Leitura de notícia
Estadão ( Economia ) - SP - Brasil - 01-05-2015 - 02:03 -   Notícia original Link para notícia
O aumento previsível da taxa básica de juros

O ESTADO DE S.PAULO



O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou de 12,75% para 13,25% ao ano a taxa básica de juros, como previa a maioria dos especialistas. Faz o que pode para conter as expectativas inflacionárias, ainda elevadas. A alta do juro reflete o custo da política fiscal frouxa de 2014, pois, antes de derrubar a inflação, o juro inibe o consumo, a produção e o investimento.


O comunicado do Banco Central é conciso e claro: a decisão de elevar o juro foi tomada por unanimidade, "avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação" e "sem viés". Fica em aberto, assim, a hipótese de novo aumento na reunião do Copom marcada para junho. Por ora, os analistas estão divididos, pois, se a inflação medida em 12 meses continuar alta, o aprofundamento da estagnação econômica poderá ser levado em conta.


A escalada do juro básico começou há dois anos. Em abril de 2013, o juro foi elevado de 7,25% ao ano para 7,5% ao ano e voltou à casa dos dois dígitos em novembro de 2013. A taxa em vigor de 13,25% ao ano é a mais alta desde o último quadrimestre de 2008, quando alcançou 13,75% ao ano.


Ao elevar o juro básico em 1,5 ponto porcentual neste ano, numa conjuntura recessiva, o Banco Central parece nem se lembrar da época em que baixou com açodamento a taxa básica, de 12,5% ao ano para 7,25% ao ano, entre meados de 2011 e o início de 2013, numa tentativa inconsistente de estimular a economia.


As implicações da alta do juro são amplas. O crédito, cuja evolução é lenta, tende a continuar estagnado, restringindo a demanda de famílias e de empresas. Mercados de risco são afetados, notadamente ações e imóveis - neste caso, os aplicadores tendem a dar preferência à renda fixa e aos fundos DI, em detrimento dos depósitos de poupança, de onde saem os recursos para financiar a aquisição de moradias.


Juros mais altos têm impacto sobre a dívida pública e, portanto, sobre a situação fiscal que a Fazenda se empenha em fortalecer. Mas hoje essa preocupação não pode ser dominante, pois o objetivo é mudar as expectativas quanto à inflação. É para 2016, portanto, que se voltam os agentes econômicos. Mesmo o Banco Central só prevê uma inflação próxima de 5% ao ano no fim de 2016, ainda acima do centro da meta.


A decisão do Copom deve ser vista como necessária. Só depois da melhoria sustentável da situação fiscal será possível pensar num novo período de redução do juro básico.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.