Por Victória Mantoan | De São Paulo

Mesmo com a primeira quinzena mostrando desempenho melhor em relação a março, as montadoras devem terminar abril com o pior resultado de vendas de veículos para o mês desde 2007. Até a terça-feira, foram licenciados 183,1 mil unidades, conforme levantamento feito pela consultoria Oikonomia. Somado ao desempenho esperado para os últimos dois dias do mês, esse número deve subir para 208,6 mil. Ainda assim, o resultado estimado representa uma queda de 25,11% sobre o mesmo período de 2014 e um recuo de 7,69% sobre março.

Para o consultor da Oikonomia, Raphael Galante, o que explica o movimento é a baixa confiança do consumidor e redução da oferta de crédito. "O consumidor que não sabe se vai continuar empregado, ou como estará sua renda, não se endivida". Ele explica que a expectativa era de que o cenário seria outro, mas que "o crédito piorou muito na última metade do mês".

Considerando a perspectiva de mês fechado, o acumulado do ano até abril deve registrar uma queda de 18,67%, para 856 mil veículos licenciados, pior resultado para o período desde 2008, quando foram vendidos 820 mil unidades. Para o ano, a Oikonomia espera uma queda de 17% nas vendas do segmento.

A prévia também aponta para uma redução significativa da participação dos líderes no mercado. Dentre as quatro maiores montadoras instaladas no Brasil, apenas a Ford aumentou presença. A fatia do mercado da Fiat caiu de 22,33% no acumulado do ano até abril de 2014 para 19,15% neste ano. A participação da GM caiu de 17,76% para 17,04%. A Volkswagen, reduziu a participação no mercado de 17,26% para 15,97% do primeiro quadrimestre do ano passado para o mesmo período de 2015. Já Ford, subiu de 9,19% para 10,43% neste ano.

Na contramão, a fatia de mercado da Hyundai subiu de 6,68% para 7,67%. A Honda também tomou espaço e consolidou crescimento de 3,84% de participação no primeiro quadrimestre de 2014 para 5,37% este ano. Enquanto isso, a Toyota expandiu de 5,03% para 6,66% seu pedaço no bolo.

O início deste ano foi marcado por greves e revisão de estimativas da entidade que representa as montadoras instaladas no Brasil, a Anfavea. A associação revisou a estimativa de estabilidade nas vendas para o ano e espera uma queda de 13,2% nos emplacamentos.

Os trabalhadores da Chery estão em greve desde o início do mês, exigindo que a montadora pratique política salarial condizente com o mercado.