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Diário do Comércio online - BH (MG) ( Finanças ) - MG - Brasil - 01-05-2015 - 09:58 -   Notícia original Link para notícia
Setor público mantém resultado fraco


Brasília - Brasil economizou apenas R$ 19 bilhões no primeiro trimestre deste ano para pagar juros da dívida. o pior trimestre desde 2009 do chamado superávit primário do setor público, que inclui contas dos governos federal, estaduais, municipais e empresas estatais. Segundo os dados do Banco Central, em março, por exemplo, o País poupou apenas R$ 239 milhões.

Essa poupança feita pelos entes públicos não chegou nem perto de cobrir os juros da dívida. Nos três primeiros meses do ano, o Brasil deveria ter pago R$ 143,9 bilhões: um recorde. 45% maior que as despesas com juros no primeiro trimestre de 2014. Isso porque o BC gastou muito mais com o programa de irrigação de dólares no mercado financeiro. Só em março, a despesa foi de R$ 34,5 bilhões.

Como não conseguiu pagar, o País viu aumentar o déficit nominal de R$ 124,6 bilhões. Em 12 meses, o rombo das finanças públicas é de R$ 435,8 bilhões. Isso representa nada menos que 7,81% do Produto Interno Bruto (PIB). de longe o pior resultado registrado desde quando o BC passou a registrar os dados há 13 anos.

A promessa do governo é economizar 1,2% do PIB neste ano. No entanto, nos acumulado nos últimos 12 meses, o resultado é um déficit. Além de o país não ter poupado nenhum centavo para pagar juros da dívida, gastou além do que arrecadou R$ 39,2 bilhões. Isso somado aos juros recorde levaram ao maior rombo fiscal da história.

Apesar dos gastos, a relação entre a dívida pública e o PIB, principal indicador da saúde fiscal do País, caiu. Passou de 33,6% para 33,1%. Como o Brasil é credor em moeda americana (tem mais reservas do que dívida), ele ganha com a alta do dólar porque valoriza seus ativos. Em março, as reservas valorizaram-se R$ 100 bilhões, por exemplo. Analistas internacionais olham cada vez mais para a dívida bruta. Essa aumentou de 60,9% do PIB para 62,4% do PIB. O setor público deve nada menos que R$ 3,48 trilhões.


Juros - O setor público consolidado gastou R$ 69,489 bilhões com pagamento de juros em março, conforme o Banco Central. Houve um aumento em relação ao gasto de R$ 56,337 bilhões registrado em fevereiro passado. O saldo também ficou bem maior do que os R$ 16,602 bilhões vistos em março de 2014.

O governo central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) teve no mês passado um gasto com juros de R$ 62,231 bilhões. Já os governos regionais registraram despesa com esta conta de R$ 6,693 bilhões, e as empresas estatais tiveram gastos de R$ 565 milhões.

No primeiro trimestre de 2015, o pagamento de juro somou R$ 143,847 bilhões ou 10,41% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos 12 meses encerrados em março, a despesa com o serviço da dívida chegou a R$ 396,581 bilhões, ou 7,11% do PIB. (AE)


Governos estaduais impactaram os resultados do setor público


Brasília - Os governos estaduais registraram, em março, déficit de R$ 1,633 bilhão em suas contas. É o pior resultado para o mês desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 1998. O saldo negativo reduziu o impacto do superávit de R$ 487 milhões obtido pelos municípios, gerando déficit de R$ 1,146 bilhões na conta dos governos regionais.

Esse resultado, aliado ao déficit de R$ 97 milhões das estatais, excluindo Petrobras e Eletrobras, impediu que o setor público consolidado alcançasse um superávit maior em março. O resultado primário dos entes públicos e das estatais ficou positivo em R$ 239 milhões no mês passado, pior resultado para os meses de março desde 2010, quando houve déficit de R$ 158,6 milhões naquele mês.

Na avaliação do chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Tulio Maciel, o resultado fiscal de março foi "bom" em relação ao Governo Central, que engloba governo federal, BC e Previdência Social. A conta ficou superavitária em R$ 1,483 bilhão, puxada pela economia de R$ 8,049 bilhões do governo federal.

Sobre os governos estaduais, Maciel informou que o déficit recorde pode ser resultado da incidência de gastos represados em janeiro e fevereiro, por causa do início de novas gestões. Ele disse ainda que contratações de empréstimos em anos anteriores podem impactar os caixas estaduais. Para Maciel, a arrecadação de tarifas como as de energia, que foram reajustadas, pode ajudar a melhorar as contas das unidades da Federação.

O chefe do Departamento Econômico acrescentou que a expectativa é de melhora gradativa nos resultados fiscais, conforme sejam aplicadas as medidas de ajuste adotadas no início do ano. Segundo ele, a perspectiva é que o cenário fiscal "convirja para a neutralidade, alcançando o contracionismo". A equipe econômica do governo vem se esforçando para implementar um ajuste fiscal, diminuindo os gastos e aumentando a arrecadação dos cofres públicos.

O objetivo é alcançar a meta de superávit primário, que é a economia para pagar os juros da dívida, de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos em um país), recuperando a credibilidade e a confiança dos investidores.

Apesar do superávit primário em março, ocorreu déficit nominal de R$ 69,2 bilhões no mês, pior resultado para meses de março desde o início da série histórica. O resultado nominal é calculado somando o resultado primário aos gastos com juros. Em março, as despesas com os juros que incidem sobra a dívida pública foram recorde, impactando o dado nominal.

Maciel explicou que os juros recorde são resultado de uma perda de R$ 34,5 bilhões em operações de swap cambial (venda de dólares no mercado futuro). Como o dólar estava subindo em março, o impacto foi ainda maior.

Por outro lado, o movimento cambial contribuiu para a redução em 0,7 ponto percentual da dívida pública, que alcançou em março R$ 1,1847 bilhões, equivalente a 33,1% do PIB. Como o dólar já devolveu parte da alta, o BC estima que, em abril, a dívida líquida do setor público chegará a 34% do PIB. (ABr)


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