Leitura de notícia
Estado de Minas Online ( Economia ) - MG - Brasil - 07-05-2015 - 09:54 -   Notícia original Link para notícia
Freada forte nas fábricas este ano

Produção das empresas registra queda de 5,9% no primeiro trimestre e de 4,7% em 12 meses e pode pesar sobre o PIB


Brasília - A produção industrial no país segue enfraquecida em 2015: de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor sofreu retração de 5,9% no primeiro trimestre deste ano e de 4,7% nos últimos doze meses, pior resultado para os índices desde o terceiro trimestre de 2009 e janeiro de 2010, respectivamente. Dos 26 ramos analisados pela pesquisa, foram observadas taxas negativas em 23 deles entre janeiro e março - a produção de veículos automotores, reboques e carrocerias foi o segmento com maior queda, de 20,7% no período. Para os analistas, os números podem puxar o Produto Interno Bruto (PIB) do trimestre para baixo.

Segundo André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, a indústria automobilística tem grande responsabilidade sobre os resultados desanimadores da indústria. "Há algum tempo, o ramo vem passando por dificuldades: suspensão temporária de trabalho; interrupções de jornadas, turnos e pessoal. Dada a importância relativa que ele tem dentro dos bens de capital (caminhões) e consumo (automóveis), o ritmo menor não afeta não só a própria atividade, mas todo o resto", esclareceu.

Entretanto, o mau período não pode ser justificado apenas pelos números da produção de veículos. "A trajetória de declínio da indústria, que vem se somando mês a mês, agora tem uma característica bem marcada: está disseminada, e não mais restrita a uma área específica", completou.

O professor de economia Jorge Arbache, da Universidade de Brasília, não acredita que haja elementos para crer em uma retomada do ramo: "A indústria automobílistica vive um período diferente de outras épocas, quando havia benefícios fiscais para compra de carros. No momento, junto com o aumento do desemprego, queda da renda do brasileiro, faltam incentivos. Na melhor das hipóteses, as vendas do segmento ficarão estagnadas, se não caírem".

Para Arbache, não existe solução rápida e simples para o setor, já que ele está ligado a outras áreas, como serviços, tecnologia, comércio internacional e infraestrutura. "Se, há um tempo atrás, bens de consumo voltados para a classe média se safavam, isso não vai acontecer mais. Atualmente, não há demanda e a capacidade fiscal do estado é pequena. Para o setor se recuperar, é necessária uma política de médio prazo que ataque nossos principais problemas: altos custos de produção, baixa competitividade e pouca capacidade de inovar. Será difícil, mas é possível", afirmou.

Em alta Alheio ao mau momento da indústria brasileira, que acumulou perda no primeiro trimestre de 2015, o setor extrativo exibe resultados positivos em qualquer tipo de comparação. Só nos três primeiros meses deste ano, a alta na produção foi de 10,3% contra o primeiro trimestre do ano passado, segundo o IBGE.  "Tanto o minério de ferro quanto a extração de petróleo e gás atenuam as perdas nos bens intermediários", afirmou André Macedo.

A categoria de bens intermediários foi a que registrou a queda menos intensa no trimestre (-2,8%), enquanto bens de capital e bens de consumo duráveis tiveram recuos de dois dígitos.  Em março, a indústria extrativa registrou alta de 0,5% ante fevereiro e avanço de 8,9% em relação a março do ano passado. Em 12 meses, o aumento da produção chega a 7,3%.

Apesar disso, a produção de coque, derivados do petróleo e biocombustíveis continuou em queda no mês de março. O recuo foi de 1,4% em relação a fevereiro e de 9,8% ante março do ano passado. A categoria inclui as refinarias de combustíveis derivados do petróleo. "Isso está associado não só a paralisações programadas, mas também à demanda mais lenta do mercado interno", afirmou Macedo.

Fumo A maior alta na produção em março veio dos produtos de fumo, com avanço de 26,8% ante fevereiro, segundo o IBGE. Macedo ressaltou, contudo, que o setor vem de um comportamento muito negativo nos seis meses anteriores, período em que acumulou perda de 47,9%. "A queda acumulada nesse período é muito superior ao crescimento de março. Então, houve tão somente uma recomposição de patamar. Há ainda pressões negativas sobre os dois produtos dessa atividade, tanto no fumo processado quanto no cigarro", disse.

De acordo com Macedo, a valorização do dólar ante o real pode de alguma forma ter incentivado exportações de fumo processado, mas o efeito seria pequeno perto do resultado provocado pela base de comparação. Além disso, ele notou que, em relação a março de 2014, a atividade caiu 9,4%.



Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.