Leitura de notícia
Estado de Minas Online ( Feminino e Masculino ) - MG - Brasil - 26-04-2015 - 15:32 -   Notícia original Link para notícia
Modelagem de vanguarda

Referência de moda masculina no Brasil abre a primeira loja em Minas e fala sobre planos


Celina Aquino


Publicação: 26/04/2015 04:00





"Ou crio condições de produzir para qualquer lugar do mundo, ou os importados vão me engolir". Para um homem visionário como Ricardo Almeida, não existia outra alternativa senão expandir. Decidido a driblar a concorrência de marcas internacionais, ele via que era preciso ampliar o negócio, que até então se resumia a dois pontos de venda em São Paulo. Em seis anos, o estilista abriu mais 10 lojas. A de Belo Horizonte é a primeira deste ano, que deve se encerrar com pelo menos cinco inaugurações, sendo mais duas na capital paulista, uma em Campinas e outra em Salvador. Ricardo não estudou arquitetura, mas é ele quem faz o projeto de todas as lojas, inclusive a do BH Shopping, que na sua opinião é a mais bonita. O luxo fica por conta da sala de noivos, onde a equipe, treinada diretamente pelo estilista, oferecerá atendimento exclusivo, com a mesma atenção que ele dedica a clientes famosos. Ricardo também colocou no papel o desenho da nova fábrica, em construção ao lado da antiga, no Bom Retiro, em São Paulo, para viabilizar planos ousados: montar 30 lojas até 2017. "Se tivesse só uma loja não teria reconhecimento. Assim, posso mostrar meu trabalho no Brasil inteiro", avalia. A alfaiataria ainda é o forte de Ricardo Almeida, que também tem investido em uma linha casual, com jeans e polo, mas sempre atento à modelagem, o que ele considera a especialidade da marca.

Como você consegue crescer em uma época de crise?
Quando vem a crise, as marcas que não estão bem não estocam produto e não oferecem variedade, só querem trabalhar com básico para não correr o risco de sobrar. Penso totalmente diferente. Se tenho variedade e quantidade, o cliente vai preferir comprar comigo, e não com o vizinho. Agora estou montando a nova fábrica, de seis mil metros quadrados. A ideia é dobrar a minha produção e ter condição de abastecer todas as lojas que pretendo abrir em dois anos. A empresa está com um crescimento bom, bem acima dos padrões, e acredito que isso continue.

Por que você se destacou?
Primeiro de tudo, porque gosto do que faço. Não trabalho, eu me divirto. Faço o que mais gosto e ainda ganho dinheiro. Segundo, porque sempre me preocupei em fazer o melhor produto. Mesmo achando que a roupa está boa, quero deixá-la ainda melhor e mudo mínimas coisas. Outra questão é não envelhecer junto com a marca, como aconteceu com várias na história. Fizemos agora uma campanha com meninos, que vão ser jovens empresários, para pegar um público novo. O mais velho uma hora para de trabalhar e de sair. Gosto sempre de me reciclar e me atualizar. Saio bastante com o pessoal mais jovem, até para entender como eles pensam. É importante renovar. Não sou igual ao que era dois anos atrás, mudanças leves fazem a diferença. Sempre penso em apresentar ideia nova e interessante. Fora a pesquisa de materiais lá de fora. Importamos tudo para ter acesso ao que não chega ao Brasil. Na parte de alfaiataria, todos os tecidos são italianos. Usamos o algodão peruano pima, o melhor de todos, na malharia. As gravatas são desenvolvidas na Itália e os calçados vêm da fábrica que montei em Franca, com um sócio. Produzimos sapatos e tênis e exportamos para países como Japão, Alemanha, Tailândia, Emirados Árabes, Estados Unidos e França. Ele sempre viaja para ir a feiras lá fora.

Quem é o homem que você quer vestir?
Brinco, exagerando um pouco, que a marca veste tanto o Supla quanto o pai dele, Eduardo Suplicy, que é senador. Ou seja, desde uma pessoa clássica até uma do rock. Isso porque faço sob medida, então posso deixar a roupa mais vanguarda ou mais clássica. Mas sempre quando faço a criação penso em um homem jovem. Nosso cliente tem espírito jovem, mesmo sendo mais velho. É importante que a roupa tenha algum detalhe que faça a pessoa se sentir mais jovem, seja corte, cor ou forro (coloco tecidos diferentes por dentro). Por isso, atendo desde meninos de 15 anos até senhores com mais de 80 anos, apesar de nossa faixa maior de consumidor estar entre 35 e 45 anos.

De onde vem a sua inspiração?
Sempre me inspiro em uma pessoa elegante. Lembro do Richard Gere no filme Uma linda mulher, da elegância dele quando pede desculpas para a Julia Roberts quando a vulgarizou. É o que toda mulher espera do homem. Faço paralelo com isso na roupa.

Para você, quem é hoje o ícone da elegância?
David Beckham. Ele é um homem que se preocupa em estar bem-vestido e passa uma imagem interessante, de elegante e moderno. O homem em que me espelho é dinâmico e jovem.

O que está na moda?
O paletó misturado com jeans é muito forte. Já que o homem não está usando tanto terno, pelo menos o paletó o deixa mais alinhado. Faz as vezes da bolsa e do sapato para a mulher.

Para estar elegante, o que o homem deve vestir?
Depende para onde vai. Se chega de terno, gravata e sapato social em Copacabana para tomar água de coco, não vai estar bem-vestido. Estar elegante é saber se vestir da maneira adequada. Também acho que você tem que ter um detalhe para se diferenciar, até para não ser igual aos outros. Isso te ajuda tanto no lado comercial quando afetivo. A mulher vai te olhar quando sua roupa chamar mais atenção e você vai se tornar estrela quando chegar a uma entrevista de emprego com uma peça um pouco diferente. É importante sempre ter um ponto que leve a pessoa a reparar em você, seja o corte ou um detalhe como, por exemplo, uma gravata diferente, estreita ou com uma cor um pouco mais ousada; um lenço de bolso; lapela de paletó mais estreita; boca da calça mais justa ou um pouco mais curta; meia com cor diferente ou listrada. Só tome cuidado para não exagerar.

O que está fora de moda?
As roupas muito folgadas. O erro do brasileiro é não escolher um corte de roupa que o valorize. Ficando mais longilíneo, em consequência ele vai ficar mais elegante.

O que não pode faltar no guarda-roupa de um homem?
Uma calça de alfaiataria, um blazer, uma calça jeans, um sapato de amarrar preto, que pode ser usado em várias situações, um bom paletó para misturar com jeans e uma camisa branca para vestir tanto com calça jeans quanto com costume (terno sem colete) sem gravata.

E como anda a moda feminina da Ricardo Almeida?
Logo no começo, curtia fazer roupas ousadas e super cool para as mulheres. Mas isso me tomava muito tempo, porque tinha que ficar inventando muita coisa toda hora, e optei por ficar só com o masculino. Há dois anos, voltamos com a linha feminina e acredito que vai crescer bastante. A ideia é criar roupas para que elas possam trabalhar, ir a um almoço de negócios, ou mesmo uma apresentação para os clientes, e depois sair para um jantar, de negócios ou lazer. Estou montando a nova fábrica para investir na linha feminina, que não conseguia expandir por falta de produção. Há três anos, venho fazendo a transição da parte de criação no masculino e provavelmente vou ficar mais junto do feminino. Vou começar em 2017 a colocar em prática o plano de abrir mais 30 lojas só para as mulheres.

A loja daqui terá a linha feminina?
Em BH, a loja só será masculina. Não acho legal dividir o espaço, porque a mulher ficaria constrangida de se trocar com homens do lado, assim como o homem não se sentiria confortável em provar a roupa ao lado de mulheres. Acho que as lojas devem ser distintas.

Como você enfrenta a concorrência dos importados?
Procuro fazer um trabalho diferente. A nossa fábrica é de primeiro mundo, com maquinário todo importado, e o nosso desenho é superatual. A única preocupação é não ser mais caro que lá fora. Se você for fazer roupa sob medida fora do Brasil, vai pagar a partir de 2 mil euros ou R$ 6,5 mil. Aqui, você consegue a partir de R$ 4 mil. Ganhamos também porque fazemos uma roupa em 20 dias, entre prova, tirar medida e entrega. Em alguns casos, em até 10 dias. Isso não é uma coisa que não existe lá fora. Muitas vezes, a pessoa viaja e tem que esperar 60 dias para vestir a roupa ou o ajuste não fica do jeito que quer. Outro motivo de crescermos bastante é que as marcas importadas pagam taxa, aí o produto delas fica mais caro. Temos um preço justo, mas sempre um pouco mais barato. E boto fé na nossa modelagem.

Os clientes da loja Belo Horizonte podem fazer roupa sob medida com você?
A minha agenda é muito apertada. Se for um dia em cada loja, não vou conseguir atender os todos os meus clientes. Prefiro que marquem horário comigo aqui em São Paulo, onde tenho minha base. Depois que eu fizer o molde, ele pode comprar em qualquer lugar do Brasil. Não vai precisar mais de mim, a não ser que queira uma consultoria de tecido, cor, mas isso consigo fazer até pelo telefone.

Quais são os seus planos?
Penso em um dia ter um sócio que me ajude na parte financeira para que eu possa ir para a bolsa de valores. Não quero vender a marca para um grupo, quero fazer como a Arezzo, que vendeu 20% da empresa para alguém do mercado financeiro, com a segurança de saber quem é. Aí posso pensar em ir para o mundo inteiro. Mas está bom do jeito que está hoje. Se não crescer, não muda muita coisa para mim. O importante é fazer o que gosto. Tenho também um projeto de montar uma faculdade de moda.

Já pensou em abrir lojas em outros países?
Fui aos Estados Unidos e Europa para ver se valia a pena, mas acho que não vale. Teria que morar lá e o que tenho aqui ficaria desguarnecido. Preciso estar super presente para fazer o negócio andar, pelo menos nos próximos dois anos. Tenho muito para crescer no Brasil.


Nenhuma palavra chave encontrada.
O conteúdo acima foi reproduzido conforme o original, com informações e opiniões de responsabilidade da fonte (veículo especificado acima).
© Copyright. Interclip - Monitoramento de Notícias. Todos os direitos reservados, 2013.