8% no preço da gasolina (projeção anterior de 9,3%). Esse é um dos pontos que podem fazer o BC manter o ritmo de alta dos juros - doses de 0,50 ponto percentual -, embora, no geral, a expectativa dos analistas continue sendo de uma elevação de 0,25 ponto na próxima reunião.


A alta dos juros - de 2,25 pontos percentuais, desde que o BC começou a elevar as taxas - tem o objetivo de combater o descontrole dos preços. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 8,13% no acumulado dos últimos 12 meses. E a expectativa do mercado financeiro é que atinja 8,26% no fim deste ano, muito distante do teto da meta oficial, ou seja, 6,5%. Para 2016, a projeção do mercado é de IPCA em 5,6%.


Um dos efeitos colaterais do aumento dos juros é a alta do desemprego. Para o Copom, esse processo já começou. A ata descreve isso ao analisar o aumento recente da taxa de desocupação apurada tanto na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua quanto pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME).


"Em suma, dados disponíveis indicam início de um processo de distensão no mercado de trabalho", conclui a cúpula do BC. Em outro trecho da ata, o Copom chama a atenção para "eventos não econômicos" que interferem no investimento. Ou seja, a falta de disposição de empresários em ampliar a produção por causa do conturbado momento político.


"Em particular, o investimento tem se retraído, influenciado, principalmente, pela ocorrência de eventos não econômicos. Entretanto, para o Comitê, depois de um período necessário de ajustes, o ritmo de atividade tende a se intensificar, na medida em que a confiança de firmas e famílias se fortaleça."


Alguns analistas ainda acham que o BC pode ter parcimônia para não aumentar tanto os juros e aprofundar de vez o recuo da atividade econômica. O mercado prevê recessão de 1,18% este ano. Para piorar esse quadro, o BC afirma na ata que já se observa desaceleração do crédito.


A ata do Copom teve reflexos nos mercados de câmbio e de ações. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) perdeu 0,32% ontem, aos 56.921 pontos. Já o dólar comercial registrou sua terceira queda consecutiva: 0,68%, a R$ 3,026, na contramão da tendência internacional - o índice "Dollar Spot", da Bloomberg, avançou 0,44%.


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