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Valor Online ( Empresa ) - SP - Brasil - 06-05-2015 - 10:21 -   Notícia original Link para notícia
Demanda fraca da classe C afeta resultados da Marisa


Adalberto Santos, da Marisa, afirma que os frutos dos ajustes que o comando da rede vem fazendo devem começar a aparecer nos próximos trimestres


A Lojas Marisa teve fracos resultados no início de 2015, e os ajustes promovidos pelo comando desde o ano passado não têm conseguido dar resultados suficientes para compensar o ambiente econômico difícil e competitivo. A Marisa sente o encolhimento da classe C, que se anos atrás ajudava a sustentar resultados de vendas da rede, neste ano diminuiu gastos e visitas às lojas. Analistas do BTG Pactual e Credit Suisse informaram em relatório que não veem um ponto de virada para a varejista no curto prazo.


A receita líquida da operação de varejo caiu 3,1% (a receita total diminuiu 2,2%) de janeiro a março. A rede registrou prejuízo de R$ 5,3 milhões no primeiro trimestre, revertendo lucro de R$ 13,8 milhões em igual período de 2014.


A estratégia de diminuir preços, apostando num possível aumento de volume que compensasse esta redução, não surtiu o efeito esperado neste início de ano. "A Marisa não tem sido capaz até agora de trazer as vendas 'mesmas lojas' [em operação há mais de um ano] de volta ao caminho do crescimento ou conseguido estabilizar seus negócios de varejo, a razão pela qual nós esperamos muita volatilidade no preço das ações no curto prazo", escreveu ontem em relatório Marcel Moraes, analista do Deutsche Bank. O papel fechou ontem em queda de 2,52% (o Ibovespa subiu 1,22%) a R$ 14,33.


Nos últimos meses, o trabalho de melhor gestão dos estoques e preços mais agressivos, como parte das ações de reestruturação, não conseguiu neutralizar o enfraquecimento na demanda, segundo analistas. Como são produtos que alcançaram patamar menor de preço, e portanto, com baixa remarcação, a margem bruta não foi afetada (apesar de ter ficado abaixo de algumas estimativas) e subiu 0,2 ponto, atingindo 49,4%.


Outras medidas de que vêm sendo implementadas mostram sinais positivos, mas especialistas fazem ressalvas. As despesas com vendas subiram 5,1%, logo, menos que a inflação, indício de que ações de revisão de gastos têm trazido os primeiros resultados - mas sem que isso compense alguns investimentos maiores, como no site. Por causa desse cenário, o lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) teve queda.


"Apesar da melhoria gradual da margem bruta, como resultado de um mix de produtos mais assertivo, vendas 'mesmas lojas' continuou a diminuir, afetando a margem Ebitda", escreveram em relatório Guilherme Moura Brasil e Tales Paes, analistas da Fator Corretora. O indicador de vendas "mesmas lojas" compara o desempenho de unidades em funcionamento há pelo menos 12 meses. A margem Ebitda do varejo caiu 5,2 pontos, para 1,3% e o valor do Ebitda em varejo passou de R$ 33,4 milhões no ano passado para R$ 6,3 milhões de janeiro a março deste ano, abaixo da expectativa da Fator, de R$ 35 milhões.


"Em nossa opinião, a empresa está corrigindo os problemas, mas o atual cenário econômico, com inflação alta, levanta barreiras à virada [da empresa], portanto, mantemos nossa recomendação underweight [com posição inferior à média de outros ativos]", escreveram analistas da Fator.


Em teleconferência ontem, o comando da rede informou que a eliminação de "lacunas na operação", após avanços nos ajustes, vai permitir recuperação de resultados e ganhos de mercado. A empresa enfrenta hoje um processo de revisão de custos (que envolveu cortes de pessoal), renegociação de contratos e de acordos de locação.


"A nossa preocupação é fazer ajustes de forma inteligente e científica para que elas [despesas] não voltem, para não parecer aquelas dietas que você corta e volta a engordar. Parte dos resultados devem vir nos próximos trimestres", disse Adalberto Santos, diretor de relações com investidores da Marisa. Santos afirmou ainda que se a empresa tiver que sacrificar margem bruta para "preservar qualidade dos estoques", isso será feito.


A varejista informou que pode atingir o ponto de equilíbrio da loja on-line ainda neste ano, e não em 2016, como previsto.


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